domingo, 20 de setembro de 2009

Sobre o humanismo...Como interpretar lições da vida.

Enquanto lia as passagens do Evangelho Segundo o Espiritismo, obra codificada por Allan Kardec em 1857, fiquei pensativo. As mensagens ali contidas, na verdade, foram escritas há mais de dois mil anos. São palavras de ordem, de incentivo a procedimentos ético-morais extremamente simples como ser bondoso, caridoso, honesto, humano, solidário, fraterno, dócil, respeitoso, enfim. Palavras que calavam fundo e exigia do seguidor uma profundidade de caráter porque se vivia em tempos difíceis. As pessoas morriam jovens, havia muitas doenças, muitas guerras, condições insalubres de vida, conforto zero para a maioria dos humanos. Sobrevivia-se e nessa sobrevivência, à época de Talião, ser honesto e caridoso exigia superação dos limites e crença num mundo melhor, o mundo dos céus, o mundo de Deus. Para alcançá-lo necessitava-se de fé e ações.

A humanidade proporcionou o progresso nestes dois últimos milênios, principalmente nos últimos dois séculos. A luz, a água canalizada, o controle das doenças, a tecnologia, a ciência tudo explicando ou tentando explicar e aí está o homem do agora. Deveria ser e estar feliz, deveria ser pleno, espiritual, profundo, em comunhão com planeta mãe. Deveria regozijar-se com seus semelhantes e exercer as palavras do Evangelho, exercer o verbo, ser fonte de luz e inspiração.

Houve crescimento material e decrescimento espiritual a tal ponto que ser honesto, caridoso e fraterno virou bandeira para pessoas que se pretendem políticos. Há a necessidade da exposição midiática ao menor ato de solidariedade concedido. Há até desconfiança se surpreendemos alguém fazendo atos nobres e cada vez mais raros. Pensamos: aí, tem! Esse cara está querendo algo, ele não me engana!

Somos facilmente irascíveis, instintivos. Somos inteligentes e superficiais porque autossuficientes. Pelo menos até o momento em que decaímos por doenças ou falta de dinheiro. Aí sobrevém a fé. Neste momento andar com fé eu vou, que a fé não costuma falhar.

Aí lembrei-me de Edi Isaias,(in memoriam) meu professor, velho guia espiritual, presente nas minhas melhores decisões e cem por cento das reflexões. Humanista porque acredita firmemente na figura do homem como mola propulsora para o equilíbrio completo do ambiente. Mas, enfático ao insistir na eterna busca do profundo como desiderato do homem secular. Disse-me tantas vezes que não há caminho para o equilíbrio sem as sandálias da fé.
Em uma aula, após ouvir pacientemente minhas considerações sobre a inexistência de Deus, ele me fulminou com o que segue e que nunca mais me abandonou.

Disse-me: o professor Edi, o Criador deu ao animal o instinto. Deu ao homem a inteligência e deu ao ser superior a fé. Professor Edi, você foi um cara muito inteligente e nada mais do que isso. Um dia, talvez ,lá em cima, venha a ser superior e, aí, poderá ajudar a promover um mundo melhor, muito melhor do que o deixou.

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Um comentário:

  1. Pois é , há 2.000 anos alguém deu a senha, ninguém entendeu (ou poucos entenderam)e precisou que na idade das luzes (final da inquisição e prolongamento do Iluminismo) isto fosse reafirmado.

    Abraço

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