quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sobre pessoas explosivas



O trânsito vem se apresentando, no decorrer do tempo, em mais um dos locais utilizados pelas pessoas para descarregar a raiva originada de emoções reprimidas. Nos estádios ou fora deles, as torcidas desorganizadas buscam desesperadamente motivos para poder extravasar a fúria incompreendida e estagnada dentro desse animal dito “racional”. No ambiente familiar a manifestação da ira é mais irracional ainda. A relação familiar, que naturalmente deve ser composta de respeito, cooperação e harmonia, acaba sendo acometida de momentos de discórdia e dor. Por ser um local de amparo e amor incondicional, o seio familiar acaba, erroneamente, desempenhando o papel de “saco de pancada” para aqueles que não conseguem responder a tempo ou de forma sensata as injustiças e os desentendimentos do dia a dia.
É evidente que, no nosso caso, um público pré-educado para corresponder as expectativas do próximo e não as suas e treinado para enxergar na discordância de ideias uma manifestação maléfica, vai se alimentar de um amontoado de mazelas que certamente se transformará em “destempero emocional”.
A raiva e a intolerância estão presentes nas pessoas que não conseguem acrescentar aos diálogos o seu ponto de vista e não dão conta de responder as afrontas e desagrados sofridos, e quando conseguem, respondem de forma descompensada. Normalmente são pessoas com autoimagem negativa e baixa autoestima.
Pretendo em outro momento ampliar essa discussão e adentrar as possibilidades de melhoria da qualidade da relação familiar afetada pela autoimagem distorcida de seus integrantes. No entanto, busco aqui, especificamente, compreender um pouco mais as pessoas que não conseguem impedir que sua raiva se transforme em atitudes explosivas.
O (DSM-IV) Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais qualifica o indivíduo com fracasso em resistir a impulsos agressivos como portador do Transtorno Explosivo Intermitente (TEI). Classificado dentro dos Transtornos do Controle dos Impulsos, o (TEI) é caracterizado pela ocorrência de sérios atos agressivos ou a destruição de patrimônio.
As pessoas com Transtorno Explosivo Intermitente descrevem intensos impulsos agressivos antes de cometerem esses atos. As atitudes explosivas podem estar associadas a sintomas afetivos (irritabilidade ou raiva, aumento de energia, pensamentos acelerados) durante os impulsos e atos agressivos, e surgimento rápido de um humor deprimido e fadiga depois dos atos. Algumas pessoas podem relatar que seus episódios de agressividade são acompanhados por sintomas como formigamento, tremor, palpitações, aperto no peito, pressão na cabeça ou audição de eco. Eles podem descrever seus impulsos agressivos como extremamente perturbadores.
Para se caracterizar um indivíduo como portador do Transtorno Explosivo Intermitente o DSM-IV adota alguns critérios que asseguram o diagnóstico. Um desses critérios é o de que o grau de agressividade expressada durante os episódios tem que estar nitidamente fora de proporção com quaisquer estressores psicossociais desencadeantes. Outro é o de que os episódios agressivos não sejam mais bem explicados por outro transtorno mental, nem por efeitos fisiológicos de uma substância (p.ex., droga de abuso, medicamento) ou de uma condição médica geral (p.ex., traumatismo craniano, doença de Alzheimer).
Ainda de acordo com o DSM-IV, as pessoas acometidas pelo Transtorno Explosivo Intermitente estão sujeitas a prejuízos relevantes e às vezes irreparáveis. O transtorno pode resultar em perda do emprego, suspensão da escola, divórcio, dificuldade nos relacionamentos interpessoais ou outros prejuízos na esfera social ou ocupacional, acidentes, hospitalização, problemas financeiros, detenções ou outros problemas legais.
Os dados, ainda que escassos, informam que a incidência do (TEI) aparentemente é rara e seu início parece ocorrer da adolescência à terceira década de vida. O curso do transtorno pode ser crônico em alguns indivíduos e mais episódico em outros.
Esse tipo de transtorno é nocivo ao ser humano. O prejuízo vai da camada emocional a física, trazendo limitações no crescimento do indivíduo. O desenvolvimento da ciência nos possibilitou a disposição de medicamentos e procedimentos psicoterapeuticos que auxiliam de forma eficaz o controle e a remissão dos sintomas, bastando para isso, procurar o profissional de sua confiança.

Renner Cândido Reis é psicólogo e psicoterapeuta. (psirennerreis@ig.com.br)
Muito importante o tratamento para quem possui esse tipo de comportamento.

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3 comentários:

  1. Ola temtar emtender o ser humano
    e o mesmo que tentar entender Deus
    beijooooooooooo


    idade

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  2. Nós somos tudo, porém devemos filtrar nossa maneira comportamental, bem que as vezes não faz nenhum mal colocar para fora e explodir, mais na verdade não é bom.
    Abraços forte

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  3. Willian,acredito que tem certos momentos que não dá para aguentar e a paciência acaba e explodimos;só creio não ser saúdavel reações extremas por causa de banalidades.
    bjos

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