sábado, 28 de novembro de 2009

SOBRE A ORIGEM DO FILOSOFAR





Qual a origem do impulso para a filosofia ? Em nosso pensamento há algumas temáticas centrais , um núcleo de assuntos para o qual retornamos sempre que não somos forçados em outra direção. Esse ponto de retorno são idéias, projetos de pessoais , queixas , crenças , opiniões e reclamações . Temas , enfim , em que pensamos diariamente e que reconhecemos como o que nos é mais próprio .


Sempre que não temos atenção desviada concentramo-nos nesse conjunto de pensamento . No entanto, acontece algumas vezes de não termos nenhum assunto pensar . Em circunstância assim podemos nos sentir vazios e desorientado . Trata-se de uma espécie de angústia . Quando isso ocorre costumamos notar que nossos projetos de vida , nossas realizações , parecem sem sentido ou no mínimo não tão interessantes como até então achávamos .


No estado de angústia , nenhum projeto nos satisfaz completamente . Nada – nem religião , nem companhias , nem, filosofia , nem fama , nem dinheiro – pode evitar que passamos por isso ás vezes . Saber enfrentar esse dilema significa ter maturidade .O passo inicial para filosofar é, em vez de evitar esse estado, entrar nele para analisar a condição de nossa existência e procurar um sentido para a vida . Olhar para o mundo da perspectiva dessa angústia é a chave para entender e buscar uma existência autêntica . Quando faz isso o homem se descobre como ser jogado no mundo , que não escolheu nascer , sabe de sua morte e se pergunta o que vai fazer da vida .


O tédio é o grande responsável por chegarmos á angustia . É por isso que a maioria costuma evitá-los . Na minha opinião , é dele que surge a filosofia . Á medida que somos levados por ele até o estado de angústia , que sentimos uma certa inadequação com o mundo e começamos e achar que o modo como as coisas são , ou como os pais e a sociedade nos dizem que são , não cheira bem . Com ele passamos a achar os senso comum simplório demais, a levar a sério os juízos que emitimos sobre as coisas , a estar atento á realidade .


Chamo de atenção esse olhar desconfiado que lançamos sobre as coisas – um olhar pessimista , talvez - , essa duvida que nos a ver dois lados da moeda . Costumo vê-la como uma busca pela verdade das coisas , mas talvez eu seja cético demais para falar em algo do tipo “ verdades das coisas “ (como se pudesse acreditar um “é assim”) . Diria , então para evitar a palavra verdade , que busco um aprofundamento maior comas coisas do que muitas pessoas . A superfície dificilmente me satisfaz .
Suponhamos , por exemplos , que a vida seja um jogo . Nela existem basicamente três tipos de jogadores : o que joga para ganhar, o que joga para não perder e o que joga para mudar o jogo. Os dois primeiros tem no jogo o seu universo, a sua realidade, o deu mundo, já o terceiro não o assumo totalmente – está certo do modo acima dele. O seu mundo é maior de alguma forma.


Esse terceiro tipo não aceita a realidade, o mundo do jogo (ou os juízos comuns sobre a realidade), Talvez porque jogue muito sério... Sou um terceiro tipo de jogador, mas sempre admirei aqueles que, além de grandes intelectuais, são homens de ação. Descontente com a realidade, o terceiro jogador ilustra bem esse tipo de pessoa. Ele quer se aprofundar no conhecimento das coisas para ter condições de mudá-las quando necessário. Esse aprofundamento , seja no esporte, nas artes, na política, nas ciências ou na filosofia, normalmente fornece um sentido para a vida. Quem nunca se envolveu com alguma atividade, mergulhando de cabeça nela a ponte de achar que quem não pode desenvolvê-la nunca foi feliz?


O filósofo acha que todo mundo deve fazer filosofia, o cientista, que todos devem devem ser cientistas, o artista, que todos devem ampliar sua sensibilidade e expressão. Em algum deles existe esse aprofundamento em relação às coisas. Muito mais do que um compreender puramente intelectual, essa atitude consiste em abrir-se para as coisas. Ao agir assim, com essa atenção viva, evitando o pré-conceito, acontece de às vezes sermos subjugados pela beleza ou complexidade de uma coisa ou alguém. Já me senti assim, contemplando certas paisagens, falando com certas pessoas. Talvez a causa da angústia resida no fundo em não podermos eternizar um momento. Essa experiência de profundidade parece ser mais real do que o resto da realidade. Fazer filosofia significa desenvolver esse impulso dialogando com a tradição filosófica.
fonte:e-mail do leitor Rodrigo de Oliveira. (Acadêmico do curso de Filosofia)


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5 comentários:

  1. OLá,

    Nossa, muito bacana, gostei muito do Post, realmente todos nos sentimos angustiados e nada nos satisfaz em alguns momentos da vida, é muito difícel lidar com isto.

    Abraços;

    Lauro Daniel

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  2. William.

    O texto é muito bom.

    Filosofar é o ato de saber se comunicar com amor, e saber discutir sobre todos os assuntos.

    Bjs.

    Rosana.

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  3. concordo com a frase da Rosana.
    filosofar é saber ponderar e discutir todos os assuntos, E saber comunicar com amor.

    abçs

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  4. Que bacana você postar meu texto Willian. Nos conhecemos? É um texto que publiquei no jornal O Nacional, de Passo Fundo. Essa é uma versão menos pessoal. Para a versão original acessem:

    http://saiffyros.wordpress.com/

    ou

    http://pucrs.academia.edu/RodrigoOliveira/Papers/123812/Sobre-a-Origem-do-Filosofar

    Forte abraço

    Rodrigo

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  5. E ai meu amigo tudo certinho? Bom vc passou o endereço do seu blog na sala d bate papo e como não podia ser diferente aqui estou eu lhe deixando um breve recado apos ler esse maravilhoso Artigo, pena q mesmo com a velocidade das informações hoje, ainda temos uma carência em disseminar conhecimento por falta do próprio conhecimento ou ma vontade por parte das pessoas em querer entrar em um terreno tão enigmático, eu como todo admirador da filosofia seja ela de origem contemporânea ou não, costumo sempre pensar.
    (Dizer que a vida é simples é um grande erro, o que podemos e olhar para ela com simplicidade...) um grande abç

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