Ser humano, que bicho é este?

A felicidade sempre foi e será uma das buscas primordiais do ser humano. Mas, o que é felicidade? Acredito que diferente de outros valores, estado ou bem, a felicidade seguramente não goza de um conceito consensual e uníssono entre as pessoas. Certamente se pedíssemos a dez ou mais pessoas de variadas etnias, crenças e formação técnico-educacional para conceituar a felicidade, com certeza encontraríamos muita disparidade no sentir e ideal de cada um sobre esta condição tão perseguida e almejada pelo homem.
Todavia, uma característica tão decantada e sonhada, comum a quase totalidade das pessoas, do que seja a felicidade terá como marca a materialidade. Vivemos uma época em que os bens terrenos estão acima de qualquer outro atributo próprio do ser humano, constituído que somos de um corpo físico, razão e alma. Ao se apegar e buscar insanamente toda forma de realização material e satisfação dos desejos instintivos e carnais o homem vem rebaixando a conduta e comportamento aos mais vis ou bestas-feras dos irracionais. Com uma nítida distinção: no mundo dos irracionais muitas espécies são predadoras ou abatem outras com o desígnio precípuo ou único de se alimentar e sobreviver ou promover o equilíbrio do ecossistema.
Torna-se imperativa, natural e perplexa a seguinte indagação por nós, seres pensantes: que bicho racional é este animal humano que para se tornar feliz e saciar os seus desejos é capaz de matar o outro por tão mesquinha vingança? Que mata pai ou filho para apoderar-se de sua herança? Que mata a ex-amada(o) que não lhe devota mais paixão? Que muitas vezes presencia o mal, a desgraça, a degradação moral e o convívio respeitoso dentro da própria casa e nada faz? Que se acumplicia com barbaridades de filhos no envolvimento com o vício das drogas ilícitas no seio da própria família, colocando outras pessoas de bem em risco e nada faz ? Que prefere muitas vezes proteger filhos e parentes bandidos em desgraça e danos de outras pessoas de bem a quem teria por “amor e promessa” dar proteção? – Por quê? São perguntas que não calam! E para as quais os melhores luminares de psicologia, antropologia, sociologia e direito não conseguem convencer ao mais simples e humilde dos cidadãos. Não há dúvida que vivemos um mundo extremamente centrado e voltado para as referências materialistas. Há um egoísmo exacerbado em tudo. O meu mundinho e meus asseclas, o meu time de futebol, o sexo, a minha cerveja, o meu clube de diversão, as minhas orgias alimentares e alcoólicas passaram a ser a razão de meu viver. O indivíduo passou a ser não o que ele significa em caráter, em virtudes, em generosidade. Ele passou a ser o que ele representa em dotes materiais.
A “pessoa humana” passou a ser melhor, valer de mais ou de menos pela pessoa-empresa ou jurídica que representa e todos os seus agregados materiais como uma boa casa, os melhores carros, uma vultosa conta bancária e assim por diante. Para tanto o homem vem se tornando a cada dia um canibal, lobo do próprio homem e submergindo a sociedade em que vive em uma era de trevas, decadência ética e moral, como nunca antes visto neste País e neste planeta.
E olha que perversos exemplos, recursos e códigos de malandragem, temos aos borbotões em todas as épocas, vindos inclusive de nossa metrópole-mãe. Credo em cruz, que Deus nos proteja, amém .

João Joaquim de Oliveira. (joaomedicina.ufg@gmail.com)

Que belo texto. Se desejar comente aqui ou no dihitt.