quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Quando nosso corpo pede socorro



A natureza é perfeita em todos os sentidos e nem mesmo o ser humano é capaz de burlar suas rígidas leis sem que receba uma resposta contundente. Quando se planta vento, a colheita é sempre uma tempestade. Mas quando acreditamos que estamos enganando a natureza, ignorando as mensagens enviadas pelo nosso corpo, as conseqüências também são catastróficas. Durante anos, o nosso corpo é testemunha e parceiro de experiências enriquecedoras, desde o mapeamento das nossas necessidades espirituais, aos momentos de dor e de prazer. Participa das nossas lutas diárias, dos nossos conflitos, dos nossos desejos de vitória. É natural que entendamos que ele – o corpo – não vai nunca envelhecer e, menos ainda, se sentir cansado. Até que um dia ele começa a dar sinais de que pode falhar, como um carro velho.
Somos humanos, conscientes de nossas missões e certezas dos trabalhos que realizamos, capazes de avaliar todas as nossas ações que resultaram e resultarão em crescimento, novas habilidades e melhores relacionamentos. Por que é que sabendo de tudo isto, ainda maltratamos o nosso corpo? Por que precisamos chegar ao limite das nossas forças para entendermos que existem decisões que não podem ser adiadas, mesmo que isto implique em deixar para trás coisas, situações e pessoas que amamos? Não nos cabe julgar os motivos dos outros, mas é necessário entendermos os nossos. Quando falamos em limites, evocamos o final e, consequentemente, a despedida. Finais são quase sempre doloridos, mas também são momentos de colheita. É o nosso corpo que nos dá a sentença final de que estamos envelhecendo, mas que podemos aproveitar esse momento único para refletir e olhar para o futuro com o mesmo olhar generoso que nos vemos no espelho. O corpo é como um espelho revelador do nosso inconsciente, é a projeção da nossa mente. É isso! O corpo fala e muita vez dá sinais que dizem mais que nossas palavras, porque mostra o que está latente, expressa as nossas ansiedades, desejos e conquistas, grita, agita, ri e chora, sente e se emociona.
O esforço diário pode nos levar a um estado quase permanente de agitação e fadiga. E se muitos precisamos de algum estresse para nos sentirmos motivados, também precisamos de repouso. Isto é o equilíbrio que nos mantém afastados do tédio. O estresse representa uma resposta útil ao nosso organismo, faz soar uma espécie de alarme ou mecanismos de defesa quando estamos menos preparados para responder às solicitações do dia a dia. No entanto, seja em que circunstância for, um estresse intenso e prolongado tem sempre consequências negativas. Como a duração é também um elemento importante na resposta ao stress, alguns habituam-se rapidamente a uma agressão prolongada, outros não conseguem essa adaptação. É neste momento que o corpo pede socorro para não permitir que a nossa qualidade de vida seja comprometida. Psicologicamente, o estresse está ligado à ansiedade e à angústia. Se prolongado poderá levar-nos à fadiga mental e, nas pessoas mais frágeis, pode até produzir um estado de esgotamento, do qual é difícil recuperar, com perturbações do humor e o desencadeamento de um processo depressivo.
Compreender a linguagem do corpo nos permite agir de forma mais inteligente e melhorar os relacionamentos familiar, social e profissional, desde que saibamos seguir as pistas que revelam, principalmente, quem somos. Quando não entendemos ou ignoramos as mensagens que o corpo nos envia, a doença é inevitável. Todos nós precisamos de tempo para trabalhar um corpo saudável, oxigenado, energizado. Um tempo para nos afastarmos da correria da vida cotidiana e proporcionar ao corpo a oportunidade de regeneração. Férias existem para que possamos descansar e voltarmos revigorados para a rotina dos dias. Para todos nós, um bom retorno ás atividades do cotidiano.

Kleber Adorno, em DM.

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2 comentários:

  1. Oieee !
    Bom eu nao abro mão da minha caminhada na praia diariamente...apesar do exercicio, volto sempre revigorada, as idéias voltam a sua ordem normal rs ! Volto nova 1
    Nossa hoje em dia com essa correia toda, se não pensarmos no nosso corpo e na nossa mente, morreremos todos antes da hora !
    Trabalhar é preciso assim como o descanso físico e mental também !
    Beijoooos

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  2. Caríssimo, a pior imprudência é esperar que o corpo dê o sinal de que é hora de desacelaerar e dar mais atenção à dores do que aos prazeres. Recentemente precisei me afastar do trabalho porque estava à beira de um colapso. O corpo acendeu a pisca alerta, mas eu ignorei, paguei um preço alto pela minha insensatez. Hoje estou bem e aprendi uma grande lição: o corpo não é uma máquina sem prazo de validade e nem tão pouco é "inquebrável". Valeu a lição e hoje cuido bem melhor dele.
    Um grande abraço.

    Gessy

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