terça-feira, 15 de dezembro de 2009

$EPARAÇÕE$





Desde que foi instituído, em 1977, o índice de divórcios cresceu mais de 50% no Brasil. Este percentual ganharia ainda mais vitamina se fossem computadas as separações de casais que, mesmo tendo vivido em situação matrimonial, romperam depois de alguns pares de anos sem jamais terem pisado em um cartório. Os fatores que contribuíram para este fenômeno são muitos e de toda ordem. Mas, diante do vultoso número de ocorrências, se acontecesse de todos os casais de hoje adotarem o “até que a morte os separe” ou, pior, o “viveram felizes para sempre”, quebraria a economia nacional.

Sei que separação, mesmo quando consensual, é um negócio terrível. Cada qual sai juntando os cacos dos ideais quebrados ao despencar da prateleira elevadíssima das expectativas amorosas. O que me ocorreu agora, lendo uma despretensiosa e divertida reportagem de revista masculina, é que, além de dramáticas, as separações são geradoras de ótimos negócios. Os advogados sabem muito bem disso. Porém, a cadeia econômica que se beneficia do fato vai muito além das varas de família.

Instalada a crise em um casal de classe média, a primeira categoria que se inscreve para auferir lucros é a dos psicólogos. (Sim, sim: tem outra turma que ganha dinheiro antes ainda, quando o casal fica de mal. Mas essa não passa recibo.) Nos consultórios, cônjuges e filhos se preparam para o que está por vir, elaboram perdas, projetam convivências. Dependendo da taxa de êxito alcançada pelos psicólogos, os laboratórios virão a faturar com produtos diferentes: em um extremo, antidepressivos. No outro, preservativos.

Marcada a data, chega a vez do setor imobiliário entrar na roda: é preciso comprar ou alugar um apartamento novo; vender a casa para ser transformada em dois apartamentos; vender do apartamento para virar um carro e um JK, essas coisas. Empresa de mudança, arquitetos, pedreiros, pintores, eletricistas, encanadores e diaristas são os próximos a escutar o telefone tocar – isso quando a mudança não acontece para um apart-hotel.

Passada esta fase, está na hora das lojas e indústrias da chamada “linha branca” e moveleira tirar sua lasquinha: no kit básico está o fogão, geladeira, máquina de lavar roupa e louça; cama, mesa com cadeiras, armários e sofá. Mas não pára por aí: lençóis, toalhas, panelas, pratos, talheres, copos e – importante! – taças. Lustres, cortinas, tapetes... Nossa! Quanta coisa se precisa para uma nova casa!

Antes de voltar ao setor de serviços, vamos para os últimos objetos indispensáveis que me ocorrem: muita roupa nova, óculos mais modernos, sapatos, maquiagem, lingeries, cuecas com o elástico funcionando e tudo o mais que possa devolver um pouco de auto-estima. Ou, no mínimo, disfarçar o estado deplorável.

E, enfim, chegamos na gama de novos serviços. (Não, não falarei daqueles sugeridos no início, pois para eles não se passa recibo.) Academias de ginástica lucram na hora – com sorte, logo antecedidas do cardiologista. Cirurgiões plásticos, esteticistas, endocrinologistas – para uma dieta responsável –, garçons, motoristas de táxi, redes de motéis, agências de viagens e um sem-número de profissionais esperam com avidez pela dissolução matrimonial, de olho na mudança de comportamento do ex-cônjuge.

Não ouso afirmar que casais casados não se enfeitam, cuidam-se, namoram, viajam, renovam a casa ou precisam se tratar. Só acho que um divorciozinho dispara uma série de conseqüências que tendem a movimentar a economia. Daqui a pouco, vão culpar quem casou uma só vez pela queda no mercado de ações. Além de estar traumatizando as crianças.

Por Rubem Penz.

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3 comentários:

  1. é a verdade, mas graças ao divorciozinho livramo-nos dos malas, hehehehehe.

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  2. Desejo que neste Natal...

    Antes de você perceber Jesus nas luzinhas que piscam pela cidade, você O encontre primeiramente em seu coração.
    E, à frente de qualquer palavra que expresse seu desejo de um feliz Natal, O encontre em suas ações.

    Que você O encontre não só na alegria que sente ao sair das lojas com presentes para as pessoas que você ama, mas também na feição triste da criança abandonada nas ruas, na qual muitas vezes você esbarra apressadamente.

    Que você encontre Jesus no momento em que pegar nas mãozinhas delicadas de seu filho, lembrando-se das mãozinhas pedintes, quase sempre sujas de calçada, que só sabem o que significa rudeza.

    Que você O encontre no abraço de um amigo, lembrando-se dos tantos que só têm a solidão como companheira.

    Que você O encontre na feição do idoso da sua família, lembrando-se daqueles que tanto deram de si a alguém,
    e hoje são esquecidos até pela sociedade.

    Que você O encontre na lembrança suave e sempre viva
    daquela pessoa querida que já não está mais fisicamente ao seu lado, lembrando-se daqueles que já nem se recordam mais quem foram, enfraquecidos pelo vazio de suas vidas.

    Que você encontre Jesus na bênção de sua mesa farta
    e no aconchego de sua família, lembrando-se daqueles
    que mal alimentam-se do pão e sequer um lar têm.

    Que você O encontre não apenas no presente que troca,
    mas principalmente na vida que Ele lhe deu como presente.

    Que você lembre-se, então, de agradecer por ser uma pessoa privilegiada em meio a um mundo tão contraditório!

    Que você também encontre Jesus à meia- noite do dia 31 e sinta o mistério grandioso da vida, que renasce junto com cada ano.

    Então festeje...festeje o ano que acabou não apenas como dias que se passaram, e sim como mais um trecho percorrido na estrada da sua vida!

    Festeje a alegria que lhe extasiou e a dor que lhe fez crescer!

    Festeje pelo bem que foi capaz de fazer
    e pelo mal que foi capaz de superar!

    Festeje o prazer de cada conquista
    e o aprendizado de cada derrota!

    Festeje por estar aqui!
    Festeje a esperança no ano que se inicia, no amanhã!

    Festeje a vida!
    Abra os braços do coração para receber
    os sonhos e expectativas do ano novo.
    Rodopie...jogue fora o medo, sinta a vida!...

    Sonhe, busque, espere... ame e reame!
    Deixe sua alma voar alto...pegar carona com os fogos coloridos.
    Mentalize seus desejos mais íntimos e acredite: eles também chegarão ao céu.
    Irão se misturar às estrelas, irão penetrar no Universo
    e voltarão cheios de energia para tornarem-se reais.

    Basta você querer de verdade, ter fé e nunca, NUNCA desistir deles!
    E que seu ano seja, então, plenificado de bênçãos e realizações.

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  3. Caraca William!!

    Nunca tinha pensado nisso!! Mas claro, isso para divorciados de classe média!! Por que para os q não tem condições de aquecer a economia desse jeito, o jeito é aquecer o marmita do meio-dia para a janta no microondas ou aquecer ospés com o cobertor que sobrou no maleiro!!

    Isso num cenário light-dark!! kkkkk

    Abs!!

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