segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Prevenção ao uso de drogas



Alguns fatores familiares, individuais e da própria droga

Ainda que as estatísticas digam que a maioria dos jovens acaba não ultrapassando a experimentação, o uso de drogas (ilícitas) na adolescência é o assunto que mais inquieta e preocupa famílias de todas as classes sociais. A mídia vem retratando a problemática das consequências do uso abusivo de drogas com muita intensidade nos últimos meses. Além das drogas ilícitas (como o crack, por exemplo), vem à tona a discussão sobre os danos referentes ao abuso de uma droga muito comum no nosso cotidiano: o álcool.

Mas afinal, o que é uma droga? Segundo a Organização Mundial de Saúde é qualquer substância que, não sendo produzida pelo organismo, tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento (atrevo-me a dizer deveria incluir não só substâncias, mas pessoas e atividades também). A partir dessa conceituação, fica fácil compreendermos o uso abusivo como denúncia, ou seja, um sintoma que denota a necessidade de criar realidade alternativa.

As drogas acompanham a história da humanidade. Certamente não deixarão de existir. Ninguém pode pensar que é imune e ignorar isso. Em diferentes graus somos todos vulneráveis a elas. Como conviver com esse fato? Para que não soframos tanto com as consequências do uso abusivo e/ou indevido um ditado popular nos diz: "é melhor prevenir do que remediar".

Prevenção: conforme o próprio nome já revela, refere-se a antecipar determinado acontecimento de modo a evitar sua efetivação. Estando conscientes que iremos conviver com as drogas, devemos pensar estratégias preventivas visando reduzir riscos e danos. Para tanto é imprescindível minimizar os fatores de risco, que são as circunstâncias sociais ou características da pessoa que a tornam mais vulnerável a assumir comportamentos arriscados.

Entre os fatores de risco encontramos, entre outros, os familiares, do próprio indivíduo e os relacionados à droga: pais fazem uso abusivo de drogas, pais que sofrem com doenças mentais, pais excessivamente autoritários ou muito exigentes e famílias que mantém uma "cultura aditiva", ou seja, é a forma de viver em que resoluções são dadas como forma de impedir a reflexão. Indivíduos inseguros, insatisfeitos com a vida, com sintomas depressivos, curiosos e buscam prazer. A disponibilidade para compra, propaganda que incentiva e mostra apenas o prazer que a droga causa prazer intenso que leva o indivíduo a querer repetir o uso, são fatores de risco que se relacionam a própria droga.

Por outro lado, também é uma tarefa indispensável, potencializar os fatores de proteção, ou seja, o fator que contrabalançam as vulnerabilidades, fazendo com que a pessoa tenha menos chance de assumir esse comportamento. Como fatores de proteção familiares, do próprio indivíduo e os relacionados à droga podemos listar: pais que acompanham as atividades dos filhos, estabelecimentos de regras de conduta claras, envolvimento afetivo com a vida dos adultos, respeito aos ritos familiares e estabelecimento claro da hierarquia familiar. Assim como indivíduos com habilidades sociais desenvolvidas, de cooperação e resolução de problemas, que tenham vínculos positivos com pessoas, instituições e valores, autonomia e autoestima desenvolvidas e que tenham informações contextualizadas sobre efeitos e regras e controle para consumo adequado.

Considerando que o conteúdo deste texto foi tecido a partir de fragmentos de publicações da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e de anos de experiência acadêmica e clínica nessa temática tão complexa, é coerente dizer que é impossível prescrever qualquer "receita de prevenção instantânea". Cada família e cada um dos indivíduos que a compõe, têm um "paladar" que vai demandar diferentes quantidades dos "ingredientes" listados acima, assim como a inclusão de outros não descritos aqui. O importante é que estejam disponíveis a construí-la.


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3 comentários:

  1. Parabéns Willian!!
    O assunto drogas é extremamente grave.
    Vive-se uma realidade assustadora. O país não tem, na verdade, capacidade e aparelhagem técnica e estrutural para lidar com essa problemática.
    Preocupa-me demais a questão da discussão sobre a descriminalização da maconha. Em um país que vive uma epidemia de crack, como é possível discutir descriminalização de droga?
    Enfim, há muito a se discutir e melhorar.

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  2. William, ótimo o seu texto. Nossa, tenho dois filhos, que moram em outra cidade para estudarem...converso muito, falo claro sempre, esclareço que verão amigos usando...tento falar, sem ser muito exigente, deixando claro as consequencias à vida, à saúde, ao futuro...

    Mesmo assim, sei que preciso ficar alerta e rezar.

    Abraço e que bom que deixou esse texto aqui.

    Lena

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  3. As drogas são quase tão antigas quanto a humanidade, inclusive a maioria dos remédios são "drogas" pois atuam e interferem no funcionamento do corpo, porém, a questão das drogas que viciam, que passam a ser recorrentes, causam dependencias e acabam prejudicando e atrapalhando a convivencia familiar e social .... e olha que tem muitas ... licitas e "ilicitas" ...

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