terça-feira, 27 de julho de 2010

Eu mato e depois me mato



Há algum tempo, após escrever sobre drogas e o desespero de uma mãe em Porto Alegre, que foi levada a matar a tiros o filho viciado que a agredia e lhe extorquia dinheiro para comprar drogas. Em razão disso recebi um telefonema de uma mãe desesperada. Ela não quis se identificar, mas fez um desabafo preocupante. Disse-me que não sabia mais o que fazer com seu filho, que furtava as coisas de casa, que lhe batia exigindo dinheiro para sustentar o seu vício, ela não tem a quem apelar. Já havia gasto seus recursos em internações, tudo em vão. A única saída que lhe restava era matá-lo e depois se matar.
Ouvi o desabafo dessa mãe, conversamos, depois ela desligou e não tive mais notícias. Fui procurado por outra mãe que gostaria de internar seu filho em alguma clínica, mas não tinha recursos. Falou de sua saga, da luta sem esperança, dos dias intermináveis, das noites indormidas, do seu inferno. Lamentou que o governo não tem local para essas internações, o que facilitaria esse mal que liquida a família e expõe a sociedade a um perigo constante.
Ela tem toda a razão, as pessoas não se conscientizam de que a maioria dos crimes está ligada à droga. E que um de nós pode ser a próxima vítima, vítima de um assassinato, de roubo ou de sequestro. Mas a sociedade como um todo e os governantes são insensíveis a esse problema. Só tomam providências depois de a porta arrombada, nada fazem para prevenir, aguardam a tragédia.
A imprensa noticiou que em Caxias do Sul, a Secretaria Municipal da Saúde mantém uma casa para atender os usuários de drogas, que passam o dia no ambulatório, fazendo tratamento; mas que no outro dia não retornam. Então o governo municipal resolveu criar um serviço ambulatorial mais avançado, o Centro de Atenção Psícossocial Reviver, que permanece aberto 24 horas, inclusive no fim de semana, iniciativa inédita no Estado. O atendimento é para quem busca ajuda na rede pública e ali permanece enquanto durar o tratamento. É a preocupação e a sensibilidade demonstrada pelas autoridades, pois Caxias tem 4 mil pessoas (homens e mulheres) dependentes químicos.
Enquanto isso, em Passo Fundo, o que é feito para esses deserdados da sorte, que encontram na droga a razão de morrer e matar? Temos a Maanaim, criada em 1999, no porão da Igreja Baptista do Pastor Buzzato, que se dedica à cura de usuários dependentes em álcool, maconha, crack, cocaína e todos esses tipos de drogas. Tem capacidade para abrigar 50 pacientes, atua com dificuldades e necessita da ajuda de diversas pessoas. O local fica em uma pequena propriedade no município de Água Santa, o tratamento leva nove meses e cerca de 1.400 pessoas já passaram pela instituição.
Agora, um grupo de pessoas, entre elas Ricardo Lângaro, Tânia Benincá, Denise Zaffari e Silvia Benincá, liderado por Paulo Rigon, ousaram desenvolver um audacioso projeto, no prédio da antiga Defrec, cujas instalações pertencem à UPF e foram cedidas à Maanaim para a construção de uma clínica de tratamento ambulatorial de recuperação de dependentes químicos. O presidente da Maanaim, Mário Vieira, informa que os contatos com entidades governamentais não têm dado certo e as verbas necessárias para a conclusão da obra não foram liberadas. Resta a mobilização da sociedade, não bastam apenas campanhas publicitárias, mas atos concretos, pessoas e entidades engajadas nesse projeto, e sim a conscientização da sociedade para os perigos das drogas, que não atingem só o usuário ou sua família, mas a todos que estão expostos a um ato alucinado desses dependentes. O que devemos fazer? Unir pessoas, autoridades e entidades, Acisa, Sinduscon, CDL, entre outras, e promover uma cruzada, criar uma comissão para buscar recursos, contatar com políticos, imprensa, pois esse mal atinge a todos nós, quer ativos e passivos.
Apresento-me como voluntário para essa cruzada. Não podemos nos omitir, outras cidades que tem até menos problemas com drogas estão nos dando exemplos. Vamos à luta, que cada uma faça a sua parte. Evite que uma mãe mate o filho e se mate, ou que um dependente mate uma pessoa de bem e produtiva.


Jabs Paim Bandeira em o nacional.

Olhem o desespero dessa mãe com seu filho. Será comum isso nas cidades em todo país?

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Um comentário:

  1. Nossa, queria tanto que minhas sobrinhas lessem essa matéria, elas estão entrando na onda de que droga não faz mal, e estão levantando a bandeira da liberação das drogas. Não acredito que faça uso, mas estão sem noção da dor e sofrimento que elas podem trazer.
    Matéria louvável, está na hora de pararmos de falar e começarmos a agir.
    Um grande abraço

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