quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mente, sexo e amor nas relações de casal



De conformidade com a Psicanálise, que vê na atividade sexual a procura incessante de prazer, concordamos em que uns, na própria sublimação, demandam o prazer da Criação, identificando-se com a Origem Divina do Universo, enquanto que outros se fixam no encalço do prazer desenfreado e egoístico da auto-adoração. Os primeiros mostram o amor que liberta. Os segundos aspiram ser amados a qualquer preço, mostrando assim, alguém enfermo... Enfermidade esta, que deverá ser “olhada e resolvida” pela própria pessoa... Pois, na maioria das vezes, esta carência se relaciona com conflitos em suas famílias de origem, ou seja, os pais. Muitas vezes psicóticos, adotam uma condição de vítima para assim, manterem-se presos nos relacionamentos... Desta forma, a aparente vítima, está na verdade dominando o relacionamento.
O sexo, a mente e o amor caminham juntos... o sexo garante a continuidade das espécies em processo evolucionário, porém, é apenas um aspecto das várias formas de manifestação do amor, amor em sua real qualificação é como o sol a irradiar-se através de todas as potencias da alma... o sexo é uma delas!
Por vezes, somos privados de apresentá-lo através das energias criadoras das formas físicas, mas, nem por isso, contudo, somos impedidos de externar tão sublime sentimento, o amor!
A energia sexual, inerente à própria vida em si, gera campos magnéticos peculiares a cada qual, campos estes, também responsáveis pela atração entre os seres, fará com que escolhamos de forma inconsciente nossos parceiros, tendo como base o equilibrio ou conflitos que trazemos... Quando é possível viver uma boa relação de casal, ambos conseguem obter êxito em seus projetos, o contrário também se torna verdadeiro...
Quando somente um dos parceiros resolve seus conflitos, é bem provável que esta relação chegue ao fim... Mesmo que por amor ou companheirismo, manter uma relação de dependência, em nada ajudará a pessoa que se comporta como vítima... Muitas vezes, somente vendo-se só, a pessoa consegue encontrar a si mesma, decobrir seus conflitos, tomar sua força para seguir em frente...
A mente, sede dos pensamentos é parte do espelho da vida. Em sua evolução, ergue-se da Terra para a consciência, como o diamante bruto, que sai do ventre do solo, avançando para a transcendência da luz... Nos seres primitivos, aparece como instinto e nas almas humanas, como inteligência... Ela se apresenta ainda, de modos não cerebrais, por exemplo: As células têm sua própria inteligência, os músculos guardam memórias emocionais, os ossos falam dos passados remotos...
As idéias e impressões que habitam nosso mundo interior geram energias que influenciam o funcionamento de todo nosso corpo e, mesmo que inconscientes, não projetadas na tela consciente – exerce forte influência sobre nós e estabelecem misteriosa relação com o mundo psicológico das outras pessoas...
Esta é também, outra grande força que promove as escolhas dos parceiros...
Em uma relação íntima, como casais, amantes fixos ou esporádicos, estas energias, sexuais e mentais, se associam formando um grande campo único, que se manifesta e fortalece decisões inconscientes... Deste modo, percebemos que relações de conflitos gerarão conflitos em todos os setores da vida! Bem como, relações mais sublimes gerarão progresso material e espiritual de ambos...
A mente face aos desafios que a vida lhe apresenta no decorrer dos milênios, torna-se luz! E o sexo nos desafios da sublimação, torna-se amor! E no ápice da evolução, ambos se fundem... É possível vivenciar essa transcendência mesmo no corpo físico, “sede amorosa de nossa Alma”, em momentos de sexualidade mais sublime! Talvez, este seja o caminho, a busca da verdadeira felicidade tão almejada por tantos que, saindo de uma relação, busca por outra pessoa... No entanto, só será possível, se ambos olharem na direção de si mesmos... Buscando o equilíbrio interno... A força e poder pessoais inerentes a todos nós!
Resolvendo as questões íntimas que trazemos escolheremos melhores relacionamentos e teremos prosperidade em todos os setores de nossa vida!

Marta Franco.

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A paz que vem de dentro



Encontrar espaço em meio ao entusiasmo de uma Copa do Mundo e de festas juninas é um grande desafio quando se necessita de recolhimento e introspecção para ler as mensagens interiores. Ainda assim, entre arraiais, fogos de artifício, bombinhas, buzinaços e vuvuzelas, os mergulhos interiores acontecem e nos fazem perceber a poeira cósmica que somos. Para penetrar o silêncio na imensidão do espaço nós encontramos um ponto que parece nos colocar no centro do universo, bem no nosso âmago. Nenhum som, nenhuma sensação descritível, apenas uma experiência individual com outra lógica, que derruba todos os limites da nossa compreensão. A única coisa certa é que essa experiência não se realiza de forma concreta, passa-se na mente e é na mente que se processam as coisas do espírito.
Assim como precisamos do silêncio interior para ter o contato com a luz que vem de dentro, precisamos compreender que se a palavra é de prata, o silêncio é de ouro, quando se trata da tagarelice a respeito das nossas experiências internas. O silêncio é o nosso espião. Ele nos sonda, mas também nos protege das contradições humanas. Ser senhor do próprio destino, com certeza, implica em uma consciência desperta e disciplinada e, sobretudo, na prática de uma relação de verdade consigo mesmo. Há que se exercitar essa intimidade sem medo, percorrendo caminhos espinhosos e cheios de obstáculos, sem perder de vista que nossos inimigos são os nossos defeitos e as pessoas que nos fazem obstáculos são apenas espelhos que nos fazem ver a nós mesmos.
O sol ilumina tudo e a todos de maneira instantânea, mas a nossa percepção dele pode variar de acordo com a situação que vivemos ou o uso que fazemos dele: pode nos aquecer do frio, pode nos incomodar fazendo-nos suar, pode queimar a nossa pele, mas não negamos que na luz está grande parte da essência da vida. Estas constatações evidenciam a pequenez do homem diante da grandeza do seu Ser, coberto ainda por camadas de ignorância, vaidade, egoísmo. Somos sempre neófitos galgando degraus na infinita espiral da alma. Cada degrau alcançado é o resultado de muita disciplina, da marcação do ritmo respiratório e da adaptação da nossa consciência ao insólito. Intuitivamente sabemos que nossas experiências internas nos despertam para a compreensão de uma realidade maior, que transcende a consciência comum e as nossas atribulações na lufa-lufa dos dias.
O homem nasce e morre. A vida, no entanto, acontece nesse intervalo, e o modelo tradicional – crescer, comer, beber, dormir, estudar, trabalhar, casar, ter filhos, criar filhos, aposentar – não promete nenhuma felicidade e embaça a nossa visão do fim. O que pode diferenciar as nossas vidas são as nossas percepções, a harmonia entre os ritmos do consciente e do inconsciente. O homem luta por sua superioridade no reino animal e entre os outros homens, mas a luta mais acirrada é consigo mesmo. Há uma aura de mistério nos envolvendo, sentimentos, sensações, percepções, que se instalam em nossa profundeza e não sabemos como lidar com elas. É nos recolhendo que podemos intuir sobre o significado dessas experiências em nossas vidas. Isto sim é ser mestre de si mesmo. Aprender a percorrer a solidão e o silêncio. É evidente que este estado de comunhão com a fonte de energia renovadora não se conquista com isolamento. O silêncio que não constrói é como o delírio de um doente mental.
Não nascemos para viver isolados e, por isso, quando nos unimos a outras pessoas procuramos sempre por nossos pontos em comum, e as associações acontecem pela ideologia, afetividade, trabalho, política, religiosidade. Conhecer-se significa não ter medo das próprias sombras; é navegar pelas mais profundas águas e encontrar-se no silêncio, sem gritos ou letras garrafais; só simplicidade e liberdade de espírito. Uma alma ordenada sabe que nem sempre será possível recolher-se a um local específico e consegue, mesmo nas tormentas da vida diária, o seu lugar de paz profunda.

Kleber Adorno.

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terça-feira, 29 de junho de 2010

O mundo que você é, sem ter medo do mundo em que vive



Não haverá em tempo algum uma maneira de destituí-lo de sua personalidade, assumindo a de quem quer que seja. Isso não é novidade, e todos bem sabemos; entretanto, diante de diversas propostas de padronização de comportamentos, de tantas definições rígidas de manuais que estabelecem diagnósticos e de promessas que saem quentinhas em forma de comprimidos, nos é licito criticar, duvidar, bem como determinar que assumamos o controle de nossas vidas, não acreditando tanto assim ou de forma alguma que qualquer outra pessoa, seja lá quem for, conhecerá o que é o melhor para sua vida.
Ninguém tem essa capacidade, nem tampouco o direito, por maiores que sejam seus títulos; aliás, todo “nanico” revela-se e sente-se alguma coisa apenas por essas condições as quais conquista, porém, perde-se em meio às farsas que estabelece, nunca tendo deixado de ser minúsculo em sua história existencial.
Uma das regras desse novo manual que garante governabilidade e sustentabilidade à nova ordem mundial, principalmente das finanças das indústrias psicofarmacoquímicas, é a submissão confortável a qual muitas pessoas, anulam-se diante desse mundo, hoje provido de tantos recursos, entretanto, de tão pouco conhecimento em relação os processos que a mente estabelece nos recônditos de seu amplo domínio sobre todo o corpo e sobre a existência, fazendo um número cada vez maior de reféns aprisionados em seus cárceres privados, local esse onde há uma dor cuja intensidade pode-se dizer que é a maior que existe.
Posso falar do que já vivi, deliberadamente, sem nenhum receio. Afinal, minhas agruras possibilitaram-me mergulhar no oceano de minha psique, levando-me a estruturar recursos que fizessem conhecer o funcionamento de todos os processos de minha mente e estabelecendo formas de lidar com minhas dores que, por muitas vezes, sob a condição do medo, faziam anular-me perante a infinita possibilidade que tinha de ser o melhor para mim mesmo.
Foi imprescindível compreender que esperamos demais para assumirmos nosso compromisso com nós mesmos e que, “muitas vezes, demoramos muito nos bastidores, quando a vida tem um papel para desempenharmos no palco.”
Recorre-me sempre as conversas que, por horas a fio, tinha com Augusto Cury. Quando o conheci, me assustei com aquele homem que descrevia o funcionamento da mente dentro de uma perspectiva muito nova. Entretanto, com o decorrer de vários meses de intensa convivência no interior de São Paulo, estando juntos por mais de três vezes por semana, passei a contemplar o caos existencial como uma grande oportunidade em refazer-me frente às minhas dificuldades, tornando-me, então, um caminhante pelos territórios de minhas fragilidades e um náufrago incansável que, em meio aos oceanos revoltos da psique, acreditava ser possível alcançar a praia lançando sobre a areia o corpo cansado, entretanto, que regozijava e chamava por vida, pronto para fazer de cada desafio uma nova busca e uma nova maneira de tornar-me mais eu e menos quem quer que seja. Isso foi há 13 anos, Augusto Cury tinha uma obra publicada: Análise da inteligência multifocal, teoria que coloca o homem acima da cientificidade acadêmica, estimulando a produção de ideias e a formação de pessoas que se posicionem como autoras de suas histórias, reconhecendo a importância quanto a explorar suas mentes, gerando, assim, a capacidade de se tornarem agentes modificadores de suas histórias. Por isso, defina o mundo que você é sem ter medo do mundo em que vive.
Deixo aberto o convite aos que desejam conhecer o programa de prevenção à depressão, sendo esse um trabalho sem fins lucrativos, sem apoio governamental, de políticos ou qualquer vínculo religioso, cuja finalidade consiste em promover a prevenção à depressão por meio da construção do autoconhecimento sobre sua vida e das potencialidades que o cercam.

Marcus Antonio Britto de Fleury Junior.

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Uso de meios digitais na educação pode melhorar aprendizagem


A inclusão de recursos digitais em salas de aula ajuda a aumentar a comunicação entre estudantes e professores. Projetos desenvolvidos por meio de blogs e aulas interativas incentivam a maior participação dos alunos nas atividades escolares e proporcionam benefícios na aprendizagem. “Os alunos praticamente já nascem sabendo usar computadores e nada mais natural e importante do que os professores passarem a usar os recursos digitais para melhorar o aproveitamento da disciplina”, afirma a professora Lina Maria Braga Mendes.

Blogs e sites ajudam a aumentar a comunicação entre professores e alunos

O pouco uso de meios digitais na educação foi um dos motivos que fizeram com que Lina iniciasse sua pesquisa de mestrado na Faculdade de Educação (FE) da USP, Experiências de fronteira: os meios digitais em sala de aula, sob orientação daprofessora Mary Julia Martins Dietzsch. “A utilização de mídias digitais poderia começar a partir do primeiro ano do ensino fundamental. Desde muito cedo as crianças têm contato com computadores em casa”, ressalta a pesquisadora.
Suas experiências começaram por meio da implementação de blogs em projetos desenvolvidos com turmas de ensino fundamental de um colégio particular de São Paulo. “Há vários tipos de trabalho que o professor pode desenvolver com blogs. Podemos criar um blog de disciplina, em que o professor e alguns alunos teriam acesso à edição, há também o blog do professor, no qual só ele entra para publicar textos interessantes relacionados ao assunto da aula, além de manter contato com o aluno fora da sala, e ainda o blog de aluno, em que os estudantes publicam os trabalhos que realizam e o professor entra com comentários”, explica Lina.
Entre os principais benefícios dos meios digitais nas escolas estão o aumento do diálogo entre professores e alunos e a ampliação do espaço da sala de aula, já que o contato passa a ser também fora do horário escolar. Além disso, os recursos disponíveis nos computadores e na internet fazem com que os estudantes tenham mais prazer em assistir às aulas e interajam de modo mais efetivo.
“Quando saímos da sala de aula, que muitas vezes conta apenas com o giz e a lousa, e vamos para o computador já temos inicialmente o recurso da imagem e do movimento. É possível usar vídeo, áudio, fotografia e outros recursos para mostrar mais detalhes e curiosidades sobre o assunto estudado. Isso faz com que os alunos prestem mais atenção nas aulas e saiam do espaço imaginário, intangível, representado por um mapa de um livro, e adentrem o espaço real, visível no Google Earth, por exemplo”, explica a pesquisadora.
Barreira da linguagem
Apesar de os alunos terem crescido em frente aos computadores, Lina afirma que muitos têm dificuldades com a linguagem do mundo digital. “A experiência que tivemos com a leitura de adaptações literárias para a internet, por exemplo, foi um pouco complicada, pois os alunos – apesar de passarem horas a fio todos os dias na rede – não conhecem a linguagem do meio em que navegam e alguns acabaram não compreendendo sequer o enredo da obra”, diz.
Um ponto positivo do uso de meios digitais nas salas de aulas é mostrar aos estudantes as diferenças existentes em cada uma das linguagens que utilizamos. Segundo a pesquisadora, “a linguagem de um livro impresso é diferente daquela usada em um vídeo, por exemplo. Do mesmo modo, não podemos confundir o que é feito para o meio digital com o que se destina à publicação em papel. Muitas pessoas afirmam categoricamente que a linguagem de internet, com suas abreviações e símbolos, atrapalha a escrita, mas é preciso perceber que ela é apenas uma outra linguagem, destinada, portanto, a outras situações de uso que não as que acontecem na sala de aula. O aluno deve entender isso e utilizá-la apenas naquele meio.”
Dificuldades para professores
A iniciativa de usar blogs e outros recursos dos meios digitais na educação também tem seus entraves. Um deles é a dificuldade que o professor tem tanto em sua atualização quanto na disponibilidade de tempo. “Muitos professores ainda têm dificuldades em usar recursos básicos do computador, como Word e o Power Point. São recursos que poderiam ajudá-lo a criar uma aula diferente e a trazer novas informações”, garante Lina.
Tendo como pressuposto que todo o professor tem acesso a um computador, a pesquisadora salienta que outro problema para a implementação de aulas que utilizam os recursos digitais é a falta de remuneração para desenvolver projetos como esses. “Por mais que o professor queira levar meios digitais para as salas de aula, ele esbarra no problema do tempo gasto fora do horário escolar. A manutenção de um blog, por exemplo, demanda tempo de pesquisa, produção e criação de atividades, e não há incentivo financeiro ou um horário remunerado para essa prática”, explica.
Para a pesquisadora, mesmo sendo difícil a utilização dos meios digitais na educação é necessário que os professores fiquem atentos a esses novos recursos e aos benefícios que trazem ao aprendizado dos alunos. “O professor que dá aulas do mesmo jeito que teve aulas quando criança ou adolescente comete o erro grave de esquecer que é de outra geração”, alerta.

Agência USP de notícias.

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Transporte ferroviário no Brasil: queda e ascenção



Quando se viaja a outros países, como os da Europa, aos Estados Unidos, ao Canadá e mesmo Argentina, impressiona a importância do transporte ferroviário, tanto de carga quanto de passageiros. Não se compreende como um país continental como Brasil negligenciou investimentos no transporte ferroviário. Isso representa uma perda de competitividade do Brasil diante das demais nações. É absolutamente irracional ver caminhões saindo de nossa região levando trigo ao moinho em Fortaleza, Ceará. Ou o transporte da soja do Mato Grosso até o porto de Paranaguá (mais de 4 mil quilômetros).
Dentro da América Latina, o Brasil já teve liderança no transporte ferroviário. No século 19, grandes investimentos foram realizados por ingleses em ferrovias no Brasil, de norte a sul. A participação dos ingleses foi tão expressiva, que ele criaram vários times de futebol nas cidades em que trabalharam, Ferroviário ou Ferroviária. No Rio Grande do Sul, os clubes são o Riograndense, a exemplo de Passo Fundo.
Os recursos financeiros para a construção das ferrovias no Brasil eram advindos, basicamente, da exportação de café, cujo produto sustentou as exportações brasileiras até 1950. Em muitas construções de ferrovias, não foi usado o critério econômico de que a reta é a menor distância entre dois pontos. Muitas são extremamente sinuosas, por isso, lentas, pois as companhias construtoras recebiam por quilômetro construído. Já naquela época a fiscalização de obras públicas era deficiente.
Na década de 1950, o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira iniciou a implantação das indústrias automotivas no Brasil, inclusive a indústria de pneus. A Fábrica Nacional de Motores - FNM, dos primeiros caminhões, foi instalada no seu Estado natal, Minas Gerais. A partir dessa época, as ferrovias brasileiras foram esquecidas e os investimentos públicos foram priorizados para o transporte rodoviário. No final da década, começam as campanhas nacionalistas, defendendo a estatização das vias férias.
O resultado dessa política foi o sucateamento da rede ferroviária brasileira, com participação cada vez menor no nosso transporte. O clímax da queda do transporte ferroviário, no Brasil.
Em 1996, foi feita a privatização da rede, tendo como objetivo aumentar a participação do transporte ferroviário, considerando a incapacidade de investimentos federais. Foram privatizadas as linhas férreas e também os trens. Em várias regiões, as empresas privadas que adquiriram a rede fizeram investimentos. Mas, atendem apenas seus interesses, especialmente, no transporte de minérios. De maneira geral, em vez dos desejados investimentos privados no setor, na maioria das regiões, a rede ferroviária encolheu.
Mas, a partir do ano 2009, observa-se uma retomada, envolvendo governos municipais, estaduais e federais e a iniciativa privada. O destaque para nós é a construção da Ferrosul, que pode ligar o porto de Rio Grande ao porto de Belém do Pará ou de Itaqui, em São Luis do Maranhão. Teríamos assim, uma verdadeira ferrovia norte-sul. Lateralmente, essa linha férrea-mestre estaria ligando as mais diferentes regiões brasileiras. Inclusive uma extensão, ligando o Oceano Atlântico ao Pacífico, no Sul via Brasil-Paraguai-Argentina-Chile e no Centro-Norte na via Brasil-Bolívia-Peru.
Contudo, estamos em ano de eleições. Corremos o perigo de que tudo isso seja abandonado a partir de 2011, pois poderá ser eleito um Congresso comprometido com o lobby rodoviário em detrimento do ferroviário.

Elmar Luiz Floss.

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O triunfo tem preço sempre muito alto



Para ser alguém na vida não é fácil, a começar pela dura constatação de que viver, por si só, é uma empreitada de difícil manejo. A gente já sai do útero da mamãe com a responsabilidade de lutar para não morrer: somos retirados do calorzinho de dentro dela para a frieza de ter de buscar até o ar. E tome palmadas, porque senão nem respira. Daí para frente, apanhar vai ser a constante. Ninguém escapa. Em vista disso, a sova é a mais certa igualdade entre as pessoas de que eu tenho notícia, em que pesem aqueles escolhidos para apanharem mais.
Depois das primeiras etapas da existência, quando tudo parece resolvido, surge a concorrência e põe o mundo de todo mundo desigual. É um “salve-se quem puder” despido de qualquer compaixãozinha, por menor que seja. E isso não é de agora não, vem de sempre: apenas o modo de se operar é que pode ser diferente. Tem maldade de todos os tons e sabores.
Ao ver o Dunga, técnico da Seleção, à beira do gramado, com a língua para fora, sofrendo no lugar de 200 milhões de brasileiros, fico comiserado. No melhor e no pior da minha consciência vejo que ali está um homem totalmente dedicado ao acerto. Se há erro no que ele faz, e claro que há, porque errar é humano, não é com a conivência dele; mas pouquíssimos somos os que pensam assim, principalmente a turma da imprensa especializada (seus piores críticos são os cronistas que nunca chutaram uma bola).
O Dunga vem pagando altíssimo preço exatamente porque na sua história pessoal ele é o Zangado, da historinha da Branca de Neve e os Sete Anões e não o Dunga que, na adaptação para o filme, resolveram não lhe dar voz, não por ele ser mudo, mas pelo motivo dele nunca ter aprendido a falar: as meras coincidências no nome e nas ações não devem inspirar os desatinos que o técnico da nossa Seleção vem sofrendo.
Quer saber? Eu só queria ver essa galerinha que “entende” de futebol, no lugar do Dunga, lá no meio dos leões e dos elefantes... Vamos deixar o homem tentar trazer o caneco, gente!

Iram Saraiva.

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segunda-feira, 28 de junho de 2010

Espírito deprimido seca os ossos



Diz-nos Paulo, o apóstolo, que “a tristeza, segundo Deus, opera arrependimento para a salvação, o qual não traz pesar, mas a tristeza do mundo gera a morte”. O que é operar arrependimento para a salvação? É cumprir os compromissos assumidos com a própria consciência, colocando os valores espirituais como prioritários. A palavra arrepender significa mudar de atitude, voltar atrás. Operar arrependimento é transformar-se. Não ser nem fazer o que outrora já fomos ou fizemos de errado. Quando nos propomos a arrepender, exigimos de nós mesmos escolhas mais maduras, conscientes. Voltamos sobre os próprios passos reconstituindo o destino. A corrigenda dos desatinos pode gerar tristeza, mas faz parte de nossas mais sublimes conquistas.
Já a tristeza do mundo é o desapontamento. Por não conseguirmos o dinheiro para os excessos. A droga para a sustentação do vício, a oportunidade para vingarmos o mal que nos fizeram. Esse tipo de tristeza é que nos leva à estagnação ou à morte. Há tristeza que advém da aquisição de custo fácil e nem por isso benéfico. Vemos o triste aliciamento por interesses mesquinhos que a nada conduzem. Aliciamento que nos enclausura em ilusórias conquistas. Amordaça-nos através de grilhões dourados.
No Apocalipse (3:38), se lê que o homem deve enriquecer adquirindo o ouro provado no fogo. Interpretamos esta afirmação aceitando como lícita a fortuna conquistada com trabalho árduo, de vitória sobre si mesmo. Usufruir bem estar permanentemente, sob a jurisdição do Pai Celestial. Como verificar se estamos sob esta salvaguarda? A consciência nos dirá quando, em atitude respeitosa, servirmos a Deus sobre todas as coisas, alegremente.
Um provérbio popular nos lembra que um coração alegre é um bom remédio, mas um espírito deprimido seca os ossos.
Partindo do pior para o melhor, observemos a beleza brotar através do sacrifício laboral, como acontece com a porcelana. Hoje peça rara, saiu da cerâmica. Foi trabalhada pelo fogo para finalmente se revelar uma peça admirada e bela.
A madeira que hoje se transformou em obra de arte, é disputada a altos valores. Ela deve à forja do artista a forma que causa admiração. A natureza é rica e sábia em suas lições.
O mármore que escondia o anjo, ou a bailarina foi subjugado ao malho do artífice. O diamante que admiramos pela preciosidade do brilho, foi extraído do carvão insignificante. O ouro que ornamenta através de jóias preciosas, foi retirado do cascalho impuro.
Nós homens também nos aperfeiçoamos através do buril da dor que nos confere equilíbrio, corrigindo nossas fraquezas.
Despertemos para o valor das experiências que nos exigem mudança e atitude. Ante os desafios, sejamos um coração alegre que é um bom remédio e não um espírito deprimido que seca os ossos.

Elzi Nascimento.

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De jornalista a jornaleiro, todo mundo mete o dedo



Dia 17 passado marcou exatamente um ano que o Supremo Tribunal Federal (STF) derrubou a obrigatoriedade do diploma de jornalista. Manifestações foram feitas; profissionais do meio se mobilizaram; pessoas que não atuam na área demonstraram interesse pela causa e por aí vai. Então, me lembro de uma crítica feita por uma leitora sobre a coluna que escrevi (ou melhor: que deixei em branco) em comemoração ao Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e vi que os dois assuntos estão mais do que inter-relacionados. O jornalista, sem a liberdade, não existe. E o mesmo vale para o contrário.
Sei bem que a queda do diploma para jornalista é algo que não vai influenciar negativamente em quase nada da prática em si. Basta olhar para a imprensa local e analisar com os próprios olhos. Agora, o problema real e imediato é perceber que o STF derrubou não só o diploma dos jornalistas, mas também deu cabo no certificado de formação superior de todas as faculdades de medicina.
Calma. Eles ainda não fizeram isso, mas bem que podiam. Onde já se viu que para ser médico é preciso ter diploma? Loucura total. Basta a pessoa ter graduação no ensino médio e se tocar a abrir pacientes, medicar doentes e diagnosticar quem quiser. É bem fácil. Se o Hugh Laurie consegue interpretar um médico que faz diagnósticos mais do que perfeitos na série de televisão House, qualquer um pode.
De fato, penso que a grande maioria das profissões não precisa de formação superior, mas existem áreas de atuação que estão carentes de profissionais gabaritados. Político, por exemplo. Diploma não precisa. Aliás, não precisa nem ter ficha limpa na polícia para se candidatar a qualquer cargo eleitoral. E o que dizer das acompanhantes? Será que precisa de diploma para prestar tal serviço? Imagina ter que aguentar homens nojentos, cheios do dinheiro e de cheiros peculiares ao recheio e ainda por cima ter que aturar o indivíduo babando no pescoço... Ninguém merece. Só político. (se bem que tem colegas de profissão que são experts na arte de aguentar o bafo quente no cangote).
Vamos barbarizar mesmo. Chega dessa frescura de faculdade. Chega de teoria e ética. Chega de ler romances do Gabriel e poemas do Quintana. É muita prosa e pouca ação. Concordo com a ala favorável a decisão do STF. Não precisa de diploma para ser jornalista. Nem aqui nem no Brasil. Até porque jornalistas de verdade foram extintos no período pré-cambriano do cretáceo. O que existe hoje, aqui e no Brasil, é pior que rede repetidora de televisão. O que temos são apenas papagaios. E daqueles de pirata. Realmente. Cada povo tem os jornalistas que merece.

Daniel Bittencuort.

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domingo, 27 de junho de 2010

MEUS TRÊS AMIGOS


São três amigos inseparáveis: um, sempre o sujeito certo na hora errada; o outro, aquele errado na hora certa; o cara certo na hora certa é o terceiro. Para cada um deles, o destino prega peças ou favorece. Depende. Assim como depende o futuro para cada um, todos com a sua sina.
O primeiro parece toda vez estar preparado para as oportunidades que não chegam. Ele não tem preguiça de empreender, nunca lhe faltou capacidade ou dedicação. Ao contrário, é julgado pela maioria dos amigos como uma espécie de gênio incompreendido, alguém meio fora do tempo. Seus projetos não avançam, mas, vira e mexe, todos se surpreendem com algo quase igual acontecendo em outras mãos.
O segundo, por sua vez, não sabe do que não é capaz. Logo, aceita desafios fora do seu alcance. Como é de se esperar em casos assim, acaba galgando êxitos inexplicáveis até mesmo para o próprio. Quando lhe perguntam como faz, afirma – inocente – que vai aprendendo na hora, deixando fluir... Porém, fica a impressão de que tudo seria mais fácil ou melhor resolvido se, na hora certa, ele tivesse se preparado melhor. Esta hora é aquela que fica sempre para trás.
O terceiro é o cara com uma parte da anatomia virada para a lua. Tudo que escolhe é o melhor, onde chega é bem-quisto, o sucesso o precede e acompanha. Casou com a mulher ideal e, mais importante!, passa a impressão de que ela é quem tirou a sorte grande. Se chega a errar nas escolhas, as conseqüências não lhe prejudicam demais e servem de ótimas lições – algo preparado pelo destino para valer de escada para um acerto vindouro. Corre riscos calculados e acerta a matemática do improvável.
Os três vivem aqui dentro de mim. Se alternam no comando das ações e costuram as coincidências com o fio do livre arbítrio. Cada um teria motivos para se queixar do outro, seja por sua boa ou má sorte, quem sabe pela imprevidência. Mas são amigos, como já disse. E amigos têm a capacidade de aceitar, perdoar e compreender. Além do mais, se fazem companhia, pois a vida perde a graça quando se está só. Quando olho para o passado, sei direitinho qual deles me aconselhou.
Com relação ao futuro, um problema: nunca consigo escolher com qual dos três amigos vou dialogar para escolher o próximo passo, pois se parecem demais um com o outro (e todos eles comigo). Mas nem por isso deixo de seguir a intuição, um farol que, com a benção do Céu, nunca me tem faltado. E será assim para sempre. A menos enquanto não aparecer uma quarta personagem, aquela que estraga o dia de qualquer um: o cara errado na hora errada!

Rubem Penz.

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Da Terra à Lua


Muito antes dos americanos botarem o pé na Lua, pela primeira vez, com Neil Armstrong, em 20 de julho de 1969, e sua célebre frase - “Este é um pequeno passo para o homem, um gigantesco salto para a humanidade”-, houve quem tentasse, ou melhor, imaginasse chegar lá. E não tem nada a ver com os russos, que, nos anos 1960, andavam lado a lado com a turma da NASA naquilo que ficou conhecido na História como corrida espacial.
Os babilônios, há mais de cinco mil anos, tinham lá o seu jeito de sair da Terra. Aparentemente, acreditavam que ir para a Lua era a melhor forma de escapar dos inimigos. Isto pode ser visto nas suas peças de arte, decoradas, por exemplo, com representações de um homem montado num pássaro que voa em direção à Lua, enquanto é perseguido por um outro que o ameaça com uma vara.
No tempo de Alexandre da Macedônia foi desenvolvido um método muito parecido com o dos babilônios para se chegar na Lua. Basicamente, eram usados dois grifos - monstros fabulosos, com aparência de pássaro, que tinham cabeça e asas de águia, e corpo de leão - atrelados com uma corrente a uma pequena cesta, na qual o passageiro ficaria de pé. Para guiar os grifos, o viajante levaria um cordeiro espetado na ponta de uma vara comprida, e direcionada para a Lua. Os grifos, supunha-se, voariam na direção do cordeiro. E como jamais o alcançariam, seus esforços continuados acabariam por levar o passageiro até à Lua.
Cyrano de Bergerac, escritor francês que viveu no século 17, sugeriu várias maneiras para o homem chegar na Lua. Acreditava ele que valendo-se da evaporação do orvalho se poderia ir à Lua. Bastaria encher de orvalho algumas ventosas amarradas em volta da cintura do viajante lunar, e a medida que este se evaporasse ergueria a pessoa e a levaria até a Lua. O próprio Cyrano disse que fez este tipo de viagem, e para não ir muito longe quebrou algumas ventosas, derramando o orvalho. Segundo explicou, embora iniciasse o vôo na França, desceu no Canadá, porque a Terra embaixo girou enquanto ele voava.
Na primeira metade do século 19, parece que houve um grande estímulo para se pensar como chegar na Lua. Na Itália, apareceu a idéia de usar-se uma gôndola. O barco, munido de rodas dentadas, seria apoiado em duas correntes estendidas da Terra à Lua, e sendo impulsionado por foles que soprariam o ar contra uma vela chegar-se-ia até a superfície lunar. O que não estava claro era como e por quem foram estendidas as correntes que ligavam a Terra à Lua.
Tanto a caixa de convecção de Cyrano, quanto a gôndola dos italianos, e muitas outras sugestões/imaginações do passado, todas pressupunham a existência de ar no espaço entre a Terra e a Lua. A concepção de uma atmosfera terrestre limitada, e por conseqüência a existência de vácuo no espaço, somente surgiu na Segunda metade do século 19.
Todavia, foi Júlio Verne, escritor francês do século 19, quem imaginou o mais célebre método para se chegar à Lua. No livro Da Terra à Lua, publicado em 1865, Júlio Verne sugeriu que o meio para atingir a Lua consistia em ser atirado lá por um disparo de um canhão. Tudo a ver com os foguetes que viabilizaram as missões Apollo. É claro que não era um canhão comum, e sim um tipo especial, com 16 quilômetros de comprimento. Segundo a sua descrição, o tal canhão foi fundido num grande buraco aberto na Terra, ficando somente a boca acima da superfície. Um vagão projétil foi introduzido no tubo do canhão, após este ter sido carregado com uma grande quantidade de pólvora. Quando a pólvora explodiu, o projétil foi atirado no espaço, envolto numa espessa nuvem de fumaça.
Júlio Verne, nos seus escritos, antecipou corretamente vários acontecimentos que foram comprovados com as viagens espaciais que acabaram levando, de fato, o homem até à Lua. Por exemplo, o caso dos dois cães colocados no seu vagão lunar. Um deles, chamado Satélite, acabou morrendo durante a viagem. Abriu-se uma escotilha e o cadáver foi atirado para fora. Entretanto, como relata o escritor, este não caiu, continuando a viajar no espaço ao lado do veículo. E isto é exatamente o que aconteceria se um objeto fosse atirado no espaço de dentro de um foguete a grande velocidade.
Foram estes sonhos e imaginações, aparentemente malucos, de alguns homens, ao longo dos séculos, em várias partes do mundo, que, se não abriram as portas do espaço para a chegada à Lua, pelo menos abriram os caminhos do pensamento que possibilitaram o homem chegar lá (em seis missões Apollo), e, quem sabe, ir até mais além.


Gilberto Cunha.

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Nossa bola de cada dia!!!



Bola? Não, não queria ser, de jeito maneira. Até porque ela é gorda, desengonçada, bochechuda. Nem elegante nem estilosa. Menos ainda, se chamada de bolota; aí, vira bola murcha.
Sem dúvida, a dama dos gramados tem poder, o que a faz sentir-se com a bola toda. Sem modos, dá bola a vinte e dois homens, simultânea e levianamente, e rebola, embola-se com eles na grama, passando de mão em mão, de pé em pé, insinuante, em boleios de volúpia, deixando seus súditos às tontas, ou, como se diz no Rio Grande do Sul, “como bola sem manicla”. E assim, com a bola cheia, age, às vezes, como se não batesse bem da bola.
Verdade seja dita: não é fácil ser bola. A pobre não tem sossego: é bolinada, chutada, pisada, manipulada; ora amada por vários, odiada por uns, desejada por tantos, temida por muitos; ora acarinhada, beijada, cortejada. Tudo isso, claro! deixa-a bolada.
Ah! e os vexames por que já passou em função dos mal-entendidos e do uso inconveniente de seu nome!? “O treinador levou bola nas costas.” Sim, e daí? O que a gordota tem com a maldita traição?! Azar o do traído, ora bolas! De outra vez, alardearam: “Ele comeu a bola!” Isso foi demais, que acinte! Um bolodório daqueles, até que a explicação veio: “O jogador é bom, fez jogadas primorosas!” Que alívio! Mas não parou por aí; de novo, constrangimento: “O novato entrou com bola e tudo.” Baita indelicadeza! A infeliz merecia mais respeito. Entretanto, logo trataram de explicitar: “O atacante, voraz, driblou o goleiro, e entrou no gol com a bola.” Ufa! E o engraçadinho que piadeou: “Hum... aquele lá, engoliu a bola!” Para sossego da própria, ele se referia somente a uma bela jogada, bonita exibição do companheiro.
Sustos? Alguns. Foi o grito quem anunciou: “Bola ao alto!” Não era de se assombrar? Quem não se apavoraria, imaginando-se assaltado?! Felizmente, tratava-se, apenas, do lançamento da bola entre dois jogadores. Doutra feita, alguém enfatizou: “Bola presa!” Nossa, até a ficha cair, a pobre já se viu algemada. Mas, no rolar da bola, ficou claro: nada mais que simples infração. Agora, susto, susto, ela levou ao ouvir o tom desesperado: “Ai, ai, ai, machuquei as bolas!’ Bem, nesse caso, esclarecimento dispensado. Mas que deu dó, ah! e como deu!
Tudo isso, no entanto, é fichinha perto de certas situações muito piores e que, de uma forma ou de outra, mesmo por tabela, deixam a bola em posição incômoda. Aconteceu quando diversas Excelências, a tevê divulgou: “Levaram bola!” Não, não surrupiaram a bola; o tal surrupio foi bolada mesmo, bolada farta, espalhada na cueca, nas meias, na bolsa, na mala; bolada mafiosa, vulgo suborno, ou reforço mensal, conhecidíssimo nosso, nem tão incomum em algumas vertentes políticas, empresariais, judiciárias e policiais. Esses aí, não raro, pisam feio na bola. Alguns mereceram bola preta!
Há também outro tipo de bolada, estilo pancada, que atinge a maioria dos brasileiros, a cada imposto, a cada CPI, a cada sessão extraordinária lá e acolá... É tanta bolação que corro o risco de até trocar as bolas! Deixa pra lá, é tempo de Copa do Mundo e, nela, só cabe euforia, só impera o patriotismo. Bola pra frente, portanto!
A bola da vez, a Jabulani. E, com todo o respeito pelos nordestinos, afinal, sou uma, a dita tem cabeça chata, notaram? Parece troncha, atarracada. Cá pra nós, que jabiraca! Alguém a achou bonita. Eu, hem?! Bom, feia ou bonita, é lépida, e fez muita troça com vários jogadores. Tantas, que os deixou atônitos. Perguntem a Cristiano Ronaldo e aos goleiros. Mesmo assim, de bola em bola, o gol encheu a rede.
A Jabulane, volta e meia, adotou a lei do retorno. Também, pudera: quantas vezes, deixaram a bola quadrada, ora?! Mexida nos brios, vingou-se. E a bola na fogueira, então? Naturalmente, a velocista estressou-se. E, sem paciência, escorraçou seus detratores. Que o digam os franceses e italianos...
Ah! E se eu fizesse um fuxiquinho para a Jabulani, sobre os argentinos?! Um bolaço, hem?!

Lêda Selma.

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sábado, 26 de junho de 2010

Depressão e materialismo



Ele, aos 34 anos de idade, não compreende o que ocorreu em sua vida. Fim de uma relação amorosa, abandono da esposa, queda no rendimento profissional, perda de clientela e emprego, endividamento subsequente. Pressão no peito, tristeza profunda, vontade de morrer e abandono da vida em apatia, no sono intenso diário, na falta de cuidado próprio, inclusive na higiene.
A depressão hoje atinge entre 12% e 18% da população geral, em vários graus, variando de acordo com a região e com os estudos estatísticos em saúde. Seu prognóstico é positivo e há cura quando o tratamento é feito associando medicação, normalmente prescrita por um psiquiatra, e psicoterapia de cunho humanista – análise, gestalt, psicodrama. Apontamentos feitos pela Anvisa e pela Organizacão Mundial de Saúde (OMS) deixam claro que os tratamentos em saúde mental devem associar medicação e psicoterapia, o que promove a melhora ou a cura de um paciente.
A família deve fiscalizar a evolução do paciente, exigindo do profissional de saúde resultados positivos ao longo de um tratamento, o que deve ser observado com base no Código de Defesa do Consumidor. Resultado positivo ou dinheiro de volta!
A visão materialista tornou-se a maior dificuldade no tratamento da depressão. Indivíduos de visão materialista e instintiva, sem a percepção da dinâmica de vida da existência, tendem a prender-se mais aos processos patológicos associados a crises de ansiedade. O rapaz citado no início deste artigo por certo ignorou o comodismo, todas as rupturas de vida a que havia se destinado. Foi deixando os laços de amigos, se endividando, ficando apático em seu casamento, se tornando antisocial. Substituiu a vida por um televisor nos finais de semana, até que a crise mais intensa se fez presente com o abandono da mulher, que não aguentava mais um convívio com tanta apatia, derivada de alto investimento na superficialidade, no status das etiquetas, na padronização da vida por marcas de roupas, carros, penteado. Tudo na superfície, na base do que “os outros vão pensar”, visando a fachada, a casca social, o verniz estético lindinho, mas sem conteúdo.
A crise divina inevitável se traduz na quebra da ilusão que chega à raiz do espírito humano, retirando os valores superficiais e cobrando a intensidade, o tesão pela vida, o espírito. O que choca é perceber que ainda existe uma visão materialista da depressão, que é associada a sinapses e neurotransmissores, a causas de cunho orgânico e genético, colocando toda a chave de um tratamento apenas na bioquímica.
Quem ganha com isto?
Remédios ajudam, mas não reestruturam a personalidade abalada nem vão resgatar a essência da vida, substituída por toda uma conveniência social de valores inexistentes.
Caso um paciente tenha tendência a se acomodar, sem querer trabalhar a fundo, poderá ficar paralisado por anos, vivendo na apatia eternamente, podendo justificar seu fracasso social se escorando atrás de uma patologia que pode ser curada.

Jorge de Lima.

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Por que votar?



Votar é um ato de responsabilidade. Parece coisa de gente grande, e é coisa de gente grande. Mas, convidado a falar sobre o assunto, achei muito interessante dar a minha opinião, afinal as crianças não mentem, vocês sabem disso. E se os adultos nos ouvissem em muitos assuntos, o mundo poderia ser mais certo ou até menos errado.
O que uma criança sabe sobre o voto? Sabemos que votar é um ato de cidadania e é obrigatório. Sabemos que através do voto escolhemos os nossos representantes, sabemos que quem não vota paga multa e que com um voto responsável podemos mudar a história do nosso país. Isto é tudo o que precisávamos saber. Mas vem o homem com conversa de gente grande dizer por aí que voto se compra, que o voto se vende e que existem interesses próprios nessa tal eleição. Não foi isso que aprendemos! Não aprendemos desde a história de D. Pedro I, que quem governa deve pensar na comunidade e na sociedade fazendo o que é melhor para todos? Como explicar essa conversa de que se pode mudar para pior uma coisa que foi feita para dar certo? Se escolher um governante fosse para o bem só de uma família ou de um grupo pequeno, não seria necessário que todos votassem. E, então, continuaríamos como antigamente, passando o poder de pai para filho. Sei que isso se chamava Monarquia, porém hoje vivemos numa República, na democracia.
Se não me esqueci o que é democracia, é onde somos livres para votar e escolher o melhor governante para a cidade ou para o país. Mas tem gente falando por aí que votaram em certos candidatos porque foram obrigados a trocar o voto por comida, casa e outras coisas que nem entendo direito. Não sei como pode ser isso. Como uns ganham e outros não? Como uns podem e outros não podem? Não dá mesmo para entender o mundo de gente grande.
Aos 16 anos já se pode votar. No entanto, existem formas de incentivar e computar os votos das crianças menores de 16 anos. Em algumas escolas são colocadas urnas e os votos são contados. Que bom que existe gente grande que se importa com a opinião das crianças! Por isso, é bom lembrar: adultos, votem com responsabilidade, pois a história está nas mãos de vocês e, assim, o futuro começa agora! Ah, se meu voto valesse...

Matheus David Ferreira.

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Destinos à la carte



Haverá um tempo (não muito distante de agora) que ao homem será permitido escolher seu próprio destino numa espécie de cardápio elaborado à base de genes. Poderemos decidir, no sentido biológico, optando, no guia das emoções que herdaremos, o quão humanos queremos ser (ou não). Aí começam os grandes dilemas da humanidade, cujo primeiro deles é não termos um lugar definido para aonde iremos após a morte. Somos prisioneiros de nós mesmos, vistos, pela teologia, como uma espécie de anjos negros em corpos animais, esperando pela redenção. Nosso segundo dilema envolve as escolhas que temos de fazer, fundamentadas ou não em premissas éticas que são inerentes à nossa natureza biológica. Por fim, o grande dilema da atualidade, que decorre do uso que faremos dos avanços em engenharia molecular, que, em tese, permitirão ao homem, volitivamente, mudar a sua própria natureza. Entender como chegamos até esse ponto e as dificuldade acadêmicas para tal são objetivos dessas notas, baseadas, quase que exclusivamente, nas opiniões de Edward O. Wilson, expressas no livro On human nature, edição de 2004.
Não se trata de reviver a velha discussão do determinismo genético, mas sim da busca do entendimento científico da natureza humana. Mesmo havendo quem divirja, entende-se que o comportamento humano é determinado por genes ou, pelo menos, fortemente influenciado por eles. Academicamente, apesar de todo o criticismo recebido e do patrulhamento do politicamente correto que foi vitima nos anos 1970, a sociobiologia, definida como a disciplina científica que se ocupa do estudo sistemático das bases biológicas de todas as formas de comportamento social dos organismos vivos, incluindo os seres humanos, ou suas variantes modernas, como a psicologia evolucionária, podem ser de grande utilidade para pôr um ponto final nos nossos dilemas relacionados com a compreensão do comportamento humano, especialmente na vida em sociedade, quando interagem evolução genética e evolução cultural. O grande embate que põe de um lado a visão cultural, da aprendizagem acumulada em resposta a contingências ambientais e históricas, e, do outro, a visão naturalista, que entende cérebro e mente como algo único e inteiramente biológico, que foi moldado pela evolução via seleção natural.
Para Edward O. Wilson, o caminho é estudar o humano como parte das ciências naturais, porém integrando com as ciências sociais e com as humanidades. Em resumo, juntar a biologia com vários ramos das ciências sociais (psicologia, antropologia, sociologia e economia, por exemplo). É natural que esse tipo de proposta resulte, não raro, em entusiasmo exacerbado, aversões, mal-entendidos, conflitos disciplinares e, até mesmo, brigas entre pares na comunidade científica, quando indivíduos buscam, a todo custo, defender domínios de territórios historicamente conquistados.
A biologia é, hoje, uma espécie de "antidisciplina" para as ciências sociais. A palavra "antidisciplina", no contexto em que foi referida, significa, em especial, a relação de adversários, que frequentemente existe, quando campos de estudo que atuam em níveis de organização adjacentes começam a interagir.
Na história das disciplinas científicas, os membros das corporações acreditam (e defendem) suas características de singularidade e a capacidade de inovar, não raro, não vendo com bons olhos a atuação da antidisciplina nos seus domínios territoriais presumidos. Um cientista, hoje, tem de atuar em pelo menos três frentes de estudo. Na disciplina em que é especialista, na antidisciplina (nível imediatamente anterior) e, particularmente, no assunto que a sua especialidade está interrelacionada com a antidisciplina.
A biologia evolui, do século 19 até o presente da citologia para a biologia celular e, ao entrar na era do DNA, para a biologia molecular, que forçou a mudança da genética clássica para a genética molecular. O novo desafio é continuar a evolução desse ciclo, contemplando biologia e ciências sociais, mas conscientes de que a vida ainda é mais que uma mera ação de átomos e de moléculas. Que a espécie humana detém conhecimento para mudar a sua própria natureza não há dúvida. A grande questão é: quais serão as nossas escolhas?


Gilberto Cunha.

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sexta-feira, 25 de junho de 2010

ATÉ QUE A MORTE NOS SEPARE



Eu me amo, eu me amo,
Não posso mais viver sem mim
Ultraje a Rigor

A adolescência é o momento ideal para todos se casarem. Isso já nos primeiros sinais de puberdade ‒ quanto mais cedo, melhor. Respirar fundo, concentrar-se e falar muito sério: Prometo ser fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, por todos os dias de minha vida, até que a morte nos separe. Depois, encontrar no fundo dos olhos daquela pessoa que está ali, do outro lado do espelho, um olhar de aceitação. Os desafios que aguardam quem entra na juventude, hoje mais do que nunca, serão melhor superados depois deste casamento.
A fidelidade, por exemplo, será testada muito rapidamente. Basta o menino ou a menina estar diante de um dos tantos dilemas de consciência típicos da idade: convidam-no para entrar no carro que fará um racha, para comprar uma garrafa de vodka, dar um tapinha em um cigarro artesanal, subir para um apartamento desconhecido e entrar numa festa para a qual não se foi convidado... A lista é grande! Então, alguém lá no fundo lhe diz: não vá, não faça, pode dar problema. Caso lembre que prometeu para esse mesmo alguém, no espelho de casa, ser-lhe fiel, poderá recusar sem medo, numa boa, até agradecendo. Mais tarde, se a maturidade o aconselhar diferente, já não será reflexo de inocência.
Amar-se e se respeitar também são votos bastante úteis. Quem tem uma auto-estima elevada dificilmente cairá nas armadilhas ou nas chantagens dos aproveitadores, pessoas que sempre escolhem subjugar os mais frágeis. Estará imune, ou ao menos fortalecido, contra apontamentos pejorativos (baixo, gordo, fraco, feio) e mais consciente de que as diferenças existem para enriquecer nossa vida. Basta perguntar-se: será que o mundo seria melhor se todos fossem iguais, pensando da mesma forma, vestindo as mesmas roupas? Depois de conquistar uma relação amorosa e de muito respeito consigo, ficará mais fácil e mais saudável lidar com o outro, com suas necessidades e diferenças.
Quando prometemos, lá aos doze ou quatorze anos de idade, estar conosco na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, na riqueza e na pobreza, inoculamos a vacina contra aquele que é um dos mais danosos sentimentos: a autocomiseração. E estar imunizado significará lidar com bom humor, coragem e leveza frente a uma série de pequenos infortúnios típicos da juventude. Ou seja, teremos decepções amorosas e superaremos; veremos frustrado um plano (vestibular, viagem, estágio), mas tentaremos de novo; assistiremos ao lançamento de um produto eletrônico de última geração e nem assim jogaremos o nosso fora; sairemos de casa sempre com o dinheiro contado, porém dispostos a nos divertirmos, etc. Enquanto se é criança, os pais fazem de tudo para que nada nos falte. Na juventude, conviver com a falta é buscar nela o estímulo para as conquistas.
Escrevendo assim parece fácil, mas não é. Quem disse que viver é uma barbada? Diante das agruras, nada é mais reconfortante do que uma boa companhia. Por exemplo, e antes de tudo, a companhia da nossa consciência. Quem estiver casado com a imagem do espelho, sendo-lhe fiel e parceiro, ainda mais tendo formado esse laço em boa idade, estará mais preparado para o conjunto de decisões do amadurecimento. Inclusive na hora de impor a si necessárias mudanças, já que ninguém é perfeito. O sacerdote deste casamento é o livre arbítrio. Os filhos, as consequências de nossos atos. E o prazo? Até que a morte nos separe.

Rubem Penz.

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Indústria sente os reflexos da má qualidade do ensino público



Existem áreas que são cruciais para o desenvolvimento de um país. Dentre elas, está a educação, considerada como prioridade número um pela maioria das fontes de pesquisa e informação que se presta a levantar os aspectos que corroboram para se chegar a sociedades mais prósperas e de melhor qualidade de vida. No Brasil, consensualmente, todos a apontam como sendo a base para o crescimento. A educação é também um dos temas mais frequentes do discurso político e, nas empresas, encabeça a maioria dos projetos de responsabilidade social corporativa.
No entanto, um paradoxo se interpõe entre o discurso e a realidade em nosso país. Apesar de sua importância, a educação é a área que menos recebe atenção do governo. Em relação às demais profissões, a de educador se apresenta como a mais desvalorizada. Os professores, por sua vez, figuram entre os profissionais de pior remuneração no mercado de trabalho.
Devido a essa situação de descaso, que se arrasta há anos no Brasil, a profissão de mestre está na lanterninha dos sonhos de qualquer recém-formado. Como a carreira não oferece nenhum atrativo, ninguém quer ser professor por aqui. É possível antever que nos próximos dez anos vão faltar professores. E aí, as conseqüências serão ainda mais danosas, do que as que já enfrentamos em muitos setores de nossa economia, a exemplo da indústria, onde a falta de mão de obra especializada reflete bem a má qualidade do ensino público. Empregos existem, mas não há profissionais para contratar.
Segundo o Índice de Competitividade Mundial, lançado em maio, o Brasil subiu duas posições no ranking, passando a ocupar o 38º lugar. O crescimento da produtividade empresarial e a geração de empregos foram determinantes nesse resultado. A pesquisa foi desenvolvida pelo International for Management Development, em parceria com a Fundação Dom Cabral, responsável pelos dados brasileiros. Foram analisados 58 países e monitorados 331 indicadores quantitativos e qualitativos.
O estudo mostra que o Brasil ganhou posições na categoria "eficiência dos negócios", tornando-se mais competitivo, mas perdeu duas posições no quesito educação, ficando no 53º lugar. Em outra pesquisa, que culminou com o Relatório de Competitividade Global 2009-2010, publicado pelo World Economic Forum, o Brasil também melhorou seu desempenho no que tange à competitividade. Mas o que chama a atenção, tanto num documento quanto no outro, é o fator educação e a má qualidade do ensino público brasileiro.
Ao analisar os resultados do Relatório de Competitividade Global 2009-2010, o sociólogo e consultor da Confederação Nacional da Indústria (CNI) José Pastore comentou, à época: “Olhando da perspectiva do que falta ao Brasil para chegar ao nível da China (29ª posição), do Chile (30ª), da República Checa (31ª), da Tailândia (36ª), da África do Sul (45ª) ou da Índia (49ª), há que se examinar os indicadores que compõem o índice de competitividade”.
No caso do Brasil, diz ele, “o obstáculo que salta aos olhos é a precária qualidade da educação fundamental”, ligada à má qualidade dos professores, coordenadores e diretores de escolas, cuja grande maioria se forma nos cursos de pedagogia, avaliados negativamente pelo próprio Ministério da Educação (MEC). Em um universo de dois mil cursos, apenas nove obtiveram a nota máxima (5).
A conquista no ranking da competitividade pode estar ameaçada, já que não existe mão de obra especializada para atender a crescente demanda registrada na indústria. De acordo com sondagem realizada pela CNI, a falta de trabalhador qualificado passou de segunda para primeira preocupação dos empregadores neste começo de ano, comparado ao último trimestre de 2009. Nos últimos três meses de 2009, o primeiro lugar era ocupado pela elevada carga tributária.
É preciso que os governantes tenham determinação e vontade política para mudar esse quadro. Hoje, os professores lutam para fazer valer o piso salarial nacional para toda a categoria, no valor de R$ 1.312,00. Ainda assim, há municípios em que nem mesmo o piso está assegurado. Dar condições dignas de trabalho aos professores, passa pela valorização salarial, e é isso que a sociedade espera dos gestores públicos. Precisamos mudar o olhar em relação à educação e exigir o cumprimento de uma política educacional que valorize a qualidade e o aprendizado.

Orizomar Araújo Siqueira.

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Canção da Copa - José Sarney


Nenhuma Copa empolgou tanto o Brasil quanto a de 70. Ela marcou o nosso povo e o povo mexicano. Quinze anos depois, quando presidente da República, visitei Guadalajara; as casas estavam enfeitadas com a bandeira de nossa pátria e eles gritavam: 'Viva Brasil! Viva Brasil! Pelé!'.
Mas eu queria relembrar o motor da mobilização nacional, cantada pelo país inteiro, que foi o 'Hino da Seleção', feito por Miguel Gustavo, este pioneiro do jingle, esse gênio do gosto popular _'Noventa milhões em ação / Pra frente Brasil / Salve a seleção!'.
Os jingles de Miguel Gustavo invadiam as mentes das pessoas, que ficavam com eles na cabeça, cantarolando todo o tempo, e eram transformados em marchinhas de Carnaval. Dois exemplos: os porquinhos das Casas da Banha, que ele criou e popularizou, e a 'Revista do Rádio', que arrasou no Carnaval de 58: 'Ela é fã da Emilinha / Não sai do César de Alencar / Grita o nome do Caubi / E depois de desmaiar / Pega a 'Revista do Rádio' / E começa a se abanar...'.
Elegeu o Jango com o célebre 'Jangar'. 'Pra vice-presidente / minha gente eu vou jangar / é Jango, é Jango / é o Jango Goulart'. Era uma mensagem subliminar de juntar o Jânio da UDN com o Jango do PTB, o famoso Jan-Jan. Resultado (naquele tempo podia), o presidente de um partido e o vice do outro lado.
Desfrutei do seu talento, tornei-me seu amigo e senti profundamente sua perda prematura.
Nas 12 eleições em que concorri, não abandonei o seu slogan, repetido num baião nordestino: 'Meu voto é minha lei / Pra deputado José Sarney', cantado por Luís Vieira e Elizeth Cardoso.
Nesta Copa da África do Sul, confesso que não acho graça nas vuvuzelas. São sem gosto e interferem, indigestas, na alegria e nas cores que enfeitam e explodem dos torcedores. Mas tudo muda, e de mudanças são feitos o mundo e as Copas.
A alegria do Brasil, identidade do povo brasileiro, veio numa contradição infame da África, que do sofrimento dos negros tirou a única coisa boa de que podiam desfrutar, a força da alegria, para enfrentar a tragédia.
A alegria da África do Sul, vibrando mesmo depois da derrota, mostra que ela é mais forte do que o próprio destino.
Não quero fazer uma crônica nostálgica. Quero a vitória do Brasil, agora 200 milhões em ação, vibrando com a seleção. Que venha o Hexa. Se não vier de Johannesburgo, virá de outro lugar. Quem viver verá.
E sempre seja lembrado Miguel Gustavo, o cancioneiro das Copas.

José Sarney

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Violência psicológica



Muito se tem falado a respeito da violência doméstica, no que diz respeito a pontapés, murros e outras coisas piores. Este tipo de violência, se a vítima criar coragem, é mais fácil de denunciar, desde que haja marcas físicas que comprovem a denúncia.
Porém, há um outro tipo de violência no qual ninguém fala, por não haver maneira alguma em certos casos de comprovar em tribunal, nem em lado nenhum! Estou falando de “agressão psicológica”, que é tão ou mais destrutiva que a doméstica. À medida que uma determinada pessoa começa a sofrer violências psicológicas, ela se quebra totalmente por dentro, paralisando-a, tornando-a paranoica,vivendo um verdadeiro drama pessoal.
Os agressores geralmente são pessoas que carregam raízes de amargura e já passaram por problemas semelhantes.Geralmente gostam de atrair mulheres que são bem-sucedidas profissionalmente, que tenham estabilidade emocional e, sobretudo, financeira! Mulheres que se aventuram em negócios, causas políticas ou religiosas, ou seja, pessoas resolvidas. Porém a agressão psicológica atualmente tem atingido todas as faixas etárias.
São pessoas muito dissimuladas. Quase sempre simpáticos, extrovertidos, educados, mas com grandes complexos de inferioridade! Por isso mesmo, têm sempre o objetivo de destruir a pessoa feliz e bem-sucedida que está ao seu lado. Procura sempre fazer comentários e dar conselhos destrutivos como: “Você é tão linda , mas poderia emagrecer um pouco!” “Se não tivesse tão velha te chamaria para tal festa.” “Olha, sabe que gosto muito de você, por isso quero te ajudar, mas ouvi comentar que está malvestida!” “Se for com tal roupa todos irão rir de você.”
São frases que parecem um tanto simples para nós, mas, perante isso e com o passar do tempo, a pessoa vai perdendo a autoestima e se rebaixando cada vez mais, enquanto o agressor brilha cada vez mais. Aos poucos, vai ganhando fama de tímida, com comportamentos mais fechados, recusando educadamente convites de seus amigos etc… E o mais curioso é que a vítima sempre acredita que o outro é o seu único amigo e, mesmo quando o abuso é insuportável, há uma tendência enorme para acreditar nas críticas e nos insultos que lhe são dirigidos.
Está se tornando uma tendência moderna tornar qualquer“diferença” em uma qualidade ou defeito. Alegam que se a pessoa tem TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade) é um grande gênio em potencial ou é dito como um “deficiente mental”; se sofrem com o transtorno bipolar, então, é um grande artista em potencial ou é dito como uma pessoa “sem personalidade”; se é assexual, é o ser humano mais livre do mundo ou é visto com um grande preconceito; se é arromântico, é visto como o ser mais altruísta do universo ou é julgado totalmente “sem sentimentos”, e por aí vai.
As potencialidades sempre existem em qualquer “diferença” porque, se é diferente, logo há diferença potencial. Mas isso não torna ninguém melhor ou pior do que ninguém, apenas diferente.

Hully Sagatti.

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