quarta-feira, 14 de julho de 2010

A maioria das mulheres abusadas continua confiando em seus parceiros



Um dos comportamentos que causa reações de assombro na sociedade brasileira é o abuso cometido contra as mulheres por parte de seus companheiros. É frequente a estamparia desses casos nos meios de comunicação. Mal acaba de reduzir os efeitos arrepiadores de um episódio adentra outro com particularidades dignas de mais inconformismo.
Os estudos mostram diversas formas de abusos cometidos contra as mulheres, podendo sofrer de uma ou mais formas de violência doméstica. A violência física inclui tapa, soco, pontapé, empurrão, asfixia, queimadura, mordida ou agressão com um objeto. A violência emocional inclui humilhação, intimidação, coerção, o ciúme extremo e o isolamento de familiares ou amigos. A violência sexual inclui o sexo forçado e a recusa em usar ou permitir a contracepção.
Algo além da impunidade, como o descompromisso por parte da justiça e de muitos políticos, ajuda a sustentar tamanha crueldade. As tiranias cometidas contra as mulheres são históricas e ainda somos obrigados a conviver com a permanência dessa aberração em um País que se divulga mundialmente como uma nação evoluída, democrática e justa.
A demagogia mostra o seu poder de infestação sobre aqueles engravatados, ou não, que se sentem em seu posto como se fossem o maior entre os dominantes, envoltos de sanguessugas, parasitas da mesma espécie. É vergonhosa a enxurrada de violências, abusos e extermínios prevalecentes nesse país. Uma prova real da incompetência administrativa instalada e alimentada ao longo do tempo. E que venha a inflação, essa sim, o foco único dos populistas.
Abandonando esse imbróglio de causar ânsia de vômito prefiro entrar em outra preocupação que me parece mais promissora: Porque muitas mulheres continuam em relacionamentos abusivos?
Um novo estudo publicado pela Science Daily, realizado por pesquisadores em Toronto, Canadá e Nova York, U.S.A., concluiu que mais da metade das mulheres dentro de relacionamentos abusivos continua enxergando seus parceiros como confiáveis. Patrícia O'Campo, uma epidemiologista social e diretora do Centro de Investigação em Saúde Inner City em St. Michael's Hospital, em Toronto e o Dr. O'Campo, co-autor do estudo com pesquisadores da Universidade Adelphi em Garden City, New York, buscaram avaliar os sentimentos positivos de mulheres maltratadas em relação a seus agressores. Os investigadores exploraram as experiências de mulheres americanas de baixa renda em 611 habitações urbanas.
Foi verificado que muitas mulheres que vivem com a violência psicológica crônica ainda enxergam algumas características positivas em seus agressores, tais como confiabilidade e carinho. Essa seria uma explicação parcial para a permanência dessas mulheres nesses relacionamentos.
O estudo nos fornece dados comprovando que o abuso psicológico foi significativamente mais prevalente que o abuso físico e sexual. Em outro sentido ele revela que apenas 2,3% das mulheres pesquisadas consideraram seus parceiros como extremamente controladores e 1,2% relataram que seus parceiros com comportamentos extremos eram violentos. Um número alarmante apresentado pela pesquisa mostra que mais da metade (54%) das mulheres que sentiam seus parceiros masculinos como abusivos ainda os via possuidores de boas qualidades e altamente confiáveis e (21%) os consideraram carinhosos.
Para se ter idéia, somente nos Estados Unidos, anualmente, 1,9 milhões mulheres são agredidas fisicamente. Para O'Campo, é preciso de mais exploração sobre o tema. "Este é apenas um passo que aumenta potencialmente a nossa compreensão de como encontrar outras maneiras de melhorar a segurança das mulheres", conclui.

Renner Cândido Reis. psirennerreis@ig.com.br

Muito interessante esses dados. Comente sobre eles, se desejar.

2 comentários:

  1. Esse é um mal mundial infelizmente.
    Abraços forte

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  2. É um texto que abre muito leque de debates. O que eu posso dizer é que ainda são incompreensíveis as razões pelas quais a maioria delas preferem parceiros de condutas duvidosas a aqueles que oferecem de verdade uma tranquilidade e segurança enormes (em outras palavras, os bonzinhos).

    Eu vejo em muitos sites de relacionamentos as características mais selecionadas por elas: homens inteligentes, de boa descontração, bonitos, altos, sarados.

    E, acreditem, são exigências vindas de mulheres a partir dos 40 anos em sua maioria.

    Os quesitos inteligência e descontração são, sem dúvida, fundamentais, mas a necessidade de serem bonitos, altos e sarados já fazem delas pessoas inseguras e escolhem demais.

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