segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Lições de (não) violência


Lição I- violar o território
A segurança do outro está em seu território. Desperte nele o medo em seu próprio lar, até mesmo em seu quarto. Amarre-o na sala e o amordace. O outro saberá, em sua casa se prepara o cadafalso. O território é tão importante que muitos animais o demarcam. Matam qualquer indivíduo da mesma ou de outra espécie que intente avançar sobre ele. Matamos por terra, casa, cargos, dinheiro.

Respeitar o território é precaução de paz. Violá-lo é vestíbulo de guerras.
O domínio econômico, talvez, seja o mais sutil. É quase imperceptível. Endividar alguém é uma forma de ser dono. Quando mister, pode-se chantagear o devedor. Quanto maior a dívida, maior será o poder sobre o mundo do outro. E essa dívida, na maioria das vezes, não se quantifica em moeda. Laços afetivos podem ser feitos com nós de aço a um alto preço.

Lição II- violar o corpo
Depois do espaço externo, somos o corpo. Se estamos bem de saúde, dizemos, o resto é desimportante. Para dominar o outro, é necessário mostrar a fragilidade da carne. Domina-se ferindo, infectando, mutilando, violando.
Ameaçado no território externo, agora o molusco se debilita em seu caramujo. Como somos corpo, o que faremos sem ele? Onde guardaremos a vida sem o seu frasco?
O que não faríamos para aliviar os males do corpo? Por que as nações desenvolvidas não repartem o conhecimento em favor de todos os homens?

Lição III- violar a mente
Nada mais poderoso do que fazer o outro demonstrar-nos temor. Inseguro em seu território, inseguro em seu corpo, agora o medo assola sua alma. Temos uma mosca ferida sobre a mesa. O terror do espírito é o mais prepotente. Dominar a racionalidade é o último nível da apropriação. Faça o outro sentir pânico, que tudo lhe assuste, que todos o amedrontem. Deixe-o totalmente inquieto, desesperado, paranóico.
Nações do mundo, esquerda ou direita, vendem ideologia e com ela dominam mentes e corações. Música, cinema, livros... O domínio do espírito é a maior escravidão possível. Quando o outro percebe, está pensando como eu quero. Tarde demais. O outro acaba sendo o mesmo. As diferenças se anulam. O tu é igual ao eu. O círculo se fecha sobre si mesmo, finda o caminho.

***
Opção B
Respeite o território. Pergunte ao outro se você pode intercambiar riquezas. Permita-lhe colher maçãs na macieira que você plantou, ele permitirá que colha uvas nas vinhas que ele cuida. Na fronteira nascerão ervas aromáticas e temperos, ambos poderão colhê-los sem passaportes.
Respeite o corpo. Você pode acariciar a pele, dar um abraço, um beijo. O corpo do outro é sensível, mas sagrado. Ah, ajude-o também a curar as feridas! Poderá aplicar-lhe um curativo onde as mãos dele não alcançam. O outro fará o mesmo com você. Dando-lhe prazer ou curando sua dor, respeitarás o corpo.

Respeite a mente. Cada cabeça, uma sentença. Aprenda a ouvir sem impor suas idéias. Faça o outro sentir-se seguro, amado, livre. Diga-lhe que você estará sempre perto "por se algo precisar". O outro, em seu mundo, é o único senhor. Se alguém estranho invadir as terras de teu irmão, vá e o defenda. Para isso servem os amigos.
Pequenas e grandes violências são essencialmente iguais. Para quem é feito de carne e alma, tudo é aprendizagem. Igualdade e diferença são sinais da mesma equação da vida. Contemplar o outro em sua liberdade, respeitá-lo em seu espaço, admirar seu ser distinto. São apenas algumas formas de ser humano. Abaixo toda forma de violência!

Se você leu e gostou, comente aqui e no diHitt. Abração para todos.



3 comentários:

  1. Vivemos em um mundo de diferenças que devem ser tratadas com igualdade, pois esta diferença é a única coisa que permite o nexo da igualdade entre os indivíduos.
    Abraços forte

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  2. Enquanto não houver igualdade fica difícil, concordo com o Principe.

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  3. Precisamos de mais jovens como você. Com sua opnião, ética e visão prática das coisas ao seu redor. Parabéns!!!

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