domingo, 28 de fevereiro de 2010

A sabedoria que sobrepuja o medo



A história das ideias nos conta que os grandes filósofos dedicaram suas vidas a observar e questionar, sendo que alguns arriscaram, com acertos ou não, a materializar os seus experimentos lançando suas respostas às grandes indagações em manifestos ou doutrinas. Este processo, supostamente, foi uma tentativa de buscar na razão, subjetiva ou objetivamente, as explicações para os distintos conhecimentos da humanidade, nas suas particularidades e, é claro, na sua totalidade. Duvidar e questionar passaram a ser elementos centrais daqueles que se dedicavam a pensar com profundidade.

Na atualidade, o pensar ganha propósitos diferenciados, haja vista a intensa difusão das informações e o acentuado conteúdo das realidades múltiplas ou das várias facetas de uma mesma realidade. O núcleo do pensamento humano, que engloba a sua própria consciência, gere as incertezas e os medos, e as escolhas se tornam mais complexas. Porém, quem não vive as incertezas obviamente não se põe a pensar. Pois é desse misto de prós e contras em que se atrelam as idéias, e o que elas representam no cotidiano, que se busca a sabedoria e se sobrepuja o medo.

A sabedoria é um dom, sim. Mas, antes de tudo, é um exercício de reflexão. A teoria e a prática trazem verdades, em si, que as traduzem em versões. A sabedoria é lucidez perfeita, é conhecimento seguro que delega autoridade a quem concretiza o ideal comum, alicerçado em argumentos convincentes e, acima de tudo, tangíveis.

Exercer a sabedoria exige amadurecimento e, às vezes, até recolhimento. Em determinados momentos, o silêncio é o melhor aliado e procrastinar a melhor decisão. Exercer essa liberdade é irrenunciável, pois a manifestação do livre-arbítrio afugenta os temores e reacende a correspondente característica da perceptibilidade que é indispensável para atuar na moral e na ética. Uma vez aceito o preceito de que somos livres, estamos desconectados do medo e prontos a usufruir mais intensamente das nossas escolhas.

Somos todos responsáveis por nossos atos e agir com sabedoria requer direção firme, observação constante e senso crítico latente. Requer, ainda, um esforço contínuo, que não se deixe abater pelas intempéries. Uma parada não é um ponto final, uma vírgula deixa muitas possibilidades e as interrogações são um presente do universo, onde se edificam caminhos e transcendem as essências humanas.

Ante a contemplação do momento histórico presente, a abóbada celeste converge os olhos, inevitavelmente, às decisões magnânimas, assim como àquelas que remetem ao caos. A gênese humana estreitou-se em meio aos contrários, agregando-se e dividindo-se, numa ordem casual que assegurou a aparição de valores diferenciados. Nem bons nem maus. Nem surpreendentes nem absurdos. Apenas diferentes. Entretanto, manter acesa a chama da sabedoria é, sem dúvida, o canal que sustenta a evolução do ser.

As grandes questões da vida – quem somos, de onde viemos, aonde vamos e qual a nossa missão neste mundo –, já fizeram emergir das cabeças muitos estudos, dossiês, livros, escolas... Mas a principal resposta está dentro de cada um, dentro do orbe particular, pois a realidade é uma persistente oscilação entre a calmaria e a tempestade, uma vibração que pulsa incessantemente. A sabedoria apazigua a mente e contenta o coração.

Frederico Jayme Filho.

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FORÇA VERSUS JEITO



De todas as virtudes de um humano masculino, a mais festejada continua sendo a força. Não importa quantas ferramentas criamos para substituir, com ampla vantagem, nossos músculos: um bíceps bem formado, rijo, saliente, segue campeão de audiência. Antes que os defensores incondicionais da inteligência considerem tal premissa um absurdo, antecipo-me respondendo que nada é mais inteligente do que cuidar minimamente do corpo. E, na hora certa, mesmo com moderação ou sutileza, quase como quem pede falsas desculpas, dar uma cabal demonstração de força. É uma delícia para a auto-estima. É sexy. Dependendo, é tão útil quanto necessário.

Ser forte, porém, não deve justificar a brutalidade. Ao contrário: junto com a rigidez muscular, deve vir o controle de cada gesto. Conheço grandes homens (literalmente) cujos movimentos e, principalmente, intenções são de uma delicadeza ímpar. Outros, mirrados – intelectuais! –, são rudes e desastrados. O grande equívoco é pensar que a força física, atributo tão caro na evolução da espécie, deva ser abandonada para tornar alguém civilizado. Ou, pior, seja motivo de estereótipo. A rápida ascensão das mulheres no mercado de trabalho pode indicar, falsamente, que o homem de sucesso deva se render a um modelo de fragilidade física. Por trás dessa ideia, a falácia de que não é possível conciliar força e jeito.

Sim, existe uma rede de intrigas sendo urdida – uma hipótese – naqueles encontros no banheiro das damas: opor a força e o jeito de modo a torná-los excludentes. Elas, sabendo que na média não conseguem ser tão fortes quanto os homens, tomam para si a hegemonia da delicadeza. No fundo, almejam nossa renúncia à potência muscular para, só então, avançarmos nas tarefas sutis. Uma verdadeira castração, falsa como cinco ases. Eis um pequeno exemplo de harmonização tipicamente masculina: alguém já reparou que o homem jamais bate a porta do carro? Diferentemente das mulheres, que oscilam entre muita e pouca força, nós sempre sabemos impor a medida correta. Meninas, agora o horror: quando o automóvel não é nosso, intuímos a força ideal. Isso mesmo: existe intuição masculina!

Quando o homem, além de forte, é seguro, a estratégia muda: elas nos reduzem à condição de músculo ambulante. Como prova, as frases ditas em tom de piada, do tipo “se não conseguir destampar esse vidro de conservas, pode ir embora – foi-se a derradeira utilidade”, ou “a porta emperrou: abre ou eu chamo um homem de verdade”. Experimente dar um ultimato na esposa: pregue esse botão aqui, ou vou procurar uma mulher de verdade! Cai a casa! Logo, ou a tática de redução vale para os dois, ou não vale para ninguém. Além do mais, aposto todas as minhas fichas no marido pregando seu botão sozinho muito antes de a esposa desemperrar a porta sem auxílio (ok, peguei pesado).

Fisiologicamente, o último bastião da masculinidade é a força. Perderemos a flexibilidade, a agilidade, a resistência e até a precisão antes de nos despedirmos da força. Por isso minha revolta ao perceber que existem homens que aceitam abrir mão dela para competir com as mulheres. Que vergonha! Sejam delicados, suaves, minuciosos e, também, fortes. Curtam, até o fim da vida, o brilho que nasce no olhar das fêmeas quando vêem nossa musculatura retesar-se. Elas, lamentavelmente, não costumam creditar a nós a acuidade para reparar em algo tão sutil!


Rubem Penz.

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sábado, 27 de fevereiro de 2010

Urbanoides melancólicos




O celular toca as seis da manhã, acordamos com vontade de dormir mais um pouco. O sol radiante e intruso invade com sua luz a nossa privacidade, levantamos da cama como seres pós-modernos que amam o amor do orgasmo parcial. Não tomamos mais café como antigamente, apenas engolimos o pão seco que rasga a nossa garganta, pois o relógio nos cobra cada minuto e cada segundo os nossos compromissos.

O trânsito irrita, buzinas, semáforos, rotatórias, filas de carros intermináveis, ‘’barbeiros” e “barbeiras” ao volante, catadores de papel fazem cumprir a profecia de Chico Buarque, pois parecem querer “morrer na contramão atrapalhando o tráfego”, o pulmão protesta, pois respiramos gás carbônico e expiramos oxigênio, o semáforo dá-nos a impressão que se eternizou no vermelho, doenças herdadas do trânsito assassino: a gastrite, a úlcera, a enxaqueca, o infarto, um tiro disparado pelos mais nervosos, a cadeira de rodas, motoristas embriagados e o cemitério que sempre sorri quando estamos na direção do volante.

Atrasamos quinze minutos para chegar ao trabalho, o patrão nos “olha atravessado”, não somos homens, não temos sentimentos e nem problemas, para o patrão somos objetos que precisam produzir sempre e quando não produzimos somos descartados, ai que vontade de fazer um “gesto obsceno” para o patrão, mas voltamos atrás, pois pensamos nos nossos filhos, na “boca que nunca para”, no pão nosso de cada dia, lembramos do antigo ditado: “quem não trabalha não come”, engolimos o patrão a seco, afinal ele é o patrão e nós os empregados, ele anda sempre de carrão e nós de ônibus, quando muito de Gol.

Recebemos o salário, salário de fome? Ou salário que apenas dá para matar a nossa fome? Pagamos água, luz, telefone, fazemos compras, escola dos filhos, compramos roupas e calçados, o dinheiro já foi tudo, a mulher reclama: “meu bem o dinheiro já acabou? Trabalhar mais um mês, começar tudo de novo, enfrentar o trânsito, o patrão novamente sorrindo pra nós, jogar na Mega-Sena e sonhar que somos milionários, para acordarmos na dura realidade da vida.

A vida já não corre mais, voa a cada segundo e a cada minuto e as horas empurram os meses e anos para frente. Não temos tempo para pensar, somos pensados. Não temos tempo para amar, fingimos que amamos. O lixo virou luxo, existem varias verdades, acreditamos em tudo e em nada também. O essencial foi derrotado pela aparência, o simulacro reina, fazemos sexo pela televisão, pela internet, o Big Brother inspira-nos, somos seres conhecidos por números e senhas. A mulher nua na revista vale mais do que seu corpo presente. O que é novo de manhã ao anoitecer já envelheceu, a vida é uma roda que roda e precisamos rodar junto com ela, para não corrermos o risco de ficar parados fora da roda da vida que roda sem parar.

Quem nunca teve vontade de “chutar o balde”? De mandar tudo para o ar, esquecer do tempo, esquecer dos compromissos, esquecer das contas, ir para o alto de uma montanha, beijar a lua e brincar com as estrelas, de armar uma rede no infinito e viajar na imensidão do universo? Apenas o sonho continua e felizes os que sonham, pois sonhar não paga nada, e muitos sonhos podem se tornar realidade. Por enquanto vivemos como “urbanoides melancólicos, como disse o grande Drummond: “Eta vida besta, meu Deus”. La vamos nós. Ótimo fim de semana a todos.

Giovani Ribeiro Alves.
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Antes de julgar...



Nós temos o hábito de julgar e condenar os políticos por corrupcão, más será que só eles são corruptos ou será que a corrupcão já faz parte do DNA do brasileiro.

Leia atentamente o texto abaixo que diz que brasileiro é assim:

Saqueia cargas de veículos acidentados nas estradas.

Estaciona nas calçadas, muitas vezes debaixo de placas proibitivas.

Suborna ou tenta subornar quando é pego cometendo infração.

Troca voto por qualquer coisa: areia, cimento, tijolo, dentadura.

Fala no celular enquanto dirige.

Trafega pela direita nos acostamentos num congestionamento.

Dirige após consumir bebida alcoólica.

Fura filas nos bancos, utilizando-se das mais esfarrapadas desculpas.

Pega atestados médicos sem estar doente, só para faltar ao trabalho.

Faz “ gato “ de luz, de água, internet e de tv a cabo.

Registra imóveis no cartório num valor abaixo do comprado, muitas vezes irrisórios, só para pagar menos impostos.

Compra recibo para abater na declaração do imposto de renda para pagar menos imposto.

Muda a cor da pele para ingressar na universidade através do sistema de cotas.

Quando viaja a serviço pela empresa, se o almoço custou 10 pede nota fiscal de 20.

Comercializa objetos doados nessas campanhas de catástrofes.

Estaciona em vagas exclusivas para deficientes.

Adultera o velocímetro do carro para vendê-lo como se fosse pouco rodado.

Compra produtos pirata com a plena consciência de que são pirata.

Diminui a idade do filho para que este passe por baixo da roleta do ônibus, sem pagar passagem.

Emplaca o carro fora do seu domicílio para pagar menos IPVA.

Frequenta os caça-níqueis e faz uma fezinha no jogo de bicho.

Leva das empresas onde trabalha pequenos objetos como clipes, envelopes, canetas, lápis... como se isso não fosse roubo.

Comercializa os vales-transporte e vales-refeição que recebe das empresas onde trabalha.

Comercializa ingressos e cortesias de eventos mesmo estando escrito no próprio ingresso “proibido a comercializacão”

Falsifica tudo, tudo mesmo... só não falsifica aquilo que ainda não foi inventado.

Quando volta do exterior, nunca diz a verdade quando o fiscal aduaneiro pergunta o que traz na bagagem.

Quando encontra algum objeto perdido, na maioria das vezes não devolve.

E quer que os políticos sejam honestos...

Esses políticos que aí estão saíram do meio desse mesmo povo ou não?

Brasileiro reclama de quê, afinal?

A justiça no nosso país é um nojo, é permissiva, viciada e corruptível.

Mas o que esperar de leis feitas pelos políticos que elegemos ?

Não estou defendendo nenhum político, mas antes de cobrar honestidade de alguém, vamos primeiramente ser honestos.

Andréia Mesquita .

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sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Maria, escrava doméstica



Há um curta de animação chamado Vida Maria, de autoria de Márcio Ramos, que deveria ser material obrigatório para psicólogos, professores, e toda a espécie de cuidadores da infância. Deveria, sobretudo, ser material de divulgação ampla entre as mulheres, não importa de qual classe social, afinal somos nós, mulheres, as grandes cuidadoras da infância, as molas mestras pelas quais passa a saúde física e emocional da família.A animação em questão é de cortar o coração. É uma história de poda de asas quando essas mal começam a apontar. Tendo o sertão do Ceará como pano de fundo - e o governo daquele estado como promotor através da lei estadual de incentivo à cultura - nos traços dos personagens vemos transparecer a aridez da vida das Marias que apresenta, todas pertencentes a uma mesma família de mulheres, definhando sob o sol, laborando incansavelmente pelo bem da família. Há um caderninho na casa, um só, onde cada uma, na infância, desenhou seu nome, numa tentativa solitária e vã de alfabetização. Logo os afazeres domésticos as chamam, mesmo pequeninas. Lá se vão elas a lavar, limpar, cozinhar, cuidar dos irmãos pequenos e dos homens que chegam do trabalho, e o caderninho fica abandonado, mal bordado com suas letrinhas infantis. Outra Maria virá, de uma nova geração, e irá também fazer ali sua tentativa de realização da infância: brincar, descobrir, aprender.
Assistimos os sonhos dessas moças Marias serem enterrados, transgeracionalmente, sem que nenhuma mãe interrompa o ciclo para que a geração seguinte tenha uma chance de escapar ao destino de envelhecimento precoce, analfabetismo e parição excessiva. A única fala no filme é a da primeira mãe retratada, a chamar a menina que vê "à toa", debruçada sobre o caderninho no batente da janela e diz tudo: "em vez de ficar perdendo tempo desenhando o nome, vá lá pra fora arranjar o que fazer, vá. Tem um pátio pra varrer, tem que levar água pros bichos. Vai menina! Vê se tu me ajuda, Maria!"
Diz o dito popular que a fruta não cai longe do pé. Pessoalmente acredito que o pé não gosta que a fruta role para longe. É, talvez, da natureza do pé. O pé tem braços invisíveis, palavras que não são audíveis aos ouvidos humanos, mas que conseguem, esses braços e essas falas, penetrar no cerne da fruta e segurá-la para que permaneça presa a um caminho conhecido, portanto, seguro. Ainda que medíocre, ainda que castrador e mesmo chegando a ser um fardo, de maneira geral o conhecido é tido como mais seguro e, consequentemente, a melhor indicação que podemos fazer para nossos filhos. Afinal, nenhuma mãe amorosa lançaria seus filhos rumo à escuridão, certo? Até a mãe da Chapeuzinho Vermelho lhe disse que não fosse à floresta! Ela é que desobedeceu e nós sabemos no que deu.
Mas a questão é que o cuidar, o educar - essa tarefa tão complexa que na verdade é impossível - não deveria ser simplesmente repetir destinos. Na nutrição que nós, mães, oferecemos às famílias e, fundamentalmente a nossos filhos, deveriam estar presentes as muitas possibilidades de se evadir para longe das tradições das gerações passadas. Não temos como saber que novos caminhos serão esses e nem sequer onde podem levar, para o bem e para o mal, mas a possibilidade de que se faça diferente, de que os filhos possam se realizar enquanto indivíduos, criando asas que os levem para paragens muito diferentes daquelas que havíamos imaginado para eles, tem que estar lá. Creio que é preciso manter uma porta aberta por onde os filhos fujam dos destinos e tradições das famílias. Não se deve fechá-la. É por essa mesma porta que eles retornarão anos mais tarde, trazendo novos perfumes e cores e abraçando o lado bom da família que se renova e, assim, se afasta da raiz latina onde "famulus" designa, dentre outros, "escravo doméstico".

Maria Lucia Bandeira Vargas.

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Felizes, mas não para sempre



A arte não perdoa as princesas dos contos de fadas. E nem a vida real. Está fazendo muito sucesso um livro em espanhol intitulado "La Cenicienta que no quería comer perdices", mais uma releitura do clássico conto de fadas, Cinderela. O livro deve sair em breve no Brasil, mas vários blogs e jornais já se derramaram em elogios ao inusitado trabalho conjunto de duas mulheres, Nunila López, escritora, e Myriam Cameros, ilustradora. As autoras, até então, não eram campeãs de vendas em seu país, Espanha, e nem sequer tinham dinheiro para bancar essa publicação, que fora recusada pelas editoras. Mas após conseguirem relativa divulgação via internet e realizarem o lançamento de uma pequena tiragem, uma editora grande se interessou e o sucesso foi imediato. A chave para tal sucesso? Ironia feminina, uma arma poderosa. Ao ironizar o sonho presente no imaginário feminino de casar com um príncipe "encantado", mudar-se para um castelo e ser feliz "para sempre", as autoras atingiram um nervo também universal no imaginário feminino: o da frustração com a ideia de ser "feliz para sempre" caso encontre o homem "certo". Convenhamos, é muita exigência para a vida real e procurar seguir esse script só pode terminar em frustração e mágoa.
O título do livro em espanhol faz referência ao desfecho dos contos de fadas naquela cultura que, ao invés do "foram felizes para sempre", terminam com "y fueron felices y comieron perdices". Aparentemente, a Cinderela das espanholas não queria comer perdizes ou ser feliz para sempre. Essa Cinderela parece mais próxima do princípio de realidade como proposto por Freud, mais apta a dar conta das exigências e malogros inevitáveis na vida, onde não é possível ser feliz todo o tempo, onde os príncipes encantados não existem e nem é justo delegar a terceiros toda a responsabilidade pela nossa felicidade. Assim, a personagem, que sofre por suas próprias inseguranças e acaba descobrindo que o príncipe não possui solução para seus problemas, decide tomar as rédeas de sua existência. Acaba por recorrer à fada madrinha, que se chama "Basta!", se liberta daquela vidinha vulgar e vai dar rumo a seus anseios abrindo um restaurante vegetariano, ou seja, nada de perdizes no cardápio.
Transformar os destinos das beldades dos contos de fadas para além do "felizes para sempre" de forma a contrastá-los com a dura realidade, foi o que fez a fotógrafa Dina Goldstein em sua série "Fallen Princesses", algo como "Princesas Decaídas". Seu trabalho, contudo, é muito mais ferino que o de Nunila e Myriam, aproximando-se do humor negro. As fotografias são primorosas e surpreendentes. Branca de Neve está infeliz com quatro filhos pequenos para cuidar enquanto o príncipe assiste à TV, esparramado na poltrona, cerveja em punho. Cinderela bebe sozinha em um típico bar americano de beira de estrada, observada por homens de aparência sórdida. Rapunzel, careca, enfrenta o câncer em uma cama de hospital, agarrada a uma peruca loura de longas tranças. Bela submete-se a dolorosos procedimentos estéticos na vã esperança de reter sua beleza na luta contra a passagem do tempo. Esse trabalho, postado inicialmente foto a foto no blog da fotógrafa, também alcançou reconhecimento mundial via internet e atualmente pode ser encontrado em um site inteiramente dedicado à série, o www.fallenprincesses.com.

Temos que reconhecer que, embora tristes, essas cenas não são impossíveis e nem sequer incomuns na vida de mulheres reais.
Li na internet depoimentos de mulheres de diferentes nacionalidades, empolgadas com a publicação das duas criativas espanholas. Vejo refletido nesses posts e na recepção das fotografias o anseio coletivo das mulheres ocidentais do século 21 de se livrarem de padrões absurdos de exigência, inclusive os de serem magras, belas, sedutoras, bem sucedidas, disponíveis e felizes, para sempre.
Em tempo: a escritora e artista plástica porto-alegrense Paula Mastroberti também já fez deliciosas releituras e travessuras com os contos de fadas, que podem ser obtidas através de contato com a própria autora, pelo e-mail paula@mastroberti.art.br.

* Maria Lucia Bandeira Vargas é doutoranda em Letras pela PUCRS. Professora na Imed, leciona e pesquisa nas áreas de língua inglesa, leitura e literatura e é autora do livro O fenômeno fanfiction: novas leituras e escrituras em meio eletrônico. E-mail para contato: malubvargas@gmail.com

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

A escrita à mão



Não sei em que dia caiu, mas houve um momento na Pré-História em que o homem, com um só gesto, avançou duas casas na escala evolutiva. Foi quando ele se pôs de pé e começou a garatujar com carvão na parede da caverna. Isso o separou dos outros animais, que continuaram ágrafos e de quatro.

De certa forma, esse gesto se repetiria nos bilhões de crianças que, desde então, fariam o mesmo na parede da sala, só que usando um lápis. Pois matéria de Talita Bedinelli numa Folha de janeiro me alertou para algo em que eu não tinha pensado: até quando nossas crianças, com suas mochilas equipadas com notebooks, celulares e toda espécie de badulaques eletrônicos, continuarão escrevendo... à mão?

A ideia de que tal prática seja abolida do cardápio de funções humanas é de assustar _mas, pela primeira vez, palpável. De fato, com um notebook sempre disponível, para que perder tempo e espaço com cadernos, esferográficas, lápis, borrachas e, pior ainda, com dicionários, gramáticas e livros de texto?

Ou talvez não haja motivo para preocupação. Eu próprio, em tenra idade, comecei a escrever a máquina quase ao mesmo tempo em que à mão. Isso não me livrou de usar caneta-tinteiro, mata-borrão, apontador de lápis, tabuada, régua e outros apetrechos, então obrigatórios na vida escolar. Mas só porque eu não podia levar a máquina de escrever para a sala de aula.

A história da escrita tem passagens lindas. Uma delas, narrada a mim por uma amiga, conta como, por volta de 1855, os barqueiros que singravam o Sena de madrugada, nos arredores de Rouen, se guiavam por uma luz de vela que, noite após noite, durante seis anos, saía da janela de uma casinha à margem do rio. Eles não podiam saber, mas era Flaubert escrevendo _à mão, é claro_ 'Madame Bovary'.

Ruy Castro.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

O Preço de uma Vida



uma pausa para reflexão se faz devida.
Quanto vale uma vida? Será que, por não ser ainda alguém que contribui para a sociedade, por não ter voz suficientemente alta para se defender, o embrião ou o feto merece a morte?
O que pretendemos com tal posicionamento?
Recordamos que na China, a partir de 1981, entrou em vigor a lei de um único filho.
Desde então, tem crescido o número de crianças, sobretudo meninas, abandonadas ao nascer.
A jornalista Xinran, hoje radicada em Londres, conta uma de suas experiências dolorosas, do ano de 1990.
Era uma manhã de inverno. Ao passar por um banheiro público, uma multidão ruidosa estava rodeando uma sacola de roupas, entregue ao vento da estrada.
A jornalista se aproximou e recolheu a trouxinha: era uma menina de apenas alguns dias.
Estava azul de tão gelada e o pequeno nariz tremia.
Ninguém ajudou Xinran. Ninguém moveu um dedo para salvar a criança.
Ela a levou ao hospital, pagou pelos primeiros socorros mas ninguém ali estava com pressa de salvar aquela recém-nascida.
Somente quando Xinran apanhou seu gravador e começou a relatar o que via, um médico parou e levou o bebê para a emergência.
Uma enfermeira disse: Perdoe-nos a frieza. Há bebês abandonados demais. Ajudamos mais de dez, mas depois ninguém queria se responsabilizar pelo futuro deles.
A vida se tornou ali tão banal, a sorte das meninas recém-nascidas é tão incerta que se prefere deixá-las morrer.
Será que é algo assim que desejamos para nosso país? Que a vida em formação se torne de importância nenhuma, de forma a que possa ser eliminada, em pleno florescer?

Pensemos nisso
Hoje decide-se pela morte de milhares de brasileiros que nunca chegarão a ver a luz do sol.
Logo mais, poderemos ter leis que dirão quem pode ou não continuar vivo.
Um idoso que somente onera a sua família merecerá continuar a viver?
Um portador de anomalia grave ou deficiência mental?
Quem está desempregado, quem não contribui eficazmente para a sociedade!?

Para onde caminharemos?
Manifestemo- nos. Digamos aos nossos representantes que somos cristãos e prezamos a vida, que nos é dada por Deus, não competindo ao homem destruí-la, por livre deliberação.
Felizmente, para a pequenina chinesa, a voz da jornalista soou forte. Ela transmitiu a história em seu programa de rádio.
As linhas telefônicas foram tomadas por chamadas de ouvintes. Alguns muito zangados pela sua atitude de salvar uma vida. Outras, solidárias.
Três meses depois, a menininha foi entregue a sua nova família: uma professora e um advogado. E ganhou um nome: Better, que, em inglês, significa A melhor.
*
Recordemos que um dia, nós mesmos, frágeis, pequenos, aconchegamo- nos em um útero, rogando a um coração de mulher por vida e por amor.
E se hoje estamos escrevendo, lendo ou ouvindo este texto é porque nos foi permitido nascer.

Pensemos nisso.

Redação do Momento Espírita. Texto com base no cap. Os estrangeiros que adotam..., do livro O que os chineses não comem, de Xinran, ed. Companhia das Letras. Em 26.08.2008.
Se desejar comentar, fique a vontade.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Em terra de cego



Quem tem um olho pode ser um louco ou um monstro! H.G. Wells contou a história de um homem que sofreu um acidente, durante a prática de esqui numa montanha coberta de neve. Quando acordou, viu-se socorrido numa pequena comunidade, um lugarejo solitário, onde todos os moradores eram cegos. A explicação dada é que o reflexo solar na neve cegou os primeiros moradores, e, no decorrer de gerações, a cegueira tornou-se congênita. Todos nasciam sem olhos. O homem tentou revelar algumas coisas e mostrar como o mundo de fato era, desmentindo os anfitriões e catedráticos tidos como sábios e experientes do lugar, entretanto, ele foi considerado louco e conduzido a um médico. O doutor constatou que o homem tinha algo sob as sobrancelhas, “em forma oval, ou circular, algo aleijado que se move”, causando alucinações. Fizeram a cirurgia de “reparo”, extraíram “os aleijões” (olhos), para deixá-lo normal como todos.

José Saramago, ao escrever Ensaio sobre a Cegueira, conta a história de uma mulher que finge ser cega para não ser escravizada pelo povo cego, que não sabia da verdade. Isto vale uma moral que contraria o antigo provérbio (em terra de cego, quem tem um olho é rei). Contraria também o pensamento que, ao longo da história, alude à cegueira numa perspectiva depreciativa. A literatura antiga fornece os exemplos de Édipo e Tirésias, personagens que mostram a cegueira associada ao estigma da punição. O provérbio ainda contradiz outra lição dada pelo filósofo Platão, na famosa Caverna, onde as pessoas ficavam contentes com o mundinho das sombras e com a viseira nos olhos, sem a liberdade que o verdadeiro conhecimento nos dá, embora, vez por outra, ficamos presos aos conhecimentos que nos deixam vulneráveis, tais como fofocas ou realidades sinistras de gente influente e importante. Afinal, a vida pública, com seus poderes políticos, não seria uma mistura de “hipocrisia, conchavo, acobertamento” e troca de favores e silêncios?

Às vezes, quando se tem os dotes de uma visão além do comum, precisamos aprender a fechar os olhos. Se ouvimos ou temos informações que são um tanto quanto perigosas, precisamos aprender a tapar os ouvidos e nos calar. Porque a maioria dos casos na realidade e na literatura acaba em catástrofe para os tidos como "supercientes, ou dotados de boa memória", levando sempre a pior.

A debilidade física não impede o homem de se sobressair, demonstrar a capacidade e apreciar o belo. Há vários exemplos: Beethoven ficou surdo e ainda compôs, Francisco Landino (pianista cego florentino), Antônio Cabezón (organista cego), escritores cegos: António Feliciano de Castilho, a ensaísta americana Hellen Keller, a poetisa e professora Virgínia Vendramini; o violinista cego Manuel de Lima, os compositores cegos Joaquín Rodrigo (espanhol, autor do Concierto de Aranjuez), o brasileiro Beto Melo, o tenor Andre Bocelli, Ray Charles e Stevie Wonder são/eram cegos; a cantora brasileira Kátia e, mais recentemente o grupo Tribo de Jah, todos demonstrando talentos. Por isso, a frase dita pelo escritor Vitor Hugo parece irrefutável: “o cego vê na sombra um mundo de claridade; quando o olho do corpo se apaga, acende-se o olho do espírito”. Aos abençoados pelos dotes completos de todos os sentidos, tidos como “perfeitos”, é preciso ser grato, saber calar, tapar os olhos e ouvidos quando necessário.

Leonardo Teixeira.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

A lei de Gerson



Quando eu ainda morava no Brasil, lembro de uma propaganda
onde o Gérson (famoso jogador de futebol) estrelava uma campanha de cigarros e falava do tal jeitinho certo e bacana de “levar sempre vantagem”. Acho que esta campanha publicitária fez um estrago no subconsciente coletivo de alguns brasileiros e, mais que nunca, criou-se a cultura do certo é “levar vantagem”. Neste quesito não me sinto orgulhosa de ser brasileira.

Dizendo isso quero contar uma história que aconteceu comigo. Tenho um carro meio velho e rodado, mas que eu gosto muito porque é meu, me leva para todos os lugares que eu quero e me causou poucos problemas até agora. Tenho comigo que a vida é feita de prioridades. Quando um carro mais novo e bacana for prioridade ou se acontecer uma boa oportunidade, vou trocar de carro, se não, eu gosto do meu carro.

Alguém da comunidade achou que eu deveria comprar um carro, “uma raríssima oportunidade de negócio” de eu ter um carro mais “apresentável”. Não estava com muita vontade de comprar outro carro, não queria muito entrar no tal negócio, mas o rapaz soube fazer bem sua persuasão. Eu estava num momento de mudanças e nem tive tempo de entrar em detalhes, vi o carro e me parecia em bom estado. Como a pessoa era alguém próximo, acabei assinando o cheque e fazendo o negócio. Passado o meu sufoco, com calma peguei o título do carro e fui na “Motor Veículos” de Connecticut registrá-lo. Para minha surpresa, o carro era o que eles aqui chamam “salvaged car”, o que quer dizer perda total. Praticamente o veículo foi dado como perda total em um acidente.

No início nem queria muito acreditar, até que a senhora da Motor Veiculos gentilmente me explicou que, na verdade mesmo, por lei este veículo não poderia nem mesmo transitar em Connecticut sem uma devida inspeção, apurada com fotografias e comprovantes de que o carro estava mesmo em “novas condições”. Em outras palavras, cai no “conto do vigário”.

Não valia nem um quarto do preco que me fizeram pagar. Obviamente era um direito meu ter o dinheiro de volta, o que foi recusado numa primeira conversa, mas devido à intervenção de outras pessoas, para o problema nao ficar maior, o dinheiro foi devolvido. Contei esta história para alertar as pessoas de boa fé a não cair na conversa dos “Gérsons” da vida. Posso entender que quando estas coisas acontecem sem que o outro lado tenha intenção, existem muitos modos de contornar a situação pedindo desculpas e a vida continua. Mas que o sujeito, além de se comportar assim, possa adotar ainda uma certa hostilidade, como se fosse eu a tentar levar vantagem na história, é complicado entender.

Bem, a história foi resolvida, mas às vezes fico pensando por que as pessoas pensam que podem enganar as outras? Não é ético, não é bacana. Brasileiros que vivem aqui deveriam refletir e pensar que “a lei do Gérson” não se aplica muito aqui. Aqui é um país de leis e direitos. No Brasil sempre se dá “um jeitinho”. Aqui não funciona. Não comprem carros sem todas as relativas informações, cada detalhe, mas principalmente siga sua intuição, se seu coração não pedir, não faça nenhum negócio.
Arilda Costa.


Deixe aqui seu comentário. Você conhecia a Lei de Gerson? Conta pra nós!

domingo, 21 de fevereiro de 2010

A porta mais larga do mundo - reflexão



Cuidado aos escolher as portas por onde passa.


Conta-se que um dia um homem parou na frente do pequeno bar, tirou do bolso um metro, mediu a porta e falou em voz alta: dois metros de altura por oitenta centímetros de largura.
Admirado mediu-a de novo.
Como se duvidasse das medidas que obteve, mediu-a pela terceira vez. E assim tornou a medi-la várias vezes.
Curiosas, as pessoas que por ali passavam começaram a parar.
Primeiro um pequeno grupo, depois um grupo maior, por fim uma multidão.
Voltando-se para os curiosos o homem exclamou, visivelmente impressionado: “parece mentira!” esta porta mede apenas dois metros de altura e oitenta centímetros de largura, no entanto, por ela passou todo o meu dinheiro, meu carro, o pão dos meus filhos; passaram os meus móveis, a minha casa com terreno.
E não foram só os bens materiais. Por ela também passou a minha saúde, passaram as esperanças da minha esposa, passou toda a felicidade do meu lar...
Além disso, passou também a minha dignidade, a minha honra, os meus sonhos, meus planos...
Sim, senhores, todos os meus planos de construir uma família feliz, passaram por esta porta, dia após dia... gole por gole.
Hoje eu não tenho mais nada... Nem família, nem saúde, nem esperança.
Mas quando passo pela frente desta porta, ainda ouço o chamado daquela que é a responsável pela minha desgraça...
Ela ainda me chama insistentemente...
Só mais um trago! Só hoje! Uma dose, apenas!
Ainda escuto suas sugestões em tom de zombaria: “você bebe socialmente, lembra-se?”
Sim, essa era a senha. Essa era a isca. Esse era o engodo.
E mais uma vez eu caía na armadilha dizendo comigo mesmo: “quando eu quiser, eu paro”.
Isso é o que muita gente pensa, mas só pensa...
Eu comecei com um cálice, mas hoje a bebida me dominou por completo.
Hoje eu sou um trapo humano... E a bebida, bem, a bebida continua fazendo as suas vítimas.
Por isso é que eu lhes digo, senhores: esta porta é a porta mais larga do mundo! Ela tem enganado muita gente...
Por esta porta, que pode ser chamada de porta do vício, de aparência tão estreita, pode passar tudo o que se tem de mais caro na vida.
Hoje eu sei dos malefícios do álcool, mas muita gente ainda não sabe. Ou, se sabe, finge que não, para não admitir que está sob o jugo da bebida.
E o que é pior, têm esse maldito veneno, destruidor de vidas, dentro do próprio lar, à disposição dos filhos.
Ah, se os senhores soubessem o inferno que é ter a vida destruída pelo vício, certamente passariam longe dele e protegeriam sua família contra suas ameaças.
Visivelmente amargurado, aquele homem se afastou, a passos lentos, deixando a cada uma das pessoas que o ouviram, motivos de profundas reflexões.

...................................

Você sabia que, segundo o Ministério da Saúde, em um ano foram internados 84.467 brasileiros por transtornos mentais e comportamentais devido ao uso do álcool, demandando um gasto de mais 60 milhões de reais?
Ainda segundo o Ministério da Saúde, o álcool é a droga mais usada pelos jovens no Brasil.
Segundo pesquisa realizada em 14 capitais brasileiras pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura), o consumo começa cedo: em média, aos 13 anos. E o pior é que o álcool é a porta principal de acesso às demais drogas.
E você sabia que a influência da TV e do Cinema nos hábitos de crianças e adolescentes foi recentemente comprovada por pesquisadores da Escola de Medicina de Dartmouth, nos Estados Unidos?
Por todas essa razões, vale a pena orientar vossos filhos para que não seja mais um ou mais uma a aumentar essas tristes estatísticas.


* * *
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base em história de autoria desconhecida e em matéria publicada pela Folha de São Paulo em 24/03/2002, intitulada “Nunca se bebeu tanto na TV”.
Connecticut - New York - New Jersey

Lei quer controlar acesso à internet



Está tramitando na comissão de constituição e justiça do Senado Federal, um projeto de lei, chamado de “cibercrimes” de autoria do senador mineiro Eduardo Azeredo (PSDB) que se aprovado poderá sobre o pretexto de criminalizar crimes cometidos na internet, acabar com a liberdade de criação na rede mundial de computadores e transformar internautas em criminosos.

O PL 84/99 apelidado por AI-5 Digital em referência ao ato institucional imposto durante a assassina ditadura militar brasileira, de triste memória, que caçou todos os direitos constitucionais dos brasileiros, poderá na prática restringir nossa liberdade, de criação, de conhecimento, difusão de cultura, privacidade, anonimato e principalmente acabar com o que a internet tem de mais revolucionário que é a possibilidade de universalização da tecnologia, da liberdade e do conhecimento.

Utilizando do pretexto inclusive de conter crimes na rede, como os de pedofilia, roubos de senhas bancárias, transferências ilegais de valores, o projeto na verdade vai ao encontro de grandes grupos econômicos que planejam cartorizar e carterizar o acesso a rede cobrando altas somas em dinheiro para “legalizar” tudo, para se mandar um simples email poderá ser preciso ter autorização emitida em cartório do provedor em que será utilizado, algo impensável e impraticável.

Se aprovado o substituto do senador, atos como copiar e-mail, mensagens, matérias de jornais, publicações online, posts de blogs, poderão simplesmente a partir de um clique tornar os internautas em criminosos e colocar todos até atrás das grades, fala-se de dois a quatro anos de reclusão.

As conhecidas redes P2P, conexão WIFI, os provedores de internets, lan houses, casas de jogos eletrônicos estão pelo substituto de Azeredo com os dias contados, princípio máximo para o processo de criação que é á liberdade de pensamento, expressa em nossa carta magna constitucional será vigiado, a cibercultura, a troca de informações, a agilidade do mensenger, o envio de fotografias, tudo que é feito por qualquer cidadão do mundo, sem nenhum conhecimento mais apurado, poderá ir por água abaixo, o retrocesso informacional é imensurável.

A inclusão digital defendida e praticada por qualquer governo sério e democrático, também cessará, como incluir digitalmente sem poder fazer nada dos já citados atos digitais acima? Lembram daquela velha história de quando a criança faz a “merda” na bacia, não se joga tudo fora, a criança fica, a merda vai, aqui não é repetida, por alguns usos indevidos, impróprios e proibidos na rede mundial de computador por criminosos se justificaria mandar para o ar a criança com bacia e tudo mais! É mole?

Nossa sociedade brasileira, as universidades, intelectuais, professores, estudantes, igrejas, amantes e defensores da liberdade de várias formas precisam se mobilizarem contra esta tentativa de restringir nossa liberdade digital.

Atos públicos já foram organizados em algumas cidades brasileiras, como Porto Alegre, São Paulo e Belo Horizonte, eles saíram na frente, nós goianos, blogueiros, navegadores de várias espécies precisamos também darmos nosso grito de alerta, aliás, nossa clicada e postada contra o que representa a iniciativa parlamentar do senador mineiro, inclusive ele, acusado de ser ligado ao valerioduto que culminou no mensalão, lembram de Ali Babá, do Roberto Jeferson, do Zé Dirceu e de mais trinta e oito “cidadãos”?

A sociedade em redes, discutida pelo sociólogo espanhol, Manuel Castels e muito bem retratada em sua obra denominada “A sociedade em redes” deve sim seguir leis e constituições, mais o estado moderno não pode limitar determinados avanços,

“O que deve ser guardado para o entendimento da relação entre a tecnologia e a sociedade é que o papel do Estado, seja interrompendo, seja promovendo, seja liderando a inovação tecnológica, é um fator decisivo no processo geral, à medida que expressa e organiza as forças sociais dominantes em um espaço e uma época determinados”

(CASTELLS, 1999, p. 45).

Uma simples lei criada sem a devida discussão com a sociedade organizada, os cursos de informática,comunicação e afins não pode simplesmente ser apresentada,aprovada e começar a valer de cima para baixo.

O destacado geógrafo brasileiro, cidadão do mundo, Milton Santos (2000) nos ensinou que a Terra é a morada do homem, mais poderá ser também sua prisão, a internet e seu uso também representam nesse momento uma terra globalizada, nos traz mil e uma opções positivas e claro poderá trazer também negativas.

De acordo com pesquisa do IBOPE/Net ranking, somos mais de 22 milhões de usuários e estamos crescendo a cada dia, somos ainda o povo do planeta que mais ficamos plugados em média por dia, algo em torno de 2 horas diárias,carreiras profissionais ligadas à educação e a profissionalização no trabalho são disparadas as mais procuradas nos sites de busca, deixando inconteste a importância da rede de computadores para nosso crescimento pessoal,intelectual e profissional, sem barreiras em um mundo que caminha a cada minuto para uma maior interação.

Só seremos presos e presas fáceis da era da digitalização se não formos capazes de educarmos nós mesmos e de estendermos o acesso também aos menos favorecidos, o grito por software livres, as redes sociais, o uso livre do e-mail, da web, os telefones celulares, as conversas on-line, o twitter, o face book e outras tecnologias que estão chegando, tornam todas barreiras do atraso transponíveis.

O fenômeno da comunicação humana nunca foi tão avançado, a colaboração entre os homens, a diversidade, o respeito, as diferenças, a socialização, pedem passagem e não devem se ajoelharem perante a ameaça que hora nos chega, vamos a luta gente.

Mamede Leão é historiador e professor universitário.
Se você concorda com esta lei, deixe seu comentário!!!

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Mosquitinho contra gigantes



Na literatura e na vida há inúmeros exemplos de seres minúsculos que derrotam criaturas imensas. A lendária e bíblica história de Davi é um exemplo disso. Esse jovem pastor de ovelhas sabia que não podia contar com recursos humanos, filosóficos e, desprovido de teorias de guerra, tinha que lutar por conta própria para sobreviver. Assim como derrotou um leão e um urso, venceu o gigante e temido Golias.

Todos nós temos pequenos defeitos que insistem em nos derrotar. Às vezes, cônscios de nossas mazelas, nós não conseguimos mudar nossa natureza, salvo após muita insistência e força de vontade.

Em todo o Brasil, outro ser pequeno está derrubando muita gente grande: dengue. O mosquitinho se alastra e o vírus consegue se modificar. Os hospitais estão sobrecarregados. De dez atendimentos, oito são suspeitos de dengue.

Por mais que sejam divulgadas as medidas necessárias para evitar que o mosquito se prolifere, muitos insistem em não cuidar dos quintais, das caixas d'água etc. Não adiantam as campanhas que falam sobre colocar areias nos vasos das plantas, evitar que objetos acumulem água e tantas outras medidas preventivas. Se toda a população não colaborar, a dengue realmente vai ganhar.

Febre, dores no corpo, cefaléia, manchas vermelhas, um gosto amargo na boca que só passa com chá das folhas de picão e tantos outros sinais que fazem com que os bancos de espera de atendimentos nos hospitais fiquem lotados.

Não há vacina, não há remédio imediato. São quinze dias ruins que se tornam outros trinta caso seja hemorrágica. O único recurso é hidratação. Água e soro. Quanto mais, melhor.

Ficamos impressionados como uma picada de um mosquitinho tão minúsculo pode acabar com a nossa sanidade física. O Aedes aegypti é a nova Formiga Atômica da modernidade. Derrotá-lo é tarefa árdua que requer união de toda a comunidade. E, convenhamos, a comunidade nunca foi unida!

Nós podemos ser os moinhos de vento que derrotam Dom Quixote, nessa paródia de gigantes contra pequenos. Dom Quixote "se arremete contra os moinhos de vento, à sua frente, convencido de que são gigantes. Enristou a lança e atacou o moinho mais próximo, espetando o ferro numa das asas". Cervantes, ao descrever a conduta de Dom Quixote, onde os imaginários gigantes, na verdade moinhos de vento, derrotam o herói, a sua insistência em confundir o real com o imaginado é a razão de seu fracasso.

Não podemos confundir o imaginário com o real. Contra a dengue deve ser deflagrada uma guerra, onde a compreensão e a união, não são apenas emblemáticas palavras de protesto. São condutas necessárias para que nós possamos derrotar o mosquito da dengue.

Por: Leonardo Teixeira, escritor.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O crack não pode ser um câncer social!



Tenho acompanhado de perto os números e, com muita angústia, percebo que nossos jovens e adolescentes estão morrendo em câmera lenta com uso do crack. Esta droga poderosa vicia, mata e dilacera muitos lares em nosso País, pois é uma realidade mais próxima de nós do possamos imaginar.

Estudo recente realizado em Salvador, São Paulo, Porto Alegre e no Rio de Janeiro detectou um aumento do número de usuários de crack em tratamento ou internados em clínicas para atendimento a dependentes de álcool e drogas. Eles respondem por 40% a 50% dos indivíduos em tratamento, dependendo da clínica e de sua localização. A idade média dos usuários de crack (31 anos) é inferior à dos demais pacientes em tratamento (42 anos). Entre os dependentes desta droga, 52% são desempregados.

O levantamento foi coordenado pelo psiquiatra Félix Kesser, vice-diretor do Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e membro da Associação Brasileira de Estudos sobre Álcool e Drogas.

A preocupação com esta droga desencadeou uma campanha do Grupo RBS chamada “Crack nem pensar” que visa declarar guerra ao “crack”. A droga é mais potente que outras substâncias químicas, leva 12 segundos para chegar ao cérebro e causa sensação de euforia, a vontade irresistível de usá-la chama-se fissura que faz com que o usuário se torne agressivo: mente, rouba, se prostitui, além de se tornar alvo de doenças pulmonares e circulatórias que podem levar à morte, os usuários se expõem à violência e a situações de perigo que também podem matá-lo.

Desta forma, com o objetivo de mobilizar nosso Estado nesta grande campanha, criamos o projeto de lei que pretende fazer do dia primeiro de outubro, dia de combate ao “crack” no Estado de Goiás.

Com este projeto de lei, pretendo fazer com que o Poder Público promova nesta data, com a participação da sociedade e do Conselho Estadual de combate às drogas e entorpecentes, eventos para o combate ao “Crack”, como debates, palestras de conscientização nas escolas e em locais públicos.

Mas, como este mal não para de avançar, não podemos esperar que apenas o dia primeiro de ou-tubro seja de combate ao crack. Portanto, no próximo dia 11 de março, abriremos as portas da Assembleia Legislativa para discutir o tema e encontrarmos saída para que esta droga não faça novas vítimas. Se não enfrentarmos agora esta situação, teremos outro câncer entre nós.

Marlúcio Pereira é deputado estadual no estado de Goiás.



quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Memória celular e registro de muitas vidas



Recentemente foi veiculada uma matéria sobre um rapaz que recebeu o coração de um doador e adquiriu desde então o seu paladar. Não é um caso raro, outros tantos iguais a esse já foram noticiados. Em outra reportagem, um homem, que também recebera um coração, apaixonou-se pela viúva de seu doador, que havia falecido após dar um tiro na própria cabeça. Ele casou-se com ela e anos mais tarde também cometeu suicídio da mesma forma. Situações de amor, ódio, apego e outras diversas sensações parecem se transferir junto com o órgão transplantado. Esse fenômeno é chamado de “memória celular”. Não só nosso cérebro traz registros, mas todo nosso corpo, todos os órgãos existentes nele.

O mesmo acontece com as memórias de outras vidas. Quem de nós ainda não passou por um lugar nunca antes visitado nessa existência e teve a nítida sensação de já ter estado ali. Ou falado algo e ter a absoluta certeza de já tê-lo dito, conhecido por “déjà vu” ou em nossa linguagem “já visto”, nada mais são que flashes de lembranças de outra vida registradas em nosso campo energético, dividido por um fino véu, que por vezes nos permite sentir que já vivemos em outro momento.

O campo energético funciona como um HD de computador, registrando todas as nossas passagens pelo corpo físico, chegando um momento em que essas informações precisam ser ordenadas para que essa máquina humana continue seu bom desempenho.

Através de acessos ao passado, podemos efetivar a cura em nosso corpo físico, limpando e ressignificando registros. Muito pode ser resolvido, dores podem ser evitadas, tragédias pessoais podem ser atenuadas e até mesmo extinguidas.

Temida por algumas pessoas, porém, totalmente segura, a regressão de memória é uma das ferramentas mais valiosas e eficientes na solução de traumas experimentados, seja nessa ou em outras vidas. Depressões, síndromes diversas, angústia, dores físicas, problemas de relacionamento, decorrem em sua maioria, por pendências de um passado mal resolvido.

A terapia de regressão não se utiliza necessariamente de processo hipnótico, o passado é acessado através de relaxamento consciente, condução, visualização, liberação por catarse e ressignificação dos registros alcançados pela percepção. O terapeutizando consegue entrar em contato com outra vida e ainda assim, manter-se em pleno controle da existência atual.

O acontecimento não será apagado da memória, mas ressignificado, para que ao ser acessado novamente, seja incapaz de causar transtornos. Todos nós temos uma vida belíssima para ser vivida e aprisionar-se ao que passou, é perder a oportunidade de fazer uma nova história para você e seus descendentes.

Ao trabalhar os fatos vivenciados, liberando e organizando conteúdos traumáticos, tornando-os apenas acontecimentos e não mais que isso, num efeito cascata também são beneficiados aqueles que vieram depois de nós (filhos, netos...). Todo o sistema a que pertencemos se move, partindo de uma ação individual. Segundo Rupert Sheldrake, isso ocorre por meio do Campo Mórfico, também conhecido por Memória Coletiva. Cada membro que faz seu percurso interno, contribui, registrando no campo mórfico daquela família, sua ajuda. É momento de exercitar o amor, a compaixão e compreender que cuidar-se, é também colaborar com a caminhada de outros.

Por: Adriana Silva. É mestre Reiki, terapeuta prânica, regressão de memória, cromoterapeuta, cristalterapeuta, respiradora com técnicas de Rebirther.
Será mesmo que a Adriana tem razão???
O que você concluiu ao ler este texto? Deixe aqui seu comentário.

A nossa literarura infantojuvenil



A literatura infantojuvenil tem ocupado um grande espaço nos meios de comunicação de massa, nos últimos anos, devido a fatores históricos como, por exemplo, o bicentenário de nascimento dos irmãos Grimm, o “julgamento” do Lobo Mau por um tribunal de Veneza e o relançamento do desenho animado Branca de Neve e os Sete Anões, apresentado pela primeira vez há 60 anos.

Aqui no Brasil, a literatura infantojuvenil parece ter alcançado finalmente o seu merecido lugar, com a consolidação das livrarias especializadas que, apesar do pequeno número, mostram que já temos um público definido e interessado. As vendas crescem de modo constante e expressivo.

Também o surgimento da crítica especializada, nos principais órgãos de imprensa, tem contribuído muito para desmistificar uma falsa realidade, antes lida como verdadeira – a de que a literatura infantojuvenil era um gênero de segunda categoria.

É preciso, também, que o programa Salas de Leitura, das entidades oficiais, seja reconhecido como um dos caminhos para o incentivo à literatura infanto-juvenil, para que seja ampliado. Essa foi uma das poucas oportunidades em que o governo federal, através do MEC, se preocupou com o assunto.

A população escolarizada no Brasil é deficiente, existindo o fato já bastante divulgado de 4 milhões de crianças dos sete aos 14 anos estarem fora das escolas. Para que o país consiga vencer os graves problemas sociais que atravessa, inclusive o da educação, será preciso que se comece na infância a corrigir tais distorções. O incremento do hábito de leitura seria um dos primeiros passos. Os pais devem considerar o livro como um instrumento com que a criança tenha um relacionamento íntimo, no qual vai aprender lições que ajudarão muito na sua formação posterior. Se uma criança não possui o gosto pela leitura na infância, na adolescência ou na fase adulta as coisas se tornarão difíceis. No exterior existem cadeiras de literatura infantil até em nível de pós-graduação. No Brasil, já tivemos nos Institutos de Educação o curso de literatura infantil, mas foi estranhamente desativado. Isso demonstra o quanto a nossa literatura infanto-juvenil é desprezada pelas autoridades. O pré-escolar é o grande momento onde deve haver um estímulo à leitura. Essa relação deve ser bem natural, e de forma lúdica, tanto em casa quanto na escola. Mas temos uma grande preocupação com o que a criança realmente deseja. Afinal, o que ela pensa sobre os títulos que estão à sua disposição? Sendo ela a maior interessada, é justo que se faça um levantamento nacional sobre as aspirações do nosso público infanto-juvenil, isso evitaria o pseudodidatismo que pode ser detectado em muitas obras.”

Se antes tínhamos que nos sujeitar à tradução de obras estrangeiras, hoje o que se vê é outra realidade. Desde que pais, professores e pedagogos passaram a se preocupar com o conteúdo dos livros dirigidos às crianças, surgiu em nosso meio editorial o que se pensou que fosse um fenômeno, um boom, mas na verdade, era o florescimento dos nossos competentes autores e ilustradores.

Foi nesse período que surgiu a chamada “corrente realista” na literatura infantojuvenil. A preocupação moralista e também pedagógica deu lugar aos temas ligados à nossa perspectiva sociocultural. Passou-se a questionar a realidade brasileira por intermédio de um humor feito com bastante seriedade. A questão da fantasia ou realidade deixou de ser relevante, o que importava (e ainda importa) era a criança vista como um ser humano e não como um pré-adulto, ou um adulto miniaturizado.

E onde entra Monteiro Lobato, depois do surgimento dessa corrente?

Simplesmente ele é imbatível. A literatura infantojuvenil brasileira tem nele o seu divisor de águas. Apesar de ter sido um escritor conservador para os adultos, Monteiro Lobato era modernista para as crianças. E foi o primeiro a criar a fantasia “abrasileirada”, sem trenós, neves e outros elementos estranhos à nossa realidade, numa época em que o pouco que produzia era uma cópia de modelos estrangeiros.

A função social da literatura infantil ultrapassa a sua própria expectativa, pois é na infância que se forma o hábito ou gosto pela leitura.

A existência hoje de uma literatura infanto-juvenil brasileira amadurecida é um fato que merece a maior consideração.

Vivemos o mundo da eletrônica, com todas as facilidades momentâneas. A nossa literatura infantojuvenil precisa conviver com os novos tempos. No rádio e na TV, infelizmente, também existe uma quase total ausência de espaço para a literatura infantojuvenil. É preciso que a mídia eletrônica seja estimulada a participar desse importante processo.

Nelson Valente.
Comente, fique a vontade!!!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Limpezas e feitiços: Você acredita?



Já antes de terminar o ano que passou, muitas pessoas procuram rituais de passagem de ano.
O latente desejo de deixar para trás as energias negativas advindas senão de nossos próprios erros (negócios malfeitos, desarmonia por falta de comunicação clara e o desconforto decorrente disso) procurando uma forma de deletar essas cargas para que o ano vindouro possa abrir-se de forma positiva, próspera e em equilíbrio.
Na lei maior das energias crê-se que nada deve ser iniciado sem uma boa limpeza, uma mudança de casa, por exemplo. Mas por que razão?
As limpezas (banhos, pontos de fogo, descarregos de toda a forma) estão associados a uma intensa desprogramação de aura (inicialmente), contudo isso não muda determinados comportamentos viciosos que trazemos conosco (os mesmos que por anos tem nos atrapalhado, ser cabeça dura por exemplo). Desejar intensamente outra pessoa ou um trabalho e buscá-los de todas as formas conscientes a partir de uma conquista pelo que somos é uma batalha incrível. Movimentar energias para buscar o que você ainda não foi capaz de atrair pelo que é ou representa para uma pessoa ou para o seu meio de convívio é legal desde que seu desejo não seja egoísta.
Algumas pessoas buscam as energias para violentar a vontade do outro (uma pessoa que deseja intensamente a outra, sem que a outra não esteja com a mesma vontade de viver junto). Muitas vezes alguns trabalhos espirituais podem trazer e afastar pessoas, mas no caso de aproximar, mesmo assim dependerá do que você poderá ou não oferecer a esta pessoa para que ela realmente se encante e queira permanecer ao seu lado. É aí que a começa a verdadeira magia, dependerá de você sempre para manter as coisas por que no fundo você deseja ter a felicidade na relação e não um prisioneiro.
Quando se busca uma limpeza real para os caminhos e a harmonização de sua vida, isso inclui também a retirada de situações e pessoas que estão encima do muro, que não se definem e nem permitem que você se defina. Situações que por birra ou egoísmo você quer que sejam assim, como você unicamente deseja, mesmo havendo em questão à vontade ou a não vontade de outro. Quero dizer com isso que uma limpeza define as coisas. Se a pessoa for embora depois de uma limpeza, agradeça, por mais que doa não lastime, pois saiu do seu caminho alguém que estava de certa forma bloqueando sua vida e suas emoções. Vou dar um exemplo: uma pessoa que precisa estar bem no amor para que seu trabalho flua, se ela estiver vivendo uma situação amorosa indefinida, seus resultados profissionais também serão indefinidos, ou seja, insatisfatórios e isso é uma regra. Antes de procurar qualquer trabalho espiritual procure sondar as verdadeiras razão de seus desejos e principalmente se o que você deseja não é justo ou egóico.
Os trabalhos espirituais assim como as orações que se pedem clareza para a nossa mente, coração e vida são as que são atendidas mais rapidamente. Tenha essa consciência antes de contratar um profissional dessa área para resolver os problemas que você poderia resolver. Sempre digo que as energias alcançam onde as suas mãos não alcançam, mas, até onde suas mãos alcançarem o trabalho é seu, e com isso evite criar ilusões em sua vida, os trabalhos espirituais não foram criados para futilidades e fins egoístas, isso seria magia negra e isso é como cuspir para cima. Acima de tudo a vida é um mistério e as energias sempre atuam juntamente com uma inteligência maior e nem sempre alcançamos essa inteligência quando as coisas parecem dar diferentes do que esperamos. Todos os sacerdotes de umbanda, candomblé, kimbanda, magos esotéricos entre outros sabem disso, portanto respeite-os sempre, pois, a maioria está a serviço do bem. Paz e luz!

Nelson Ribeiro, consultor holístico.


Gostaria que você comentasse sobre esse texto se desejar, é claro.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Clarice Lispector



Quem nunca se encantou ou até chorou ao ler os poemas e pensamentos desta que é uma fábula da literatura brasileira. Eu particularmente tenho muito apreço aos emaranhados de palavras que já estão perto de completar um século... Mas, para você compreender um pouco, vamos voltar ao dia 10 de dezembro de 1920. Nesta data, há 89 anos, nasceu na cidade de Tchetchelnik, na Ucrânia, Haia Lispector. Você deve estar se perguntando quem é essa! Essa menina com nome difícil de pronunciar viria a se tornar uma das mais respeitadas poetisas. Clarice Lispector veio para o Brasil recém-nascida e sua família se estabeleceu em Maceió (AL) e depois no Recife (PE). Em 1935 mudou-se para o Rio de Janeiro. Por iniciativa de seu pai, à exceção de Tânia (irmã), todos mudam de nome: o pai passa a se chamar Pedro; a mãe, Marieta; Leia (irmã), Elisa; e Haia, em Clarice.

Após concluir o curso secundário, ingressou na Faculdade Nacional de Direito. Para manter-se, trabalhou como professora particular de Português e depois como jornalista. Sua estreia na literatura se deu com o romance Perto do Coração Selvagem, de 1944. Casou-se, em 1943, com o diplomata Maury Gurgel Valente, seu ex-colega de faculdade. O casal viveu fora do país, entre a Europa e os Estados Unidos, até 1959. Nesse ano, Clarice se separou do marido e voltou a morar no Rio com os filhos, Pedro e Paulo. Nos livros A Maçã no Escuro (1961), A Paixão Segundo G.H. (1964), Uma Aprendizagem ou o Livro dos Prazeres (1969) e A Hora da Estrela (1977) encontra-se seu estilo mais marcante, como o uso da metáfora insólita e uma narrativa intimista e psicológica. Morreu no Rio de Janeiro, em 9 de dezembro de 1977, um dia antes de completar 57 anos. Vale lembrar que quando surgiu com o livro Perto do Coração Selvagem, Clarice Lispector foi comparada a escritores como James Joyce e Virginia Woolf. Tinha 17 anos e revolucionava a literatura brasileira da época com um estilo narrativo próprio, usando um monólogo interior com metáforas. “Uma vida completa pode acabar numa identificação tão absoluta com o não-eu que não haverá mais um eu para morrer.”

O Consulado-Geral do Brasil em Córdoba - Argentina participou, em 2007, de homenagem, dos alunos do 6º ano do nível médio, à escritora Clarice Lispector. O fato mereceu destaque na página de divulgação de eventos culturais do Ministério das Relações Exteriores. Naquela cidade, encontram-se 47 escolas que ensinam a Língua Portuguesa e aspectos da cultura e literatura brasileira. O Consulado-Geral também conta com uma pequena biblioteca, que atende ao público interessado nesses assuntos, embora não haja ali nenhuma obra da citada escritora. No entanto, têm sido publicadas, nos últimos tempos, notas sobre a vida e a obra de Clarice Lispector na imprensa local. Leia esse que é um dos mais conhecidos:

“Não te amo mais.

Estarei mentindo dizendo que

Ainda te quero como sempre quis.

Tenho certeza que

Nada foi em vão.

Sinto dentro de mim que

Você não significa nada.

Não poderia dizer jamais que

Alimento um grande amor.

Sinto cada vez mais que

Já te esqueci!

E jamais usarei a frase

Eu te amo!

Sinto, mas tenho que dizer a verdade

É tarde demais...”

Agora leia de baixo para cima.


Paulo Arantes.