sábado, 25 de setembro de 2010

O protótipo de eleitor que temos!



Dizem por aí que quarenta e oito por cento da população votante não tem acesso à mídia ou não quer ter. Os demais, os que assistem à TV ou leem revistas ou periódicos, ficam divididos em relação às informações repassadas. Seriam verdadeiros os resvalos ético-morais de pessoas que participam dos órgãos oficiais do governo ou seria cisma dos grandes órgãos de imprensa para tentar provocar um segundo turno nas eleições que se aproximam? Por que fariam isso, os órgãos de imprensa, se nunca antes na história deste país estivemos tão bem? Os índices econômicos, a geração de emprego e renda, o dólar em baixa e o acesso das classes menos favorecidas aos bens de consumo divulgados à exaustão pela oficialidade governamental dizem que o país finalmente entrou nos trilhos do desenvolvimento. Dizem que o Brasil foi descoberto há oito anos.
Então, a questão é a seguinte: estamos bem, muito bem, e a imprensa, que sempre foi contra todos os governos, fica fazendo fofoca porque, apesar de todos os dados divulgados, "nada está provado". Imaginemos que os "enganos" divulgados por esta "imprensa podre" tivessem acontecido à época de Fernando Henrique ou José Sarney. Imaginemos, apenas por exercício, a convulsão gerada e pedidos de impedimentos e renúncias dos líderes gerenciais do governo, além de cassação das candidaturas de pessoas ligadas aos escândalos.
Mas, como a maioria não lê e não ouve ou não interpreta o que lê ou ouve, ou, ainda não quer ler ou ouvir, quero simplesmente fazer constar que estamos exatamente igual a um século. Naquela época, maioria era analfabeta e os que governavam faziam-no por favorecimentos e direcionamento de pequenos grupos. Isto está bem documentado nos livros históricos de Murilo Mello Filho, Eduardo Bueno (Peninha) e Leandro Narloch, entre outros.
Há uns tempos os problemas político-sociais eram creditados aos militares. O que causava constrangimento internacional eram as normas militares que ordenavam as ações no país. Atualmente, o que constrange aos que leem ou assistem à TV são os problemas divulgados na Casa Civil. Mas, nada está provado e cortarão na própria carne, segundo dizem.
Então, a gente, cidadão comum e que deixaremos o Brasil para nossos filhos, queremos além dessas bandeiras sociais deixar um butim de decência e comportamento público compatível com que a posição exige. Queremos, os cidadãos comuns, um índice de desenvolvimento humano que represente valores humanos e não somente acesso aos bens de consumo. O que nos tira o sono é maneira com que as pessoas que nos representam tratam a coisa pública, independente do partido que, fisiologicamente, ora ocupam. A gente, cidadão comum e que paga impostos, quer deixar um legado de decência. Outros, nem tão comuns assim, querem deixar um butim financeiro aos seus. É a dissonância entre os que votam conscientemente e os escolhidos, exercício de pura democracia (e lutamos por isso, cada qual a sua maneira) que tira o sono do cidadão comum. É o que vamos deixar, se o que vamos deixar está à altura dos sonhos juvenis de nossos filhos.
Em nossas praças foram instalados bancos de concreto para que as pessoas fiquem bem acomodadas, conversassem ou simplesmente, tomassem sol. Alguns, recentemente, foram literalmente quebrados, dilacerados, reduzidos a pó. Talvez, quem tenha feito essa ação violenta seja eleitor. Talvez quem tenha essa atitude vá fazer a diferença independente do partido em que vá votar.
Estou pensando que já fomos mais aguerridos em protestar.
Antes fazíamos passeatas de cem mil pessoas para tirar os militares do poder. Agora quebramos bancos de áreas de lazer e criticamos os órgãos de imprensa. Baderneiros sempre existiram, aproveitadores também, alienados idem.
Será que esse quebrador de coisas públicas é o protótipo do eleitor? Será que é isso o que nos representa?


Jorge Anunciação em ONacional.

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Um comentário:

  1. ótimo texto, parabéns. O povo tem o poder de melhorar o país, mas infelizmente, não usa ou não sabe do poder que tem.

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