domingo, 20 de junho de 2010

Traição, uma cegueira espiritual



A traição é certamente uma questão de vontade e oportunidade, movida pelas paixões desta vida passageira: dinheiro, poder e os desejos da carne. Geralmente as grandes discórdias acontecem por causa dessas três flechas, que cegam, ou melhor, que devoram a honra e a moral do homem. Sabemos que esse ato está intrinsecamente aliado à ingratidão, injustiça, soberba, orgulho, inveja, vaidade e à falta de amor ao próximo. Por causa da cegueira espiritual, alguns irmãos, infelizmente, conduzem uma vida inteira permeada de mentiras e deslealdades em seus relacionamentos fraternos.
Em muitos casos, esse mal se concretiza por brechas dadas ao maligno, que usando de várias situações, é capaz de transformar o caráter dessas pessoas e fazer de sua vida um verdadeiro inferno. Devido a esse parasita, presenciamos amigos, parentes e cônjuges que viviam prazerosamente, no passado, tornando-se verdadeiros inimigos – mesmo com frutos, os filhos maravilhosos. Essa atitude maléfica é capaz de dilacerar almas, destruir muralhas protetoras e causar ações desastrosas, ficando marcada e sempre lembrada como a grande derrota que assolou a história dos que a vivenciaram – mesmo que o fato tenha ocorrido em curto espaço de tempo.
Quem nunca se sentiu traído? Muitos se iram e se revoltam contra os que regem a vida por essa desolação, mas se esquecem da justiça divina. O tempo é o maior aliado: podem se passar anos, que Deus sempre a faz cumprir. Se o caminho for a vingança, desencadearemos males e nutriremos sentimentos ruins que afetarão principalmente a nossa própria vida. “Fazei aos homens tudo o que quereis que eles vos façam, pois é nisto que consistem a lei e os profetas” (Mt 7:12). Deixar o Altíssimo agir é acreditar na piedade do Pai para com esses filhos, que, através da cegueira, agem pensando apenas em si e pecam por pensamentos, palavras, atos e omissões, maquinando diariamente o mal. O Todo-Poderoso nesses casos é – e precisa ser – misericordioso para com eles, porque não sabem o que fazem, e, mesmo achando que sabem muitíssimo, nada sabem.
Uma das atitudes mais difíceis ao ser humano é perdoar, principalmente aos que, com uma atitude miserável, usam de má-fé. Perdoar e não olhar para trás é uma atitude nobre, honrosa e grandiosa. Precisamos esquecer os pecados do próximo. Lembremos que não existe ninguém que seja ruim e que não possa se tornar bom, e devido ao pecado, ninguém bom que não possa se tornar ruim. Respondendo a Pedro sobre quantas vezes ele deveria perdoar a seu irmão, Jesus enfatizou: “Não digo que setenta vezes, mas setenta vezes sete” (Mt 18:22). Infelizmente, poucos têm espírito elevado para liberar o perdão. Perdoar não significa pararmos de lutar por nossos interesses, mas, efetivamente, saber como alcançá-los sem cometer o grave erro do outro.
Não justifiquemos as faltas nem inventemos explicações mirabolantes para as nossas falhas com o próximo. Se errarmos, peçamos perdão e procuremos não cometer novos deslizes. Se o próximo pecou contra nós, perdoemo-lo, e, se porventura ele persistir e “recusar a ouvir também a igreja, considere-o como um pagão” (Mt 18:15). Senhor disse: “Este povo se aproxima de mim e com sua boca e com seus lábios me honra, mas o seu coração está longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens” (Is 29:13). Busquemos ser justos em todas as nossas ações, mesmo quando, aparentemente, isso parece impossível.
Para nos distanciarmos da traição, malfeito movido pelo espírito devorador, que vem para matar, roubar e destruir a vida dos que o permitem, é preciso amar o próximo, amar incondicionalmente. Apoiados no amor ao nosso Deus Vivo, peçamos ao Altíssimo asas de ouro em nossos pés para voarmos alto, no intuito de sermos libertos de qualquer mágoa ou ressentimento, e oremos por aqueles que querem embaraçar não apenas a sua vida, mas também a nossa, todos os dias. Não seremos melhores nem engrandecidos pelo Pai, buscando e vangloriando a queda dos nossos irmãos.



Rachell Rabelo

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