sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Como eu devo agir



Sócrates já afirmava, 470 a.c que “uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida.” Condição para o crescimento: equilíbrio. Equilíbrio é algo precioso. Aquele que o cultiva tem saúde plena, é dono de seu nariz e não se surpreende com explosões e reações que o fazem refém de verdadeiras “saias justas”, nos momentos mais inoportunos. Ficar fora de controle não é saudável e nem dá lucro a ninguém. No máximo atrai para os achaques homéricos os holofotes da curiosidade pública.

Se você quer se conhecer mais profundamente e crescer como pessoa, lembre-se da necessidade da auto comunicação e do encontro intra e interpessoal como condição para se chegar a esse crescimento. Crescer na direção de completar a pessoa que somos e não nos tornarmos como outro alguém, é conduta anti neurose.

Constituímos tipos psicológicos diferenciados, é fato incontestável.

O estudo e a classificação de tipos psicológicos foram realizados por vários teóricos. Destacamos Freud, Adler e Jung.

Para Freud, o homem busca a expansão dos instintos e se não fosse a repressão imposta pela sociedade, se satisfaria na obtenção dos objetos desejados, porque valoriza a lei do prazer.

Adler valoriza a afirmação da vontade de poder e segurança pessoal, recaindo a ênfase sobre o sujeito.

Jung aceita as duas concepções embora as classifique de unilaterais. Enfoca as características individuais considerando que tanto a energia psíquica, quanto a libido, atuam de forma peculiar nos diferentes tipos de personalidade: introvertidos e extrovertidos.

Introvertidos são aqueles que hesitam, recuam como se o contato com o objeto fosse tarefa por demais exaustiva.

Extrovertidos são definidos como os que vão ao encontro do objeto, do que querem e buscam.

Tanto a criatura muito introvertida quanto a muito extrovertida, estão fora do equilíbrio.

A introvertida está quase que exclusivamente preocupada consigo mesma; ela se sente o centro de gravidade em seu próprio universo. É capaz de experimentar toda gama de emoções: da tristeza à ternura. Sente-se à vontade com seu corpo e suas emoções. Lidando bem com desafios faz-se aberta às mudanças. Embora possa ligar-se à essência,a preocupação consigo mesma torna-a desatenta em relação ao vasto mundo à sua volta. O que sinaliza interrelação – a troca com o outro – problemática.

Já a criatura extrovertida se lança para fora, movendo-se de uma distração externa para outra. Sua vida nada tem de reflexiva e tem pouco aprofundamento interior. Com isto sofre com a dor e se alegra com a felicidade, de forma descontrolada. Alegres permanecem na defensiva, escutando só o que lhes apraz escutar, vendo só o que lhes interessa, sem maior profundidade. Ligam-se às aparências. A Intrarrelação – o contato consigo mesmo – é superficial, sorrateira. A Interrelação ocorre sem profundidade.

Entre esses dois tipos psicológicos abre-se um leque de possibilidades que se permeiam e contaminam. O importante não é apenas identificar características e se rotular como tal ou qual. O importante é conhecer os meandros da própria personalidade, entendendo realmente como são as reações ante os embates e passar a coordenar ímpetos e mergulhos para que o inesperado não nos seqüestre emocionalmente. Para tanto, entender os scripts e os papéis que vivemos na vida, sendo ator e não reator, agindo conscientemente nas situações do dia-a-dia, sem atitudes traumatizantes, é o que interessa.

Neste aspecto conta-nos, o colunista Sydney Harris, fato ilustrativo. Ao acompanhar um amigo a uma banca de jornal observou que polidamente seu amigo solicitou o jornal diário e foi rudemente tratado pelo jornaleiro. Este atirou o periódico com certa rispidez na direção deles. O amigo, gentilmente sorriu, pagou, agradeceu e saiu de leve. Harris perguntou se isto se repetia todos os dias, o que foi confirmado. Indignado quis saber por que ele permanecia sempre educado com alguém tão hostil? Seu amigo respondeu: “Porque não quero que ele, e nem ninguém, decida como eu devo agir.”

Elzi Nascimento.

Um comentário:

  1. Parabéns...Excelente...Fazia tempo que não via um texto assim por aqui...Continue por esta trilha...Valeu...Um abraço.

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