segunda-feira, 17 de agosto de 2009

palavras são palavras, nada mais que palavras...

Começo lembrando Valfrido Canavieira (leia-se Chico Anysio), fictício prefeito de uma cidade nordestina e diretor da Irvaca (Indústrias Reunidas Valfrido Canavieira) pronunciava-se dizendo que palavras são palavras, nada mais que palavras.

Não há como não concordar. Porém, está faltando a todos ou, a quase todos nós, empregarmos as palavras que definam exatamente o que queremos dizer.

O sujeito estava zangado e sentindo-se humilhado porque seu patrão dissera: você é a pessoa mais ordinária que eu conheço. Por que humilhado? Isso é puro elogio. Pessoa ordinária, organizada, ordeira, seguindo padrões de comportamento, regrada, enfim. Puro elogio.

Outro exemplo vem da vizinha que lamentava que existem poucas pessoas caridosas atualmente. Pois, eu não lamento. Acho que caridade cheira à esmola. Caridade é quando a gente junta roupas velhas, mofadas, cheirando a guardadas e se desfaz, doando, assim, por caridade, para um semelhante. É o livro que me atrapalha, é o utensílio que jogaria fora. Então, por caridade, desvencilho-me do traste e o dou e me auto-elogio. Sinto-me mal ao ver velhinhos e velhinhas conduzindo aqueles pães de plástico com migalhas dos níqueis que sobraram das compras do supermercado e entendendo que dando aquilo, tão pouco, estão sendo solidários. Sempre me pergunto: será que isso é tudo o que se poderia oferecer? Será que somente posso ser caridoso? Será que esta ação é o melhor que posso oferecer? Por que não posso ser fraterno, humanitário ofertando algo realmente digno de ser comentado. Por que dar tão pouco?
O governo vez em quando lança uma campanha para que a gente dê dinheiro para ajudar crianças carentes. Sou contra. Visceralmente contra. A maioria das crianças carentes que eu conheço é filha de pais ricos. O dinheiro não supre a carência dessas crianças. Agora, se for arrecadar dinheiro para ajudar as crianças pobres eu sou a favor.

Havia um candidato a vereador que discursava que lutaria pelas minorias de minha cidade. Ou seja, lutaria pelos ricos (minoria).

E, finalmente, comenta-se em todos os jornais a mediocridade dos políticos do Congresso Nacional. Mediocridade? Mediocridade vem de meio, meio bom-meio ruim. Será que não há um termo que retrate exatamente o que pensamos deles?

Mas, as palavras estão aí e não temos mais o saudoso Hélio Gonçalves Dias para iluminar os desassistidos da linguagem.

E não é de hoje que maltratamos a língua pátria. Analisando o texto da última Constituição de, um professor de português, assim se manifestou, "não gostei, só por alto, descobri 35 atentados ao vernáculo, à sintaxe, à concordância e ao léxico".

Mas quem se importa com estas coisas? Pelo visto gostamos do palavreado e estamos nos lixando se ele representa o que, realmente o interlocutor quer dizer.

Então. O sujeito ordinário, nada medíocre negou caridade às crianças carentes. A estas ele deu fraternidade e ouvidos. Às crianças pobres ofertou ajuda financeira para saciar a fome e, após, suporte para que crescessem em todos os sentidos e pudessem compreender o verdadeiro significado da expressão - ser humano.

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5 comentários:

  1. Caramba, dá até medo comentar e escrever alguma palavra inadequada, mas mesmo assim vou arriscar.
    Seu texto me fez refletir sobre certas atitudes que tomamos apenas por desencargo de consciência, pois nada fizemos para melhorar efetivamente a vida de quem necessita de alguma forma de ajuda.

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  2. Palavras realmente é tudo.mais nem sempre o que quero dizer. É o que o outro entende....

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  3. Palavras realmente é tudo.mais nem sempre o que quero dizer. É o que o outro entende....

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  4. Palavras são importantes a partir do momento que transmitem alguma informação. Seja ela rica em regras gramaticais ou não. Acho wue o fudamental está na mensagem do Valfrido Canavieoras. Palavras sem atitudrs são palavras. Nada mais do qie Palavras.

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