quinta-feira, 15 de julho de 2010

Coisas simples que a maioria dos políticos não fazem



A pesquisa política é uma das atividades mais emocionantes e envolventes, porque permite ao pesquisador adentrar no universo desconhecido do eleitor. Através de métodos e técnicas adequadas é possível conhecer o que motivou o voto, o que mantém a intenção de voto e ainda o mais interessante, compreender a cada nova entrevista o motivo que leva eleitores a desistir do candidato. Fatores de desgastes que conduzem o eleitor ao caminho quase sempre sem volta: a falta de esperança, muitas vezes no candidato que ele admirava e depositava toda a sua esperança e possibilidade de transformação política de seu município, Estado ou até mesmo do País.
Com o advento dos meios de comunicação de massa e, na atualidade de forma mais acentuada, com o surgimento das novas mídias, políticos do Brasil a fora cada vez mais estão usando processos qualitativos para compreender elementos que influenciam na decisão, manutenção e mudança de voto do eleitorado.
As campanhas eleitorais estão cada vez mais competitivas, do início ao final do pleito, de manobra a manobra uma nova estratégia para captar votos, certamente por esses motivos as campanhas políticas, principalmente as majoritárias estão com seus custos elevados a números quase impronunciáveis, tamanha é a quantidade de zeros após o primeiro número.
Embora as campanhas políticas caminhem com o passar dos anos a um patamar de profissionalização e dinamismo sem precedentes na história é inegável que coisas simples são ignoradas pela maioria absoluta dos políticos, quando nos prestamos à nobre tarefa de entrevistar pessoas para construir um relatório de pesquisa, ou seja, colher depoimentos, histórias e vivências de pessoas que decidem as eleições não é raro ouvir frases como “esse político depois da eleição nunca mais veio aqui”, “ele passa na rua e nem fala com a gente”, “nunca mais veio em minha casa, não gosta de pobre”, “político quando ganha a eleição esquece de quem votou nele” ou ainda “já que não faz nada pelo menos lembra que a gente existe”.
Depoimentos repletos de frases de desabafo ilustram relatórios de pesquisas no Brasil a fora, e o que os políticos estão esperando para melhorar? Será que não percebem que investindo em coisas simples, como visitar um eleitor fora do período eleitoral significa menos gasto com ações para captar votos no período eleitoral propriamente dito?
Apesar do mundo cada vez ser mais virtual e as relações humanas cada vez mais coisificadas, ainda existe uma parcela significativa, aquela que decide as eleições ainda apostam na interação face a face, no contato humano, no prestar atenção, de lembrar-se do aniversário ou do nome.
Essa parcela que decide as eleições não quer políticos fabricados por uma equipe multiprofissional, que fica “bonito” para receber o voto e que depois das eleições rompem todos os vínculos criados no período das eleições e só voltam a aparecer no período do pleito como se nada tivesse acontecido, e muitos desses ficariam surpresos ao saber que os eleitores, mesmo dos municípios mais distantes, possuem uma memória política muito sensível que guarda principalmente as coisas simples, a falta de atenção, o não retribuir de um cumprimento, esquecimento do nome, o não visitar, e sem dúvida o aparecimento de pleito em pleito.


Jorge Lima. (rpjorgelima@gmail.com) (Twitter-@jorgeclima)

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Um comentário:

  1. Oiiii
    ótimo post, alias estamos precisando de idéias e pensamentos para melhor a cada dia nossos governantes e tb ter mais recursos para podermos votar com mais segurança e talvez, se for possível, com mais precisão! Esses “ investimentos em coisas simples”, tem vontade? Acredito que muitos já sabem da importância, mais falta caráter e vontade de melhorar e possivelmente descobrir os problemas de nossa população!
    Uma pena...
    bjinhus

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