quarta-feira, 9 de junho de 2010

Deseducação e permissividade







Dia desses, ao tomar o ônibus no centro, deparei-me com um grupo de estudantes que voltava para casa.
Eram cinco adolescentes, de aparência entre 14 e 17 anos, quatro meninas e um garoto. Conversavam alto, davam risadas, faziam grande algazarra.
A camiseta dos jovens permitia perceber que estudavam em um desses conhecidos e caros colégios particulares.
As mulheres eram as mais agitadas e bagunceiras. Porém, o que mais chamava as atenções era o palavreado desses estudantes. A gíria dava a tônica da conversa.
Uma das meninas, com os beiços esticados, voz arrastada, quase gutural, e com ar de bêbada ou drogada, dizia: “Sei, lá, véio, naquela festa tinha gente pá carai”.
Enquanto isso, outra menina, branca, gordinha, de bochechas rosadas, enfiava um dos dedos na bunda da colega que estava em pé, como ela, e dava risadas ante a resistência da amiga.
Quando o ônibus chegou ao Terminal, uma delas gritou: “Desgraça, véio, o buzu (ônibus) tá saindo, carai!”
A cena é reveladora do nível de educação (?) a que chegou grande parte dos adolescentes de hoje.
Em nome de “valores” como “a libertação da mulher”, a “independência financeira” ou simplesmente por pensar na “carreira profissional” mães saem para trabalhar, e, durante todo o dia e a semana inteira, deixam os filhos sob os cuidados de babás ou em creches.
Há aquelas mães, que, de olhar fixo na ilusão de “um futuro melhor”, largam marido e filhos pequenos e vão viver de aventura em países da Europa. Na condição de clandestinas, entregam pizzas, jornais, lavam pratos ou vivem de outra atividade refugada por nativos de países ricos. Muitas vezes atiram-se de corpo e alma à prostituição.
Na melhor das hipóteses, deixam os filhos com as avós, como se essa fosse a sua missão.
Quando retornam da jornada diária de trabalho ou da viagem, após meses ou anos, os filhos entram em contato com uma verdadeira estranha. O alheamento chega ao ponto de filho perguntar à suposta mãe: “Quem é você?”
Nesse momento, há de avaliar o custo desse abandono de filhos pequenos e projetar, com o mínimo de bom senso, as prováveis futuras consequências dessa insanidade.
Para piorar esse quadro sinistro, há os efeitos do lado podre da internet e dos programas de televisão.
Tradicionalmente a família era tida como o núcleo primeiro e mais importante da convivência social. Pais e mães transmitiam aos filhos as noções, os valores mínimos de um relacionamento civilizado. A escola, responsável por transmitir a instrução e criar um roteiro para a prática do auto-aprendizado, contribuía com a educação, como extensão do núcleo de convivência.
Hoje, por ignorância e má-vontade, pais e mães empurram seus pequenos bárbaros para os professores “educarem”. Muitas vezes em uma escola pública que mal se põe de pé e onde falta tudo: de material escolar ao estímulo aos próprios professores.
É nesse contexto que viceja o projeto nº 2654/03 de autoria da deputada Maria do Rosário (PT/RS) que tramita no Congresso Nacional.
A norma proíbe qualquer tipo de correção aos filhos, até mesmo a mais inocente palmada.
Trata-se de mais uma vistosa peça do pernicioso conjunto de “leis boazinhas”, aquelas que propõem a permissividade e, no final, são um grande estímulo à impunidade.
É nesse baú de insensatez que está o também permissivo Estatuto da Criança e do Adolescente, o tal ECA. A essência dessa norma é tratar delinquentes juvenis como figuras santas.
O projeto da deputada petista é demagógico, permissivo, irreal. Além disso, é autoritário porque tira do pai ou responsável o poder de educar, corrigir o filho faltoso, atribuindo ao Estado a tarefa de punir esse mesmo pai se ousar corrigir o filho com rigor.
Não significa propor a tortura ou o espancamento aos filhos que erram, mas simplesmente reconhecer o poder familiar que os pais tem de corrigir e educar seus filhos, princípio universal, pacífico e presente em praticamente todas as culturas do planeta, desde que o mundo é mundo.
É consenso entre os educadores que o caminho mais curto para produzir filhos bárbaros (e futuros bandidos) é não corrigi-los. É permitir-lhes que façam tudo, é dar-lhes tudo o que pedem. Enfim, é não dotar-lhes do necessário limite.
Certamente o tempo mostrará o resultado prático de leis demagógicas, hipócritas e fora da realidade como o projeto da deputada do PT gaúcho.


Antônio Lisboa.

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6 comentários:

  1. Olá William!!!
    Finalmente uma linha de raciocínio que vem de encontro com os meus questionamentos sobre tal lei! Tenho lido verdadeiros absurdos em prol dessa lei, onde se fala tanto em diálogo e esquecem que apenas ele não basta para educar os filhos!Já pensam em torturas bárbaras, cativeiros, espancamentos...como se nós pais que se preocupam com a boa educação estivéssemos interessados em ver nossos filhos com hematomas, com machucados e fraturas! Acho que está havendo verdadeiras inversões de valores e essa sua bela matéria prova que não estou "viajando na maionese"!
    Enfim, vou continuar seguindo a minha intuição e coração de mãe e continuar acreditando que faço o melhor pelos meus filhos para que eles não se tornem adolescentes como esses citados! A minha filha de 15 anos levou palmadas apenas 3 vezes! E sempre foi educada e correta. Hoje ela é exemplo de conduta e educação na escola que estuda. Tenho muito orgulho por ver o que ela se tornou e não me arrependo dessas 3 palmadas!
    Grande beijo querido e parabéns, parabéns MESMO por esse maravilhoso post!
    Jackie

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  2. Willian

    Adorei seu texto
    Voce conseguiu nos mostrar a quantas anda a educação de nossos filhos.
    Não tão distantes outras leis foram promulgadas a fim de "desvalorizar" o ensino brasileiro.
    Certamente muitas não apresentarão resultados mais àquelas que facilitam a vida dos "estudantes" serão valorizadas, hoje nos deparamos com crianças transpondo um ano letivo apenas por não apresentar faltas e sua avaliação é deixada de lado.
    Infelizmente neste país a educação é tida como um comércio e não como valores para um aprendizado necessário para um futuro.
    Hoje o Estatuto da Criança e do Adolescente define bem o nome que carrega "ECA" não serve de nada, a criminalidade infantil aumentou 230% nos últimos anos e ninguem atenta para isto.
    No afã da chamada "liberdade" os adolescentes criam sua própria linguagem, alguns pais acham bonito, outros reprimem, mas afinal quem está certo, se tentarmos corrigir iremos responder criminalmente por isto.
    Confesso que me dá saudades de meus tempos de criança quando com um simples "olhar" ou mesmo uma pequena "palavra" meus pais conseguiram me mostrar o caminho.
    No final todos nós sabemos que o melhor é retornar ao passado e reestabelecer valores já esquecidos, quem sabe o país poderá ser reeducado e o futuro possa nos mostrar frutos verdadeiros e não podres.
    Parabens

    Um forte abraço
    Mad

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  3. Olá William,infelizmente esta é a realidade de nosso Brasil,e os governantes parecem contribuir mais ainda.Os jovens tem a seu favor leis absurdas,um pai não pode dar um bom tapa em seu filho(não digo que isto seja um modo de educar,mas as vezes bem que merecem) no entanto este mesmo jovem,que muitas vezes são considerado crianças tiram vidas,matam,roubam,estupram,e aí eles podem não é mesmo?Afinal pra isto existem leis.Aqui em meu estado tem um reporter policial que quando da uma noticia desse gênero diz assim,crianças ne? não pode bater por que são crianças,ele tiraram vidas,mais são crianças,então leva eles pra tua casa,pra ficar perto de tua filha de tua família,aí quero vêr o que você vai fazer.E acho que é por aí mesmo.Da vergonha quando passo em meio a um grupo de meninas e escuto os absurdos que saem de suas bocas,parecem dizer coisas tão naturais.É um nojo ,mas fazer o que,os pais não podem fazer nada não é mesmo?Bjus.

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  4. Tambem concordo com o texto em totalidade, pois os jovens de hoje, nao estão sendo educados, simplesmente são criados para o mundo, ate mesmo em momentos que deviam primeiro conviver em familia.E esse tipo de lei,um absurdo, afinal, quantos estao agredindo os proprios pais, professores, e ainda assim a lei abre margem para mais, realmente a intenção de ter uma sociedade barbara e evidente.

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  5. Parabéns pela reflexão. Infelizmente é a dura realidade, mas acho que ainda podemos ter esperança enquanto pessoas como nós formos conscientes do dano que pode fazer a permissividade.
    Sinceramente, acredito que nos cabe lutar contra isso e alertar todos aqueles que nos rodeiam da importância de ter valores. E com os blogs essa mensagem pode chegar a mais gente!

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  6. Todo esse palavreado e comportamento de doidivanas são só sinais desse tempo destemperado,Sir William...Talvez seja só o começo do fim,como dizia o Marcelo Nova.Já sobre a "nobre" Deputada e sua "vontade",de 300 projetos de lei que tramitam no Congresso,salvam-se 4 ou 5 realmente boas e merecedoras de algum respeito;o resto são "devaneios" como essa "lei" aí...

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