terça-feira, 29 de junho de 2010

O triunfo tem preço sempre muito alto



Para ser alguém na vida não é fácil, a começar pela dura constatação de que viver, por si só, é uma empreitada de difícil manejo. A gente já sai do útero da mamãe com a responsabilidade de lutar para não morrer: somos retirados do calorzinho de dentro dela para a frieza de ter de buscar até o ar. E tome palmadas, porque senão nem respira. Daí para frente, apanhar vai ser a constante. Ninguém escapa. Em vista disso, a sova é a mais certa igualdade entre as pessoas de que eu tenho notícia, em que pesem aqueles escolhidos para apanharem mais.
Depois das primeiras etapas da existência, quando tudo parece resolvido, surge a concorrência e põe o mundo de todo mundo desigual. É um “salve-se quem puder” despido de qualquer compaixãozinha, por menor que seja. E isso não é de agora não, vem de sempre: apenas o modo de se operar é que pode ser diferente. Tem maldade de todos os tons e sabores.
Ao ver o Dunga, técnico da Seleção, à beira do gramado, com a língua para fora, sofrendo no lugar de 200 milhões de brasileiros, fico comiserado. No melhor e no pior da minha consciência vejo que ali está um homem totalmente dedicado ao acerto. Se há erro no que ele faz, e claro que há, porque errar é humano, não é com a conivência dele; mas pouquíssimos somos os que pensam assim, principalmente a turma da imprensa especializada (seus piores críticos são os cronistas que nunca chutaram uma bola).
O Dunga vem pagando altíssimo preço exatamente porque na sua história pessoal ele é o Zangado, da historinha da Branca de Neve e os Sete Anões e não o Dunga que, na adaptação para o filme, resolveram não lhe dar voz, não por ele ser mudo, mas pelo motivo dele nunca ter aprendido a falar: as meras coincidências no nome e nas ações não devem inspirar os desatinos que o técnico da nossa Seleção vem sofrendo.
Quer saber? Eu só queria ver essa galerinha que “entende” de futebol, no lugar do Dunga, lá no meio dos leões e dos elefantes... Vamos deixar o homem tentar trazer o caneco, gente!

Iram Saraiva.

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Um comentário:

  1. Esse é o problema o salve-se quem puder, falta ao ser humano mais calor, união.
    Abraços forte

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