sábado, 12 de junho de 2010

Paixão, amor ou conveniência?







Para comemorar o Dia dos Namorados vale a pena reler duas obras básicas de Charles Bukowski: Crônica de um amor louco e O amor é um cão dos diabos. O escritor, ébrio, voraz e fugidio retrata os bastidores de uma sociedade, o outro lado da moeda quando o tema é a paixão. Paixão que comemoramos em um dia especifico, em que todos viramos namorados! Mas há o que comemorar?
Atualmente cerca de 64% das mulheres casadas, na faixa etária dos 50 anos, jamais tiveram um orgasmo. O uso rotineiro de antidepressivos, como a fluoxetina, usada como inibidor de apetite, reduz a libido feminina até 40%. A cultura da estética e seus exageros retiram da mulher o contato com sua própria realidade física, à não aceitação de sua natureza e, com isso, aumenta a dificuldade do contato físico derivada da não aceitação da mulher ao seu próprio corpo. Por fim, nossa mulher moderna adota o pior lado masculino: a competição fálica, visível nas próteses de silicone. “Só posso ser gostosa de for a mais peituda do pedaço”, dizem.
O homem, por sua vez, sofre, em 53% dos casos, ou de ejaculação precoce ou de impotência, e perto de 42% dos casados preferem a masturbação solitária à satisfação de sua parceira. Jovens aderem fácil e desnecessariamente aos substitutivos de tesão, bioquímica aplicada de estimulantes visando uma melhor perfomance sexual, comprometendo o futuro de sua sexualidade. E continuam com sua regrinha, crentes de que tamanho é documento.
Toda a nossa afetividade perpassa por uma fase complicada em um contexto histórico e cultural. Nossa vida é de plástico, a felicidade é bioquímica cerebral, sinapses e neurotransmissores, e nossa vida é materialista – a busca desenfreada pela vivência de estereótipos sem consciência retira do espírito sua livre expressão. A coisificação do ser humano, que hoje tenta ser programável, projeta este anseio em sua vida afetiva, que vem à falência e traz à tona o patético retrato de uma sociedade que em verbo é sexualizada, mas que na hora da cama deixa muito a desejar. Toma-lhe chifre pra tentar compensar! (Vou aprofundar este artigo em meu website)
E um dos piores fatores que incineram nossos lares, as uniões estáveis, são os casamentos por conveniência. A prostituição velada na busca de um bem-estar com a crença fatídica de que “um dia aprendo a amar”, ou a pior: “Amor e convívio: você se acostuma sem gostar”. Toma-lhe técnicas de condicionamento operante, programação neurolinguística, tentando modelar o imodelável: a afetividade. Este resumo é um fragmento de um amplo problema social que é a falta de tesão em todos os aspectos da vida. Tesão em trabalhar, estudar, ter uma religião, fomentar uma carreira, ouvir música. Falta à maior parte das pessoas entrega e intensidade.
Tentamos curar de forma controlada e superficial feridas mais intensas ligadas a nossa afetividade. Devemos resgatar a essência do que é o tesão, que deve ser traduzido na intensidade da vida, na quebra da apatia, hoje regra social. Pobre casal, que muito comemora uma data, como o Dia dos Namorados e, durante o resto do ano... Frieza. Se quiser dar um presente intenso ao seu amor, faça a vida dele mais feliz.



Jorge de Lima

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