quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Prefeito leva uma merecida “mijada” do padre


Por uma dessas razões que a ganância política explica, o atual prefeito de Trindade, Ricardo Fortunato, decidiu eleger o irmão Nélio a uma vaga na Câmara dos Deputados de Goiás. Não existe ilegalidade nenhuma na proposta. Não só a lei permite como no Brasil é muito comum fazer o embrulho da família para facilitar negócios umbilicais. Ele não está sendo diferente da babel de arrogantes que, no item “familiocracia”, determinam o atraso feudal do país.
Na Capital da Fé de todos os goianos ele retém a chave do cofre. Senhor de todas as vontades pessoais, deve imaginar que pode comprar um pedaço do céu se livrando do inferno. Como leitor consciente da Bíblia, o padre Jesus Flores não concorda com a tese e aproveitou para lhe dar uma “mijada merecida”.
Fiel ao seu estilo sem rodeios, o representante da Igreja Católica exortou os fiéis de Trindade a esquecerem o bispo e se queixar ao Ministério Público. Disse ao prefeito, no ar e com todas as letras, que a posição dele na eleição fere princípios éticos, visto que se avolumam acusações dos contribuintes contra sua administração.
Denúncias estão sendo investigadas e não são fruto da atual contenda política. Desde sua posse que a palavra corrupção acompanha o prefeito Ricardo Fortunato como se fosse uma sombra de estimação. Na eleição, digamos assim de mano para mano, pesam sobre ele três acusações que o padre não abençoa.
Diversos profissionais da prefeitura garantem que foram obrigados a adesivar seus veículos com propaganda do irmão Nélio Fortunato sob coação. Ameaças incluiriam perseguição ou demissões. Funcionários garantem que existe material de propaganda estocado em repartições da prefeitura e que boa parte do material está sendo custeado pelos cofres públicos.
O prefeito nega. Ele jura que está exercendo o papel de cabo eleitoral importante nos horários vagos e que solicita votos de seus comandados na maior naturalidade. Sobre as generosas verbas para impressão de material gráfico, garante que as contas estão sendo pagas com dinheiro particular e auxílio do partido. Pode ser.
Em todo caso, pela intensidade dos que reclamam e pela constatação de que as engrenagens da máquina pública estão em seu comando, não custa ouvir o alerta do sacerdote. Não temer a justiça dos homens é até compreensível. Ela é lenta, tardia e falha contra os poderosos. Mas nem os que fazem pacto com o diabo se livram da punição de Deus.
Eu estive em Trindade e conversei com representantes de diversos segmentos. As queixas sobre péssimas condições na área de saúde, educação, saneamento, segurança, coleta/tratamento de lixo, atendimento a idosos e crianças carentes, levam à conclusão que o prefeito Ricardo Fortunato devia usar toda a energia na administração da cidade. Eleger um membro de sua família não é uma prioridade do município. É um capricho que poderá custar muito caro a um jovem que se elegeu prometendo ser diferente e se atola nos defeitos de sempre.

Rosenwal Ferreira (rosenwal@terra.com.br)

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