quarta-feira, 12 de maio de 2010

O Tempo



Muitas vezes dizemos e ouvimos que nos falta tempo, para isso, ou para aquilo. Embora sejamos senhor do tempo, as escolhas de prioridades são nossas, qual o primeiro compromisso e, assim os seguintes. As amizades, pessoas de quem gostamos, não disponibilizamos em nossa agenda, um minuto sequer, esquecendo o valor que elas representam. Amigos são irmãos, pais e avós que nós escolhemos e, muitas vezes, relegamos ao esquecimento, o mesmo fazendo com Deus. Não se tem tempo para a gratidão, nem para o perdão. Esquecemos a lição do Pequeno Príncipe, “de que somos responsáveis por aqueles que conquistamos”. Ajudar nosso próximo! O que é isso? A agenda está completa, para compromissos mais importantes. Quem sabe no Natal, possamos levar algum alimento para o asilo, ou, casa, em que as pessoas velhas são descartadas e esquecidas, pelos parentes. É uma verdade inquestionável, não nos visitamos talvez em razão dessa competição da sociedade de consumo, quando ao invés de um, matamos dois leões por dia. Queremos ser o melhor, empilhar bens materiais, um carro do ano, o computador do dia, ou então outro e, mais outro bem supérfluo, quem sabe uma nova plástica, já que dá para descontar no Imposto de Renda. Só trabalho, não se faz como antigamente, aquela visita para tomar o chimarrão com o amigo, ou, o café da tarde, em que a família se reunia, em torno de uma mesa, de tamanho avantajado, cujo ornamento sobre a toalha, um grande pão feito no forno de barro, um gostoso bolo recheado com chimia, a peça de mortadela do Costi, queijo e salamito italiano, bolinho de chuva, uma grande leiteira fumegando, ladeado de bule de café passado no coador. Muitas pessoas saboreando, confraternizando, o vozeirão retumbava entre amigos, vizinhos, parentes e compadres, numa sinfonia de ternura e de amor, expressando felicidades, não como agora, que estamos congelados e sozinhos numa camisa de força gélida do iceberg. A vida moderna cerceou tudo isto, não se toma mais o chá da tarde, nem o da Índia, nem os modernos sabores, ou o antigo chá de erva mate, servido na xícara, com sonho caseiro. O mundo evoluiu, as pessoas ao contrário, perderam o humanismo, não nos reunimos em torno de famílias, estamos sozinhos, perdido em meio a multidão de alienados. Os valores são outros, estamos sós e assim permanecemos enredados numa cortina invisível de modismo e egoísmo, nos constrangendo de tirar precioso tempo do amigo que desejamos visitar, receosos de estar atrapalhando, assim caminha a humanidade, perdendo a referência e a sensibilidade, se ilhando, não compartilhando a chance de colocar a conversa em dia, amordaçando gelidamente o afeto e o querer bem. Embora tenham mais de mil contados e endereços no seu orkut, na hora derradeira, estarão sozinhos, rodeado de inveja e de individualismo. Ao contrario de antigamente, a visita não era obrigação, era prazer e a alegria. Não havia televisão e, a camionete do cineminha do Sesi, sempre esperada em nossa rua. Por tudo isso, e do querer bem, havia necessidade das pessoas se verem, trocando afeto, matando saudade, contando as novidades, de quem havia nascido, quando seria o batizado em casa e, na igreja, ou quem iria se casar. Hoje nos ocupamos em reuniões indigestas, assistindo a novela, votando no Big Brother, sem tempo para a família, nem para com nossos filhos, que vemos, apenas, no almoço do domingo. Isso, quando se acordam e fazem parte da mesa e da conversa familiar, pois o corriqueiro é dormir o dia todo, se restabelecendo do cansaço da boate, ou, por ter permanecido, a noite toda, bebendo na frente de um posto de gasolina, com tendência para frentista. Só que preferem o álcool e outras “boletas”, enrustidas nos banheiros, onde muitos perdem a vergonha e a própria vida, a clamar por atenção e solidariedade, ou então, por linhas tortas, bradando por socorro, para um pai e uma mãe, que estão distantes, cuidando, cada um de si, que nada ouvem e, o pior nada vê. Voltemos as nossas raízes e ao convívio de antigamente, freqüentando as praças e as residências de quem gostamos! A vida não se mede pelo tempo, mas pelo que dele desfrutemos!
Jabs Paim Bandeira
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3 comentários:

  1. Que mudança na sociedade, não conhecemos nem nosso vizinho, saimos cedo e voltamos tarde, e não temos tempo para conversar, ficamos todos trancados dentro de nossos lares, pois o perigo ronda as ruas.
    Desconfiança geral, é isso que vemos.

    Um abraço

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  2. É verdade William ,
    o tempo está cada vez mais escasso .
    Nem ouvir as pessoas tem tempo .

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  3. Cada dia que passa, a população se enclausura mais e mais, por vários motivos. Lamentável, pois o papinho na calçada a tardinha era muito bom.
    Abraços forte

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